O ato de saber que um coração além do seu bate dentro da sua barriga é realmente curioso, mas muito mais assustador do que se imagina. Seja pela minha pouca idade ou seja pelos meus problemas amorosos recentes. Eu era apenas uma adolescente que muito mal conhecia a si mesmo, quem dirá a vida ... e o que eu teria para passar pra criança?
Suspirei pela milésima vez, enquanto esperava o médico em frente a sala de ultrassonografia. Eu estava realmente muito nervosa, e tudo o que eu conseguia fazer era olhar meus dedinhos dos pés se mexer insensantemente. Mellany não saía da minha cola. Vez ou outra se aproximava para perguntar se estava tudo bem, se eu queria uma água ou se eu gostaria de um chocolate escondido dos meus médicos. Ela era uma madrasta e tanto. Tão boa e cuidadosa quanto a minha mãe.
Itachi havia me mandando uma mensagem pela manhã, assim que acordei, para perguntar que horas poderia me encontrar. Claro que eu disse que estava no hospital, que havia caído da escada e sofrido uma concussão leve, mas nada sobre a gravidez. Ele se agitou, disse que viria me ver e então isso se tornou outra preocupação para ter de aguentar. Eu poderia dizer que Odin estava me castigando, mas Mellany vivia me dizendo que um filho não é um castigo, então, sim, eu acreditei nela.
Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Eu não sabia qual deus que estava escrevendo a minha história, mas eu gostaria muito de lhe dar um caderno novo, com linhas retinhas e perfeitas, para que ninguém tenha de passar por coisas desse tipo.
Com pouco mais de cinco minutos esperando, o médico chamou-me pelo nome, despertando minha atenção dos meus adoráveis pezinhos miúdos. Mellany me pegou pela mão. Parecia tão nervosa quanto eu. Quando entrei na sala, minha barriga ligou o carrocel no nível máximo e uma adrenalina me tomou por completo. Congelei ao olhar a cama e as máquinas ultrassonográficos em sua volta. A sala estava gélida e o silêncio dava vez aos sons medonhos dos aparelhos hospitalares.
— Pode se deitar. — O médico dizia, preparando as coisas.
Me deitei com um pavor esquisito. Eu não sabia dizer se era medo do ambiente ou se era medo de constatar que, sim, eu realmente estava buchuda. Talvez lá no fundo, bem lá no fundo mesmo, eu só torcia para que tudo fosse um sonho e eu estivesse prestes a acordar em Tokyo, no dia em que tive meu primeiro encontro com Itachi.
Talvez, bem talvez mesmo, eu teria feito tudo diferente se isso viesse a acontecer. Mas eu me conhecia o suficiente para saber que esse talvez estava mais inclinado para o não. Eu não faria nada diferente. Ou talvez, se a vida me desse mais tempo, eu teria piorado muito mais as coisas.
Eu tinha uma leve inclinação para coisas erradas ... ou a minha vida era intensa demais para se limitar a vivências repletas de mesmice. Ou, se parasse para refletir, a vida simplesmente estava fazendo seus percursos, bagunçando alguma coisinhas aqui, outras coisinhas ali, para que possamos aprender a arruma-las da maneira como ela realmente deve ser. Isso se chama Aprender a ser Independente, Forte, Corajosa e Ousada.
Encarei o médico jogar na minha barriga um creme gosmento e gelado, esfregando um aparelhinho que levava toda a visão do meu interior para a tela. Pra mim era apenas borrão, mas Mellany já roía as unhas só de olhar para aquela televisão invasiva. O médico analisou as imagens, brincando com aquela coisa sobre minha barriga. Ele pegou aquele negócio de médico que ouve coração, colocou sobre meu peito e analisou meus batimentos cardíacos, logo depois repousando sobre o meu ventre ainda pequeno. Ele retirou os tampões do seu ouvido, colocando a ferramente em seus ombros.
— Está tudo bem. — Disse por fim. — As pulsações estão perfeitas e ele está aparentemente bem. — Ponderou. — Agora você terá consultas rotinárias, cuidado dobrado e uma alimentação balanceada. — Tocou meu nariz, como se brincasse com uma criança. — Tente não cair da escada outra vez, mocinha.
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Metade da Lua - [ CONCLUÍDA ]
Fiksi Penggemar" - Ele te encontrou para que você pudesse encontrar outra pessoa. É um ciclo injusto, mas não temos controle sobre o destino. " Nem todas as nossas fases são boas, e nem todas são ruins. Como a lua, as vezes ela cresce e as vezes ela míngua. As vez...