12º Capítulo

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Na apartamento de Micael, as coisas iam de mal a pior. Aline sentiu raiva quando Sophia foi embora, subiu as escadas furiosa.

— Por que você é assim? — Encarou Micael. — Humilhou os meus amigos, fizeram eles irem embora.

— Seus amigos não estavam sabendo nem dialogar. E você acredita mesmo que aquele homem tem tanto dinheiro quanto eu?

— Eu não me importo com o status da minha amiga, eu queria ela aqui, comemorando com a gente.

— Comemorando o que? Ela nem falou, Aline. Que amiga é essa? Onde arranjou essa garota?

— No café, viramos amigas em uma loja. Ela é simpática e gostei dela.

— E decidiu trazer ela para cá?

— Um jantar com a minha amiga. Eu já falei. Mas você não entende!

— Não entendo mesmo e não quero mais essa garota aqui dentro.

— Como é?

— Isso mesmo que você escutou. Se eu souber que ela anda vindo aqui, eu terei que tomar medidas drásticas.

— Você não pode me obrigar a fazer nada.

— Posso sim, ou você se esqueceu daquela vez? — Pegou o braço de Aline em cheio.

— Me solte! Está machucando.

— Você me irrita, Aline. Parece que faz tudo para me irritar. — Cerrou os dentes. — Eu te dou o mundo, e você me retribui á isso.

— Você não consegue estar satisfeito, sempre coloca um defeito na gente. — Choramingou. — O único defeito aqui é você, não consegue entrar em consenso comigo.

— Consenso? Você arruma amigas mais rápido do que um vento e ainda quer que eu entre em consenso?

— Só queria alguém que colaborasse comigo. Poderíamos estar lá em baixo, tomando pró seco e dando boas risadas enquanto comíamos.

— Para isso, você tem eu.

— Do que adianta eu ter um marido, mas ele não participa das coisas que eu quero fazer? — Engoliu seco, encarava Micael com sangue nos olhos, assim como ele.

— Eu não sei o que fazer com você, Aline. — Soltou o braço da mulher que desequilibrou, saiu às pressas do quarto.

— Onde você vai? — Disse um pouco alto.

— Não queira saber. — Deu de ombros, desceu as escadas e saiu porta á fora.

Discou o número de Sophia que demorou a atender, ele bufou enquanto dava partida na Land Rover, tentou mais uma vez, não iria parar.

— Olá, Micael.

— Quero que vá ao flat agora, e não me desafie. — Desligou a ligação antes que ela conseguisse responder.

Dirigiu até o local marcado, esperando por Sophia, que não demorou a aparecer. Logo estava ela, com a mesma roupa do jantar, não sabia como encarar Micael e também não sabia como contar esse acontecido.

Os dois se encararam. Micael queria matar alguém no momento, se fosse preciso.

— Como achou a minha mulher?

— Eu não sabia que ela era a sua mulher.

— Como achou a minha mulher? — Perguntou novamente, estava sem paciência.

— Em uma loja, eu fui comprar roupas e me encontrei com ela. — Baixou o olhar. — Iniciamos uma conversa, tomamos um café e ela se pôs a me convidar para um jantar.

— E você aceitou?

— Eu a vejo como uma amiga.

— Via. Não verá mais, nunca mais. — Andou até Sophia. — Se eu souber, eu mato você. — Segurou forte no corpo da loira.

— Tem medo dela descobrir as merdas que você faz?

— Não tem nenhuma merda para ela descobrir. Deixe Aline no mundinho dela, me deixando em paz.

— Você abandona a própria mulher, e ela vive contando isso á todos que conhece.

— Aline não sabe conviver comigo. E você, deveria ficar fora de nossas vidas.

— Você ainda se imagina com uma vida junto à dela? — Foi sarcástica. — Eu vejo você como um otario, que larga a sua própria mulher e vem fazer sexo comigo.

— Você não deve dar opniões, é apenas uma prostituta que conquista os homens. — Sophia segurou o choro, seu corpo estava dolorido nas mãos de Micael, a prensando. — Que futuro você tem? Nenhum. — Pausou. — Eu espero mesmo que você fique calada, e não diga nada para Aline.

— E se eu contar?

— Se você contar, terá dois finais. — Sorriu maléfico. — Receberá tapas da minha mulher, que consegue ser vingativa quando alguém a irrita. E depois, terá terra a cobrindo, enquanto pessoas que gostam de você, ou só fingem, choram com a sua partida. — Sophia sentiu medo, queria fugir dali o mais rápido possível. — Eu posso fazer isso com as minhas próprias mãos, te matar não irá fazer diferença nenhuma em minha vida. É só mais uma prostituta.

— Uma prostituta mas você gosta de transar comigo.

— Você é diferente mas não consegue me impressionar muito. Pode até ser que consiga, com quatro copos de uísque puro.

— Me solte ou irei gritar.

— Pode gritar, ninguém vai ouvir. — Largou Sophia. — Saia do meu flat agora! Eu não quero mais lhe ver, eu não quero que você tenha nenhum contato comigo. Estamos entendidos?

— Foi ótimo conhecer você, Micael Borges. — Deu impulso até a porta. — Eu sou uma prostituta, mas espero que você entenda o recado que eu lhe darei. — Respirou fundo. — O que é seu, estará guardado. — Saiu do flat, indo em direção ao elevador.

Chorou de raiva, sua cabeça doía, as coisas em que ele disse estava remoendo em sua mente. Queria matá-lo, queria estrangula-lo, chutar suas partes se fosse possível. Mas foi ameaçada, por um homem que tinha muito poder, ele realmente poderia matá-la, se quisesse.

Pediu um táxi quando chegou lá embaixo, esperou até chegar em seu apartamento, a salvo. Encontrou Carlie mexendo nas unhas, seu estado era crítico, chorava horrores.

— Soph, o que houve? — Foi de encontro á amiga.

— Uma catástrofe. Eu estou em perigo. — Soluçou.

— Por que em perigo? O que aprontou desta vez?

Sophia acalmou-se, contou toda história para Carlie que tinha os olhos arregalados, a cada parte do acontecido. Ajudou a amiga se recompor, e pensar em alguns conselhos.

— Meu Deus, o que irá fazer agora?

— Eu não sei, eu preciso sair da cidade. Tentar alguma coisa.

— Não pode deixar a cidade, seus clientes precisam de você.

— Eu neguei todos os meus clientes para ficar justamente com ele. — Isso sim era um problema.

— Porra, Sophia! Você se entregou á ele, totalmente.

— Eu estava ficando... Apaixonada.

— Por um cara rico, sucedido, que não dá valor á própria mulher? Era isso que você tanto admirava?

— Ele parecia singelo quando me conheceu.

— Não confunda. Mas você nunca me escuta. — Cerrou os olhos. — E agora? O que quer realmente fazer?

— Eu não sei, eu estou muito confusa com isso.

— Tente descansar e pensar no que vai fazer, ter a sua clientela novamente. — Carlie a acolheu. — Eu vou preparar um chá e te levar na cama.

— Obrigada. — Sorriu para amiga e andou até seu quarto.

Não conseguia achar uma resposta para o que queria fazer, só soube chorar e engolir todas as palavras ditas por Micael Borges. Um homem muito cruel, que lhe passou a melhor imagem que um homem poderia ter.

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