Capítulo 21.

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Fui pra pracinha, relaxar lá de boa, quando cheguei lá, encontrei ele, pensei em voltar, mas decidi ficar. Sentei ao lado dele e dei um "oi", ele me respondeu com um "oi" mó seco, coração apertou, confesso. Fiquei com vergonha, e fiquei me xingando mentalmente por ter cumprimentado ele, por ter sentado ao seu lado. Ele pegou o celular, e começou a digitar, eu como sou toda curiosa, tentei ver, mas sem chances, não consegui. Depois disso, ele se levantou, subiu na moto e saiu rapidão.

Eu hein.

Fiquei lá mais um tempinho, mas parei quando recebi uma mensagem de Titia.

Tia: vem. pra casa. tas ficando tard. vem logo

Eu rir com a mensagem, minha tia sabe ler e escrever direito, mas na internet é péssima. Voltei pra casa, e encontrei ela na cozinha fazendo bolo, bolo de chocolate, oh delícia! comemos quando o bolo ficou pronto, do nada, veio o coringa na cabeça, ele com o corpo todo melado de chocolate, e pelado.

Meu Jesus que pensamentos são esses?

- Tia, acho que vou ir na igreja com a senhora! - Falei.
- Glória Deus, Carol também vai.
- Eu? quem disse? me tire dessa! - Carol falou.

Então minha tia pegou o chinelo.

- Eu ouvi igreja? uhuuul, quero! amém irmãos. - Carol disse, e eu rir.
- Engraçada. Carol, vai com a Elisa na casa da dona benta, levar um pedaço de bolo.
- Vixi mãe, tô cansada. - Carol reclamou.
- Pois, trate de ir logo!

Quando acabamos, fomos levar o pedaço de bolo na casa da tal dona benta, é lá no alto da comunidade. Quando chegamos na rua, fiquei impressionada, tem uma casa linda, com uns homens armados fora. Será que ela é uma pessoa muito importante? do tráfico?

- Ou Carol, essa senhora é alguma coisa do tráfico? - Carol riu.
- Não, não! mas o filho. - Ela explicou.

Carol falou com os homens, e eles deixaram a gente entrar, porque eles conhecem a Carol, essa menina conhece todo mundo também, misericórdia. Entramos na casa, e uma senhora já veio aqui.

- Carol, quando tempo? como você tá, minha fia? - Essa deve ser a dona benta.
- Tô bem, tia! olha, mãe pediu pra trazer um pedaço de bolo pra a senhora, viu? tome. - Carol entregou o bolo pra ela.
- Obrigada, meu amor. Quem é essa moça bonita do seu lado. - Eu sorri.
- Oi, prazer! sou a prima da Carol, Elisa. - Me apresentei.

Ela então nos convidou para entrar, a casa por dentro era simples, mas com certeza melhor que a minha rs. Ela ofereceu algo, mas eu não aceitei, já Carol aceitou um suquinho.

Papo vai, papo vem, elas mencionam o coringa.

- Coringa? que coringa? - Perguntei.
- Aquele... - Carol me fala, e a mulher sorri.

Então, ela é a mãe dele.

- Me desculpa falar, mas vocês não se parecem.
- Não mesmo, ele é meu fio de consideração.
- Entendi. - Dei um sorriso.

Agora tá explicado. Ela mostrou umas fotos do coringa pra nós, de quando ele era pequeno, era mais gostoso do que já é... que pensamentos são esses? as vezes meu lado safado aparece, que me assusta (risos).

Ficamos lá mais um pouco, mas depois de um tempo voltamos para casa. Recebi uma ligação, então atendi.

- Alô?
- Tome cuidado, menina! o pior está por vir. - A pessoa desligou, antes de eu responder.

Aí meu Deus, quem será essa pessoa? eu não aguento mais isso, não aguento..

- Eli? o que foi? por que tá pálida? - Titia me perguntou.

Ela não sabe de nada, e nem vai saber, pois não quero a preocupar, e com certeza ela vai acabar contando a vovó. Única que sabe é Carol.

