Voltar em Tokyo depois de tanto tempo me trazia um sentimento esquisito. Era como se um nó se formasse lentamente sobre minha garganta. Foram dois meses e meio em Saitama, pensando na vida e me separando do resto do mundo. Durante esse pouco tempo, minha barriga estufou mais do que o esperado ... afinal, estávamos falando de quatro meses de desenvolvimento, mais a metade de um mês. Em poucos dias ele teria cinco e finalmente poderei descobrir o sexo do bebê.
Não fui de carro, como habitualmente fazia. Decidi ir de trem e Mellany se prontificou a me levar até a estação de Tokyo. Eu não esperava uma recepção calorosa, ou pessoas segurando cartazes de bem vindo, mas fiquei feliz em descer na estação da grande cidade Neon e me deparar com Sasuke e Ino me esperando na entrada da descida.
— Olha só pra você! — Ino caminhava, estendendo os braços para um abraço. — Já percebo que não está mais só. A barriga estufou bastante, não é mesmo?
— Humrum. — Assenti sem graça.
Vamos esclarecer que durante todo esse tempo eu não havia tido rejeição. Não depois de pensar durante semanas. Eu já havia me acostumado com a ideia de ter uma criança se desenvolvendo dentro da minha pequena e minúscula barriga, mas ainda era embaraçoso quando outras pessoas me lembravam diariamente sobre o fato de que eu estava buchuda. Eu sei que os comentários não trazia maldade em seu teor, mas um sentimento desconfortável me cobria em todas as vezes que outras pessoas além de mim, reparavam além da extensão do meu olhar ... quando minha barriga era mais interessante que o verde vibrante dos meus olhos.
Após abraçar Ino e deixá-la passar a mão sobre meu ventre, meus olhos percorreram rapidamente em direção ao moreno, que me olhava ainda sério e imóvel. Um desconforto era eminentemente alto o bastante para fazer com que meus olhos passeassem entre a paisagem do aeroporto até sua presença tão marcante naquele local tão movimentado. Ino sorriu ao nos reparar tão aéreos, se aproximando mais um pouco.
— Sasuke vai te levar em segurança. Eu terei que fazer uma entrevista de emprego de meio expediente. — Tocou meu ombro esquerdo. — Ele estava mais ansioso que eu. — Sussurrou antes de partir com rapidez.
Observei a loira se afastar com lentidão até a saída, poupando-me de sentir a presença contagiante do Sasuke, que nesse momento se aproximava, pegando as malas e caminhando em direção ao portão da garagem.
— Você não vem? — Olhou para trás, percebendo que eu não o seguira.
Assenti, dando os primeiros passos para o início de um futuro confuso e complicado.
O caminho até minha casa foi tão silencioso quanto nosso reencontro. Por mais que eu não esperasse muito, ao menos um sorriso deveria ter nascido entre nós dois. Me perguntava continuamente o que se passava na cabeça impenetrável do Sasuke. Era gozado o fato do meu coração ter se apertado ao olha-lo após tanto tempo, como se sentisse-se amedrontado com a possibilidade do abandono. Eu tinha medo de ter perdido minha única fonte de apoio. Sasuke havia se tornado uma peça importante, um ponto forte durante todos os meus momentos difíceis. Eu havia criado um vínculo, uma esperança, um sentimento indecifrável de felicidade ao saber que ele estava ao meu lado quando poucos estavam.
Olhando-o dirigir sereno pela estrada, me fez sentir uma nostalgia gostosa de quando nos conhecemos ... quando a vida ainda parecia simples.
Tantas brigas. Tantos desentendimentos. Tantas dores e marcas. O destino costuma ser realmente inesperado e misterioso.
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Metade da Lua - [ CONCLUÍDA ]
Fanfic" - Ele te encontrou para que você pudesse encontrar outra pessoa. É um ciclo injusto, mas não temos controle sobre o destino. " Nem todas as nossas fases são boas, e nem todas são ruins. Como a lua, as vezes ela cresce e as vezes ela míngua. As vez...