26.

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Ela sentiu o coração brilhar no momento em que viu o nome na tela do celular, que tocava repetidamente. Atendeu-o com um sorriso.

— Alô? Oi, mãe!

Tinha que terminar de se arrumar para o trabalho, mas estava tão animada que não conseguia mais pensar em trabalho.

Oi, Vitória. Viu, você sabe onde está aquele vestido azul da sua avó? Ela não para de gritar procurando o tal vestido e eu não faço a mínima ideia de onde está.

A morena murchou, mas a esperança ainda lutava dentro de si.

— Não 'tá no armário dela, no canto esquerdo? É onde costumava ficar. Por que ela quer o vestido? Tem alguma coisa importante hoje?

Que eu saiba, hoje não tem nada. Sua avó tem umas loucuras assim de vez em quando. Muito obrigada, Vivi, até logo, amo você.

Ela engoliu em seco, os últimos filetes de excitação desaparecendo.

— Até, mãe. Também te amo.

E então o som vazio da chamada desligada. Sentou-se na beirada da cama, segurando-se para não chorar.

Por um momento, pensara que ela lembraria.

Agora, a felicidade com todas as mensagens e com os pouco presentes que chegaram do correio durante a semana e que só abrira no dia correto parecia se esvair.

Não era por mal, dizia a si mesma. Tanto sua mãe quanto seu pai tinham muitas outras preocupações.

Eles nunca se esquecem dos aniversários das suas irmãs, uma voz sussurrou em seu ouvido, mas ela foi rápida em levantar-se e continuar a se arrumar.

Não se importava com aquilo. Não se importava com aquilo. Não fazia mal. Não era por mal. Não se importava com aquilo.

Mas, droga, se não se importava, por que é que doía tanto?

elevador • [r.l.]Onde histórias criam vida. Descubra agora