28.

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Ele bateu na porta algumas vezes, mas a única resposta que teve foi um suave "entra" que com certeza não teria ouvido se não estivesse prestando atenção.

A porta estava trancada, então Rafael pegou a chave que ficava escondida no vaso de planta ali perto (que por sinal, estava se tornando praticamente sua chave) e entrou. Estava tudo escuro, mas ele podia ver a luz que vinha do quarto dela, lá do outro lado do apartamento. Deixou o pote de sopa que trazia consigo dentro do microondas e foi atrás dela.

— Mavi?

A morena estava escondida debaixo dos cobertores, com apenas a cabeça à mostra. Por um breve momento, Rafael hesitou: ela não parecia doente, apesar do rosto vermelho e dos olhos inchados.

Aproximou-se devagar, sentando na beirada da cama e encostando as costas da mão à sua testa.

— Você não 'tá com febre, eu acho — ele resmungou, encarando-a de sobrancelhas franzidas, enquanto a menina olhava para tudo, menos para ele. — O que você acha que você tem?

— Não sei — ela respondeu, com a voz meio rouca. — Um pouco de descanso vai ser suficiente. Você devia ir pra casa, você não pode perder o filme.

Rafael revirou os olhos, sorrindo de canto.

— Mavi, eu não faço questão de ver o filme na estreia. Você é minha amiga e eu quero ajudar. Eu deixei a sua sopa na cozinha. Quer comer agora?

Ela suspirou em derrota, concordando, e se levantou. Os dois foram juntos para o outro cômodo, conversando em voz baixa, como se estivessem se escondendo de alguém.

Mavi tomou a sopa em silêncio. Parecia perdida em pensamentos, e Rafael sentia sua pele formigar em nervosismo.

— Vitória, aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, preocupado, e ela pareceu voltar ao mundo real. Ele pôde ver o desespero que cruzou os olhos escuros da morena antes que ela perguntasse de volta, com a voz aguda:

— Que horas são?

Ele sabia que ela queria distraí-lo, mas não questionou. Ao perceber que deixara o celular no quarto dela, pediu licença e foi procurá-lo.

Seu celular estava logo ao lado do dela, na cômoda. Pegou-o e estava prestes a virar-se e ir embora quando a tela da garota brilhou. Não planejava invadir a privacidade da vizinha, mas seus olhos trabalharam antes de sua mente e então as palavras já estavam gravadas em sua memória:

giulia g
feliz aniversário, gata! espero que você esteja se divertindo aí em são paulo. quando você vem me ver em presidente? to com sdds da minha amiga de festinhas 23:34

Paralisou, surpreso. Piscou algumas vezes, sem reação. Ouviu a voz de Mavi vindo da cozinha.

Rafael? Tudo bem aí?

Ele piscou uma última vez antes de voltar para onde ela estava, com uma pergunta inocente na ponta da língua, que fez com que a menina parasse todos seus movimentos assim que a ouvisse:

— É seu aniversário?

elevador • [r.l.]Onde histórias criam vida. Descubra agora