21.

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Quando ele acordou, ela já havia saído do quarto. Conseguia ouvir o murmúrio de conversa vindo de fora, e apressou-se em levantar e se arrumar para o dia.

A família toda estava reunida na cozinha, com exceção do pai de Mavi. Tomavam café e conversavam, todos com sorrisos nos rostos.

A cozinha era pequena demais, e por isso a morena estava em pé, apoiada no fogão, com Luiza, Júlia e Clara (ela havia dormido ali ou chegado de manhã? Céus, ele não fazia ideia) ao seu lado. Dona Maria, seu marido, Beatriz e a mãe das garotas estavam sentadas à mesa. Ao verem Rafael, Bia foi rápida em levantar da cadeira e dar espaço à visita. Meio sem graça, o loiro se sentou. Um silêncio momentâneo tomou a mesa enquanto Dona Maria enchia o prato do garoto.

- Você é um menino em crescimento! - ela afirmou quando ele tentou pará-la gentilmente, fazendo com que Vitória e suas irmãs segurassem o riso. - Além disso, o namorado da minha netinha não pode passar fome!

Ele arregalou os olhos azuis, e ela, perto do fogão, engasgou com o café que tomava. Todos os outros presentes trocaram olhares, mas ninguém disse nada. Júlia, Luiza e Beatriz abriram enormes sorrisos maldosos enquanto Clara segurava o riso, e Rafael pôde ver o desespero se instalar em Maria Vitória.

- Eu vou sair com o Rafael hoje! - ela exclamou, querendo urgentemente mudar de assunto enquanto o loiro começava a comer. - A Clara vai junto.

- Onde vocês vão? - Maju foi rápida em perguntar, fingindo inocência.

Ele acabou sorrindo, observando enquanto sua vizinha olhava de um lado pro outro, daquela maneira que fazia quando tentando pensar em uma boa mentira.

- Pra pracinha - Clara respondeu com um sorriso, e piscou na direção de sua prima quando a mesma lhe lançou um olhar aliviado.

Não muito tempo depois, os três jovens estavam sentados num banco qualquer da praça próxima à casa dos Souza. Permaneciam em um silêncio confortável e calmo, até o momento em que uma criança passou correndo em frente à eles, e Vitória comentou, achando graça:

- Clara, lembra quando eu quebrei o braço correndo nessa praça?

A ruiva soltou um risinho.

- Vivi, você quebrou várias partes do corpo correndo nessa praça.

Rafael observou a interação com um sorriso. A morena virou-se para encará-lo.

- Eu vinha aqui toda tarde quando eu era menor. Inclusive - os olhos dela voaram para o pequeno lago ali perto, e o loiro acompanhou o seu olhar. - Um amigo meu adorava me dizer que tinha um monstro nesse laguinho, e eu morria de medo de chegar perto.

Clara não conseguiu segurar uma gargalhada.

- Eu te empurrei lá uma vez porque aquela nossa vizinha, a japonesa, disse que eu não teria coragem, lembra? Mano, saudades.

A conversa continuou enquanto as duas garotas contavam sobre suas infâncias em Presidente Prudente para o garoto de olhos azuis, que ouvia tudo com grande atenção, sentindo o peito aquecer toda vez que Maria Vitória dava risada.

Um pensamento um tanto quanto novo surgiu em sua mente no momento em que ela lhe lançou uma piscada e ele sentiu a respiração faltar.

Puta que pariu, xingou mentalmente. Puta merda. Eu não mereço essas palhaçada, sério mesmo.

elevador • [r.l.]Onde histórias criam vida. Descubra agora