Micael saiu do quarto quando Sophia se pôs a dormir, procurou Aline que estava no seu, em baixo, bateu na porta antes de entrar.
— Atrapalho? — Perguntou á mulher que estava sobrando alguns macacões. Não tinha muito o que fazer, estava se ocupando com o bebê, que ainda não tinha um sexo definido.
— Não. Claro que não! — Sorriu. Micael fechou à porta atrás de si. — Estava levando Sophia para o quarto? — Teve chateação em sua voz.
— Você diz em que modo?
— No modo de hospedá-la. Teria outro modo?
— Claro que não. Você sabe que eu odeio essa mulher.
— Você ainda deixou dinheiro na conta dela, não deixou? — Franziu o cenho, lembrando.
— Deixei. Dinheiro suficiente para ela sair daqui, arrumar algum lugar.
— Ótimo. — Dobrou o último macacão. — Quer saber? Deixe ela aqui mesmo. Não está atrapalhando ninguém.
— Claro que está! Ela veio para nos separar. Viu como chegou? Como se nada tivesse acontecido.
— E para ela não aconteceu nada mesmo. — Abaixou a cabeça, tinha uma pilha de macacões dobrados.
— Não fique assim por uma ninguém, ela não faz mais parte de nossas vidas. O contrato está rasgado, fim dos problemas. — Micael sorriu, acolhedor. Observou o ventre redondo de Aline. — Seu feto está bem?
— Ele chutou algumas vezes, mas nada que seja absurdo. — Lembrou. — As posições para dormir ficaram difíceis. — Riu leve. — Bem que minha mãe me disse, eu iria ter problemas com isso.
— O feto está tirando seu sono?
— Um pouco. Fico cansada a maior parte do dia, com sono, bocejo demais. — Levantou-se, colocando os macacões em uma cômoda. — Nada que seja um absurdo.
— Eu sabia que o feto te daria problemas. Mas não vamos discutir sobre isso. — Aline riu. — O que há? Estou com cara de palhaço?
— Você é engraçado, às vezes. — Sentou-se na frente de Micael. — Estava me lembrando quando nos conhecemos no colégio, um mês antes de irmos para a faculdade.
— Marta Ramps. — Pensou alto. — Ela ainda mora em Houston?
— Sim. — Aline franziu o cenho. — Casou-se com Patt, têm três filhos, a última viagem que fizeram foi para Cusco. Ele também é empresário.
— Onde sabe essas informações?
— Redes sociais, que você não tem um pingo de curiosidade de entrar. — Riram.
— Isso me irrita.
— Esqueça os números e ações, pelo menos um pouco. — Pousou as mãos no peito do marido. — Minhas bolsas da Chanel podem esperar. — Micael deu um riso.
— Eu prefiro dar á você mais bolsas do que passar meu tempo vendo baboseiras inúteis. — Piscou rápido.
— É um jeito de se distrair. — Retirou as mãos de lá.
— Eu vou voltar para a empresa, por precaução, fique por aqui hoje. E não troque palavras com Sophia.
— Por que eu ficaria trancada aqui?
— Faça o que quiser, então. — Levantou-se da cama, respirou fundo e saiu ás pressas. Tinha que voltar para a empresa, não gostou nada da visita de Sophia, realmente achou que estava morta. Uma pena para ela! Agora havia virado capacho, e Aline não sabia um terço da história.
As horas se passaram, Aline optou por cochilar, sentia sono a maior parte do tempo. Despertou bem tarde, quando sentiu o cheiro de brioche vindo da cozinha. Levantou-se ainda sonolenta, arrumou os cabelos e andou até lá, não podia ser Micael aprontando esse tipo de coisa, ele sabia cozinhar, mas nem tanto.
— Bom sono? — Sophia sorriu, tirava uma assadeira quente com brioches deliciosos.
— Ótimo. Pena que despertei.
— Fiz brioches, seu preferido. — Deixou a assadeira em cima do balcão de mármore, retirou as luvas de silicone, ambas coloridas. — Precisamos conversar.
