Metade da Lua - [ CONCLUÍDA ]

Capitulo Especial - Uchiha Itachi

— Preciso controlar meus batimentos, ou então terei problemas. — Respirava e inspirava infinitas vezes antes de me retirar do carro.

O evento que ligava o mundo artístico com a empresa da minha família era algo que precisava de atenção e cautela ... muita cautela. Mas essa não era a minha maior preocupação. Já fazia dias em que eu ensaiava em frente ao espelho para esse grande momento. Eu não havia dito nada a Sakura, pois não queria que se preocupasse com algo tão insignificante, mas acho que deveria ter dito. Talvez eu não tenha forças os suficiente para impedir algum vacilo da minha parte.

Eu já devia ter superado, mas o que fazemos quando percebemos que estamos tão vulneráveis ao assunto?

Ajeitei minha gravata sobre o espelho retrovisor, olhando o reflexo dos meus olhos por um curto tempo. De repente, me senti um adolescente completamente imaturo.

— Tudo bem. Você é um Uchiha ... você consegue. — Desliguei a luz de teto, remexendo o porta luvas do carro. — Vai ser só um jantar e você vai se dar bem. Não há nada do qual você não consiga resolver. Eu acredito em você e sei que é uma pessoa confiável. Não vamos vacilar hoje, tá okay?

Peguei a carteira, abrindo a porta do carro logo em seguida. As luzes da mansão de negócios estavam absurdamente claras. Muitas câmeras apontadas para a entrada e eu não via a hora de me esconder dentro de um quarto de hotel e fugir dos paparazzis. O carro dos patrocinadores me esperavam na metade do caminho, e a pessoa responsável pelo meu nervosismo repentino se preparava dentro de alguma limosine de artistas de Hollywood. Parei em frente ao monumento da entrada, esperado que trouxessem até mim o demônio dos meus sentimentos mais obscuros. A pessoa que me atormentava todas as noites e bagunçava toda a minha vida sempre quando estou prestes a me dar bem.

— Itachi! — Acenava com um grande sorriso em seu rosto.

— Puta merda. — Sussurrei com as mãos sobre minha cintura.

Eu não sabia dizer que tipo de sentimento era aquele, mas sabia que precisava fugir. Eu sabia que precisava correr para longe dali. Eu sabia que seria fraco o suficiente para lutar contra aquilo.

— Olha só como você está. — Se aproximou, apertando minhas bochechas. — Parece que parou no tempo. Continua o mesmo de sempre.

— Levo como elogio, ou desaforo? — Respondi apático, abotoando meu blazer com lentidão.

— Eu nunca falaria mal de você. — Sorriu docemente, tocando em minhas mãos para abotoar minha vestimenta por mim. — Pra falar a verdade, talvez esteja um pouco diferente. — Me olhou nos olhos. — Está nervoso?

— Não. — Respondi desconcertado, sentindo meu pomo-de-adão descer e subir sobre a minha garganta. — Você está? — Negou, dando batidinhas sobre o meu peito.

Nos encaramos por um longo período de tempo, me fazendo esquecer de todas as coisas ao meu redor. Aquele sentimento quente, como uma espécie de êxtase sobre minhas veias. Eu odiava me sentir desse jeito, por isso sempre procurei relacionamentos calmos, mansos, sem intensidade. O pior erro da minha vida foi ter me envolvido de cabeça com alguém. Agora eu sofria silenciosamente a consequência de um amor irresponsável.

Um dos nossos guarda-costas nos despertou desse desvaneio infernal. Pigareei, caminhando na frente da garota de cabelos a azulados e olhos irritantemente penetráveis, como se fosse me engolir a todo o momento. Apressei meus passos, mesmo sabendo que teria que para-los na entrada do tapete vermelho e me alinhar os pés da pessoa que eu mais queria distância naquele momento.

— Vocês formam um belo casal. — Uma das entrevistadores disse, enquanto Konan se posicionava ao meu lado na entrada. — Esse reencontro vai nos fazer faturar bastante.