- Ah, nada tia! fique tranquila. - Respondi dando meu melhor sorriso.
- Tá bom, qualquer coisa estou aqui! - Ela sorriu e saiu, foi para seu quarto.

Preciso contar isso para alguém, eu preciso... a primeira pessoa que me veio a cabeça foi Carol, a prima/ amiga que eu sempre posso contar, confiar. Fui até o quarto, a vi deitada na cama, mexendo ao seu celular, fui até ela, e a abracei, a mesma me olhou sem entender e perguntou:

- O que foi? por que estar chorando?
- Eu estou com medo...
- Medo? medo de que?
- Recebi uma ligação hoje, a pessoa mandou eu tomar cuidado. - Chorei mais.
- O que? vamos contar ao Coringa agora!
- Aí, amiga... acho que ele nao vai poder ajudar. - Falei enxugando as lágrimas que caíram.
- Claro que vai. Vem! - Ela me puxou.

Fomos até a boca, não encontrei nenhum conhecido, só outros vapores.

- Cadê teu chefe? - Perguntei para um homem gigante, negro.
- Quer oq com ele porra? - Respondeu.

Hum, sem educação.

- Falar com ele. Tchau! - Falei dando um passo a frente, afim de entrar, mas o negão me segurou.
- Ninguém entra aí.
- Olha aqui, eu sou amiga dele, e ela também! você quer que eu fale pra ele que você não deixou as amigas dele entrar? nossa. - Carol falou dando ênfase no você.
- Ok, mas sem demora, qualquer coisinha mato vocês, tão me ouvindo caralho? ele apontou uma arma pra minha cabeça.

Se acha demais o mono.

- Ok. - Respondi.

Ele me deixou entrar, e eu nem pedi pra entrar lá, já fui entrando sem bater. O encontrei ouvindo um rap, e fumando.

- Tá fazendo o que aqui, morena? - Ele perguntou se levantando, e vindo até a mim.
- Estou com medo, Coringa. Me ligaram hoje dizendo pra eu ter cuidado.
- Você reconheceu a voz?
- Não. - Falei triste.
- Fica calma morena! não vou deixar nada acontecer com você. - Ele disse, chegando perto de mim, cada vez mais perto.

Ele me olhou de um jeito que parecia que ele podia ouvir tudo o que eu estava pensando, parecia que ele tava vendo minha alma. Ele me deu um beijo, um beijo calmo, que me acalmou na hora. Parecia que tudo tinha parado, só tinha a gente ali. Ele parou o beijo e me olhou, e deu um sorriso, o sorriso mais lindo que eu já vi.

- Chefe... - O negão entrou na sala, se afastamos e eu tentei fingir que nada aconteceu.
- Qual foi, neguinho? batia antes de entrar né porra! - Coringa reclamou.
- Desculpa aí. Pô chefe, sabe aquela parada sobre aquela mina?
- Sei.
- Então, já sabemos quem é. - O tal de neguinho respondeu.
- Elisa, vai embora. - Coringa me falou.
- O que? não, eu... - Ele me interrompeu.
- Vai embora logo porra! - Ele gritou, eu olhei pra ele sem acreditar, mas ele bem ligou. Eu sai de lá, dando de cara com Carol.

- E aí, como foi? - Ela me perguntou, caminhando pra ir pra casa.
- Hum... não surte, ok?
- Conte logo!
- Ele me deu um beijo, e falou que não vai deixar nada acontecer comigo.
- O QUE? AI MEU DEUS, ELE TÁ GOSTANDO DE VOCÊ! MEU DEUS, COMO ISSO É POSSÍVEL? - Carol gritou alto, eu tampeu sua boca.
- Cala a boca, Carol. Não, ele não está apaixonada, logo ele? e ainda por mim? ata.
- Deixe de ser boba! ele nunca falaria isso pra alguma garota. - Carol falou.
- Hum... - Apenas respondi isso.

Eu não sei, tá tudo tão confuso... será que ele gosta de mim mesmo? será se eu gosto dele? quem tá mandando aquelas coisas pra mim? o que querem de mim? por que? oh meu Deus, são tantas perguntas, e nenhuma resposta.

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