8.

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Ele esperou pacientemente no corredor enquanto ela se secava e trocava de roupa, e então os dois dirigiram-se ao apartamento dele, onde dividiram um sanduíche.

Maria Vitória caiu no sono segundos após sentar-se no sofá para fazer carinho em Eredin enquanto Rafael lavava as louças. Ele, porém, percebeu apenas minutos depois, quando chamou pelo nome dela e não recebeu uma resposta. Ao vê-la ali, praticamente desmaiada de cansaço, sentiu um forte aperto no coração.

Não sabia exatamente o que estava acontecendo na vida de Mavi, mas sabia que ela precisava de um descanso urgentemente.

De vez em quando, sentia vontade de perguntar mais sobre ela, e, vez por outra, o fazia, mas já aprendera que Vitória não era do tipo que gosta de falar sobre si. Tinha a impressão, porém, de que a mesma guardava muito as coisas, e isso, muitas vezes, não era saudável — como naquele momento, no qual observava uma morena completamente exausta dormindo em seu sofá.

Preocupava-se com ela, bastante. Tinha certeza de que se apegara rápido demais, mas, bom, não fazia diferença se arrepender por isso agora.

Apesar de acreditar que carregá-la até o apartamento da frente fosse um ato muito nobre, Rafael tinha plena consciência de que não conseguiria fazê-lo — provavelmente a derrubaria em algum momento e, por isso mesmo, decidiu por acordá-la. Aproximou-se devagar e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha da garota antes de cutucá-la com cuidado. Riu baixinho ao ouví-la resmungar.

— Ei, Mavi, acorda — praticamente sussurrou, ainda a cutucando.

Rafael sentiu o coração parar no peito no momento em que ela abriu os olhos, sonolenta, e o encarou. Os olhos dela eram penetrantes e, tão, tão bonitos. Naquele momento, parou para observá-los pela primeira vez, sentindo todo seu corpo tremer — os olhos dela não eram castanhos, como pensara até então, e sim verdes, tão escuros que se confundiam facilmente com outra cor, porém, ainda sim, verdes e, por Deus, tão lindos.

Com a garganta seca, viu-a piscar uma, duas, três vezes antes de começar a se espreguiçar.

— Bom dia — ela murmurou, cansada, fazendo-o rir uma risada rouca.

Ele levantou-se rapidamente, pigarreando, extremamente nervoso e sem fazer a mínima ideia do porquê.

— Eu acho melhor eu voltar pro meu apartamento — ela comentou, coçando os olhos. Levantou-se finalmente, fazendo um último carinho atrás da orelha de Eredin. — Até amanhã, Rafael, e, de novo, muito obrigada.

Ela lançou-lhe um sorriso de parar o trânsito antes de acenar com uma das mãos e sair pela porta, deixando-o paralisado no meio da sala de estar, sem conseguir soltar uma palavra sequer, e nem ao menos sabia explicar o motivo.

Rafael respirou fundo, jogando-se no sofá onde antes ela se encontrava. Seu cachorro veio sentar-se ao seu lado, feliz. Suspirou.

— Meu Deus, Eredin, o que é que essa menina 'tá fazendo com a minha vida?

elevador • [r.l.]Onde histórias criam vida. Descubra agora