O dia amanheceu chuvoso em Houston, Micael levantou-se, fez sua higiene matinal, desceu, pôs a mesa do café e esperou que Aline levantasse, estava muito preguiçosa ultimamente.
— Droga de café. — Experimentou o líquido que estava em sua xícara. Faltou açúcar.
Aline apareceu, com seu ventre mais redondo do que nunca. Sorriu para Micael e sentou-se em seu lugar.
— Bom dia. — Avistou a mesa posta.
— Bom dia. — Sorriu leve. — Acabou o brioche.
— Não tem problema. — Pegou um pouco de cappuccino. — Como foi á noite? Que milagre a pizza não ter te dado azia.
— E quem disse que não deu? Eu tomei analgésicos durante a madrugada.
— Um ótimo passo, está se virando sozinho. — Passou requeijão em duas torradas. — Eu estava pensando em comprar as coisas do bebê, o quarto lá em cima parece uma boa para nos ajeitarmos.
— O feto não tem um sexo definido, ainda.
— Eu sei, mas... Estou ansiosa para comprar as coisas. — Pausou. — Você deveria vir comigo.
— Você já está abusando demais da minha boa vontade.
— Por favor, é apenas uma volta no mercado dos bebês.
— Aline, você pode muito bem fazer isso sozinha. — Terminou de tomar o seu café. — Eu te ajudo quando trouxer as coisas, mas infelizmente não poderei ir.
— Compromissos?
— Tenho uma reunião e não posso me atrasar. — Pensou rápido antes de dizer, Aline ainda não sabia que ele estava fazendo terapia, passando por psicólogos. Achava que seu comportamento era de livre e espontânea vontade.
— Tudo bem, eu comprarei sozinha. — Deu de ombros. Estava gostando de ficar sozinha. Afinal, ela já ficava antes de ter o bebê.
— Certo. — Micael levantou-se, buscou a chave da Land Rover. — Até mais, me ligue se precisar de algo.
— Ligarei. — Disse quase em um sussurro. Terminou de tomar o seu café, guardou as coisas, tomou um banho, trocou-se e foi até á loja de bebês, que estava estudando semanas antes. Estacionou a BMW no local indicado para gestantes, avistou a loja com a faixada em amarelo e rosa, cumprimentou as atendentes que sorriram, sabiam quem era Aline Borges.
— Bom dia, em que posso ajudar? — Foi simpática ao recebê-la.
— Eu gostaria de ver os seus berços e também... Carrinhos, essas coisas. — Justificou.
— Claro, me acompanhe. — Seguiu a atendente que mostrou para Aline um corredor cheio de carrinhos para bebês, de diversas cores. A morena sorriu, queria levar todos. — A senhora tem alguma preferência?
— Eu não sei o sexo ainda, mas quero levar algum deles. — Encarou os diversos carrinhos. — Só um minuto. — Buscou seu IPhone na bolsa, discando o número de Micael. — Querido?
— Oi, Aline. Estou no trânsito, atrasado. — Bufou.
— Eu queria apenas uma opinião. — Soou doce, ainda olhando os diversos carrinhos.
— Diga.
— Estou na loja vendo os carrinhos, um mais lindo que o outro. — Sorriu. — Eu gostei de um rosa, bem claro, parece unissex.
— Ótimo, leve esse! Até mais.
— Querido, calma. — O relaxou. — Eu gostaria de outra ajuda também.
— Aline, eu estou atrasado. Esse trânsito está me matando, e eu posso ter um acidente a qualquer momento.
— Não pode! A ligação está no painel do carro, você não está segurando o aparelho nas mãos. — Ao menos isso, era inteligente. — Me ajude uma única vez, você deveria estar aqui.
— Eu deveria estar, mas não estou. Eu deveria estar na empresa mas não estou, eu deveria estar no Caribe torrando a minha bunda, mas não estou.
— Podemos ir nas próximas férias.
— Aline, diga logo o que quer. Você está abusando da minha bondade, e do meu senso de espírito também.
— Levo o carrinho ou não?
— Leve, que inferno! Se o feto for zombado quando nascer, eu não te direi nada.
— Obrigada.
— De nada. — Micael desligou a ligação.
Aline guardou o IPhone, concentrou-se na atendente.
— Eu vou levar. — Sorriu, quase dando pulinhos.
Já Micael, não estava em fase de sorrir, e nem dar pulinhos. Estressou naquele engarrafamento, as buzinas de outros carros estavam dando dor de cabeça para ele, agradeceu quando um dos faróis abriu e ele pôde continuar sua rota, atrasado. Os pneus da Land Rover cantaram quando o mesmo fez a curva, na esquina da empresa. Estacionou o veículo e saiu ás pressas, maldito trânsito! Pegou o elevador e foi até sua sala, cumprimentou sua secretária.
— Desculpe mesmo pelo atraso. — O que? Estava pedindo desculpas? Para sua secretária? Negou com a cabeça. — Já chegaram?
— Já sim, estão na sala de reuniões. — Micael assentiu, pegou o elevador novamente indo até a sala de reuniões.
O corredor sempre ficava em silêncio, o moreno andou até a grande porta de madeira maciça, observou o local que ainda estava vazio. Estranho! Arrumou sua gravata e encarou as janelas, estariam eles atrasados? Ou sua secretária havia errado? Não saberia dizer, só soube aguardar.
— Você está no horário, querido! — As mãos delicadas passaram sobre o ombro do homem, que se assustou. Aquele cheiro, não podia ser! — Sentiu a minha falta? — Micael virou-se vendo o rosto de Sophia, intacto, os olhos azuis. Não podia ser real, estava alucinado. Ou não.
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Perfume de Mulher - MiniFic
RomanceSophia Abrahão, uma bela prostituta que encantava todos os homens. Não era de se apegar, de ter encontros com clientes, até Micael chegar, um homem desejado, de dinheiro, que só queria uma única coisa: Sedução e corpos nus.