11.

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Tirou a panela de arroz queimado de cima do fogão com raiva expressa em cada movimento, irritada demais para parar quieta.

Céus, quem Rafael pensava que era?

Colocou alguns fios de cabelo para trás da orelha, sua mente funcionado a quinhentos quilômetros por hora, vagando entre sermões e xingamentos. Encarando a panela, sentiu vontade de gritar.

Porém, escolheu apenas pegar o celular da bolsa e ligar para um dos primeiros números na sua lista de contatos.

Alô? Vivi?

Respirou fundo ao ouvir a voz de sua prima, encostando-se na bancada da cozinha.

— Oi, Clara, sou eu.

Oi! Como você 'tá? Eu sei que a gente conversou essa semana, mas eu já 'tava ficando com saudades! — quase podia ouvir o sorriso em suas palavras, o que, normalmente, lhe faria sorrir também, mas estava estressada demais para tal, o que Clara não demorou para notar. — Ei, você 'tá bem? O que aconteceu? Tem alguma coisa a ver com o vizinho, o Rafael? — ao ouvir o suspiro do outro lado da linha, a ruiva rapidamente entendeu. — Certo, então foi o Rafael. O que ele fez?

Mavi explicou rapidamente a situação, e a outra ouviu com extremo foco. Quando parou de falar, a morena pôde ouví-la hesitar por um segundo antes de começar a falar:

Vivi, com todo o respeito, eu não acho que ele estivesse tentando te controlar, eu acho que ele só estava preocupado contigo e com a sua saúde. Ele não...

— Clara, eu realmente não quero discutir o meu livre arbítrio com você — tentou interromper, mas ela continuou:

... Fez nada de errado, e eu inclusive fico feliz por você ter encontrado um amigo que se importa tanto com você. Eu sei que você tem dificuldades com relacionamentos, mas...

— Clara, não! — desta vez, sua interrupção teve sucesso. — Eu e o Rafael nem somos amigos, somos colegas, no máximo, e ele não tem direito de opinar na minha vida e nas minhas decisões — hesitou por um segundo antes de prosseguir. — Na verdade, eu não quero mais pensar sobre isso. Uns amigos meus da faculdade vão dar uma festa, e eu acho que vou passar por lá. Eu preciso relaxar um pouco.

Vivi, você tem certeza de que essa é uma boa ideia? Você 'tá alterada e chateada agora, não é melhor você esperar esses sentimentos passarem?

— Ah, eu nem sei — Vitória suspirou. — Eu só sei que, nas últimas semanas, ou eu estive na faculdade, ou no trabalho, ou em casa, ou na casa do Rafael, e eu realmente apreciaria novos ares. Eu prometo não beber!

Foi a vez de Clara de suspirar.

É bom você cumprir essa promessa — ela resmungou. — Mas, de qualquer maneira, eu entendo. Só tente não fazer nada de que se arrependa depois.

— Sim, senhora.

Mavi ouviu-a rir, e sorriu.

Muito bom. Se precisar de qualquer coisa, me liga, que eu dou um jeito de ajudar.

— Pode deixar. Muito obrigada, amo você, e 'tô com saudades.

Também te amo e tô com saudades, priminha. E, ei, vai ficar tudo bem.

Suspirou.

— Espero.

elevador • [r.l.]Onde histórias criam vida. Descubra agora