— Eu não quero conversar com você. Eu quero paz! Entende? Eu estou bem, com meu marido, você me ajudou no que eu queria, agora eu simplesmente quero um pouco de paz.
— Nós nem conversamos!
— E precisamos conversar? Você fez sua escolha e eu aceitei. Se quiser, fique morando aqui, durma em qualquer quarto, mas não teremos a afinidade de antes. Eu perdi a confiança em você. — Disse dura. Sophia assentiu, aquilo lhe doeu, era como perder uma parte de sua vida, sua amiga. Aline não merecia aquilo, Micael era um monstro.
— Meus meses ausentes foram uma novidade para você.
— Você achou que eu sofreria, não vou mentir, no início me doeu, mas agora. — Cruzou os braços. — Estou feliz, tudo que eu preciso está dentro do meu ventre, sob meus cuidados.
— Fico feliz. — Sophia sorriu, segurando suas lágrimas.
— Eu vou tomar um banho. — Andou até a assadeira, buscando vários brioches, levou-os consigo. — Devem estar uma delicia! — Encolheu os ombros. — Boa noite, Sophia. — Saiu andando, deixando Sophia sozinha na cozinha, não adiantava fazer nada, sua amizade com Aline tinha chegado ao fim, por culpa de Micael.
E falando no mesmo, havia acabado de chegar, cansado, morto para ser mais exato. Adentrou a cozinha vendo Sophia com seus brioches na assadeira.
— Péssima noite para você, Sophia Abrahão.
— O que conversamos hoje mais cedo? — Apoiou as mãos no balcão, não tinha a face muito boa.
— Estou cansado.
— Problema é seu. — Guardou a assadeira no forno novamente.
— Eu quero jantar e tomar um banho, descansar e tirar os problemas de mim.
— Eu vou dar uma colher de chá para você, só hoje. — Sorriu. — Irei fazer o seu jantar.
— Com algum veneno específico? Se agir rápido eu aceitarei.
— Fiquei com pena da sua história de vida, me senti um monstro também. Não deveria ter jogado o feedback na sua cara. — Deu as costas para Micael. — Se arrume na mesa de jantar, estará pronto em alguns minutos. — O homem estranhou mas estava aceitando. Seu corpo estava tenso, sua mente cansada. Retirou o terno e abriu os botões da camisa, liberando para o ar fresco entrar. Afrouxou a gravata e sentou-se em seu lugar na mesa, esperando pelo jantar que Sophia o propôs. Encarou os móveis no apartamento, Fechou os olhos, cansado. O som de Sophia ecoou, o trazendo para realidade novamente.
— Conseguiu chegar? — Avistou o prato que havia em suas mãos.
— Consegui. Foi o jantar mais rápido que consegui fazer. — Deixou o prato de cerâmica em frente á Micael que franziu o cenho. — Carne de gato, essa ração é ótima. O cheiro então. — Forçou o nariz, o cheiro era horrível. — Agradeça por comer proteína, é bom para você. — Micael ficou imóvel, encarando o prato, logo após, encarando Sophia.
— Vaca.
— O que disse? — Fingiu-se. — Coma antes que estrague. Depois de muito tempo fora do saco, a ração fica meio... Ruim. — Deu seu sorriso, como uma cartada final. — Vamos! Coma logo e pare de enrolar. — Tinha os dentes cerrados, esperando por Micael. O homem fechou os olhos, levou a colher até a boca triturando a carne crua e industrializada, o enjoo lhe veio, junto com ânsia. Horrível! — Se você vomitar, irá comer o vômito também. — Alertou. Aquilo era muito cruel, mas Sophia não ligava. Estava achando divertido até.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Perfume de Mulher - MiniFic
RomansaSophia Abrahão, uma bela prostituta que encantava todos os homens. Não era de se apegar, de ter encontros com clientes, até Micael chegar, um homem desejado, de dinheiro, que só queria uma única coisa: Sedução e corpos nus.