34º Capítulo

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O dia amanheceu chuvoso em Houston, Micael levantou-se, fez sua higiene matinal, desceu, pôs a mesa do café e esperou que Aline levantasse, estava muito preguiçosa ultimamente.

— Droga de café. — Experimentou o líquido que estava em sua xícara. Faltou açúcar.

Aline apareceu, com seu ventre mais redondo do que nunca. Sorriu para Micael e sentou-se em seu lugar.

— Bom dia. — Avistou a mesa posta.

— Bom dia. — Sorriu leve. — Acabou o brioche.

— Não tem problema. — Pegou um pouco de cappuccino. — Como foi á noite? Que milagre a pizza não ter te dado azia.

— E quem disse que não deu? Eu tomei analgésicos durante a madrugada.

— Um ótimo passo, está se virando sozinho. — Passou requeijão em duas torradas. — Eu estava pensando em comprar as coisas do bebê, o quarto lá em cima parece uma boa para nos ajeitarmos.

— O feto não tem um sexo definido, ainda.

— Eu sei, mas... Estou ansiosa para comprar as coisas. — Pausou. — Você deveria vir comigo.

— Você já está abusando demais da minha boa vontade.

— Por favor, é apenas uma volta no mercado dos bebês.

— Aline, você pode muito bem fazer isso sozinha. — Terminou de tomar o seu café. — Eu te ajudo quando trouxer as coisas, mas infelizmente não poderei ir.

— Compromissos?

— Tenho uma reunião e não posso me atrasar. — Pensou rápido antes de dizer, Aline ainda não sabia que ele estava fazendo terapia, passando por psicólogos. Achava que seu comportamento era de livre e espontânea vontade.

— Tudo bem, eu comprarei sozinha. — Deu de ombros. Estava gostando de ficar sozinha. Afinal, ela já ficava antes de ter o bebê.

— Certo. — Micael levantou-se, buscou a chave da Land Rover. — Até mais, me ligue se precisar de algo.

— Ligarei. — Disse quase em um sussurro. Terminou de tomar o seu café, guardou as coisas, tomou um banho, trocou-se e foi até á loja de bebês, que estava estudando semanas antes. Estacionou a BMW no local indicado para gestantes, avistou a loja com a faixada em amarelo e rosa, cumprimentou as atendentes que sorriram, sabiam quem era Aline Borges.

— Bom dia, em que posso ajudar? — Foi simpática ao recebê-la.

— Eu gostaria de ver os seus berços e também... Carrinhos, essas coisas. — Justificou.

— Claro, me acompanhe. — Seguiu a atendente que mostrou para Aline um corredor cheio de carrinhos para bebês, de diversas cores. A morena sorriu, queria levar todos. — A senhora tem alguma preferência?

— Eu não sei o sexo ainda, mas quero levar algum deles. — Encarou os diversos carrinhos. — Só um minuto. — Buscou seu IPhone na bolsa, discando o número de Micael. — Querido?

— Oi, Aline. Estou no trânsito, atrasado. — Bufou.

— Eu queria apenas uma opinião. — Soou doce, ainda olhando os diversos carrinhos.

— Diga.

— Estou na loja vendo os carrinhos, um mais lindo que o outro. — Sorriu. — Eu gostei de um rosa, bem claro, parece unissex.

— Ótimo, leve esse! Até mais.

— Querido, calma. — O relaxou. — Eu gostaria de outra ajuda também.

— Aline, eu estou atrasado. Esse trânsito está me matando, e eu posso ter um acidente a qualquer momento.

— Não pode! A ligação está no painel do carro, você não está segurando o aparelho nas mãos. — Ao menos isso, era inteligente. — Me ajude uma única vez, você deveria estar aqui.

— Eu deveria estar, mas não estou. Eu deveria estar na empresa mas não estou, eu deveria estar no Caribe torrando a minha bunda, mas não estou.

— Podemos ir nas próximas férias.

— Aline, diga logo o que quer. Você está abusando da minha bondade, e do meu senso de espírito também.

— Levo o carrinho ou não?

— Leve, que inferno! Se o feto for zombado quando nascer, eu não te direi nada.

— Obrigada.

— De nada. — Micael desligou a ligação.

Aline guardou o IPhone, concentrou-se na atendente.

— Eu vou levar. — Sorriu, quase dando pulinhos.

Já Micael, não estava em fase de sorrir, e nem dar pulinhos. Estressou naquele engarrafamento, as buzinas de outros carros estavam dando dor de cabeça para ele, agradeceu quando um dos faróis abriu e ele pôde continuar sua rota, atrasado. Os pneus da Land Rover cantaram quando o mesmo fez a curva, na esquina da empresa. Estacionou o veículo e saiu ás pressas, maldito trânsito! Pegou o elevador e foi até sua sala, cumprimentou sua secretária.

— Desculpe mesmo pelo atraso. — O que? Estava pedindo desculpas? Para sua secretária? Negou com a cabeça. — Já chegaram?

— Já sim, estão na sala de reuniões. — Micael assentiu, pegou o elevador novamente indo até a sala de reuniões.

O corredor sempre ficava em silêncio, o moreno andou até a grande porta de madeira maciça, observou o local que ainda estava vazio. Estranho! Arrumou sua gravata e encarou as janelas, estariam eles atrasados? Ou sua secretária havia errado? Não saberia dizer, só soube aguardar.

— Você está no horário, querido! — As mãos delicadas passaram sobre o ombro do homem, que se assustou. Aquele cheiro, não podia ser! — Sentiu a minha falta? — Micael virou-se vendo o rosto de Sophia, intacto, os olhos azuis. Não podia ser real, estava alucinado. Ou não.

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