32º Capítulo

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Seis meses depois.

— Está escutando? Esses são os batimentos do seu bebê. — A obstetra tinha o aparelho no ventre arredondado de Aline, que sorria, a todo o momento. — Eu quero que continue tomando as vitaminas. — Encarou Aline, retirando o aparelho. — Está fazendo sexo regularmente?

— Faz um tempo que eu não faço sexo. — Riu, um pouco sem graça. Sentou-se na maca.

— Está solteira? Por que não me disse? — A obstetra marcou algo.

— Não, eu ainda continuo casada. — A obstetra sorriu. — Um quase casamento.

— Ok, eu entendi. — Entregou o papel para Aline. — Vamos marcar a sua outra consulta, enquanto isso, fique para você. — Teve o ultrassom nas mãos, era tão lindo, ainda não conseguia saber mas mesmo assim, era lindo. Para Aline era um momento mágico!

— Obrigada. Irei moldurar hoje mesmo. — Sorriram.

Aline saiu da sala, andou até o estacionamento entrando em sua BMW. Dirigiu para casa, feliz, com seu ultrassom nas mãos. Tinha visto seu bebê, escutado seu coraçãozinho, não havia nada melhor no mundo do que aquilo. Pegou-se chorando enquanto voltava para casa, normal, os hormônios estavam a matando desse jeito. Agradeceu por entrar em casa, tudo aquieto, a não ser a TV da sala indicando um jogo de Baseball, e Micael, sentado no sofá, assistindo-o.

— Pensei que estivesse na empresa. — Largou sua bolsa Louis Vuitton.

— Eu tirei o dia para descansar. — Encarou Aline. — O que é isso?

— O ultrassom. — Entregou para Micael que franziu o cenho.

— Parece um E.T.

— Obrigada pela consideração. — Andou até a cozinha, Micael a seguiu. — Bebeu tudo isso de cerveja? Parabéns.

— Você sabe que não consigo ficar bêbado com cerveja.

— É, eu realmente sei. — Buscou um pacote de salgadinho. — Você gostou do ultrassom? Eu vou moldurar mais tarde, colocar no meu quarto.

— Eu quero uma cópia. Vou colocar o feto na sala da empresa. — Aline segurou o riso, era engraçado como Micael se referia ao bebê.

— Ok. — Rendeu as mãos.

— Você não sente dor? Quer dizer. — Coçou a nuca. — Você deve ter engordado uns três quilos a mais, ou cinco, devo dizer uns...

— Micael, eu já entendi.

— Só estava querendo ajudar.

— Ajuda se ficar calado. — Foram para a sala. — Está me seguindo?

— Eu já estava na sala, antes de você chegar.

— Percebi. — Encarou a TV. — Esse jogo está horrível, como você tem a audácia de assistir uma coisa dessas?

— Eu estava sem nada para fazer, Aline. — Bufou. — Você deveria cuidar do seu feto, ao invés de dar palpite ao jogo.

— Só estava querendo ajudar. — Riu leve.

— Ajuda se não atrapalhar. — Seguiu o riso de Aline, fazendo o mesmo.

Quanto tempo!

— Você já sabe o que é?

— O bebê?

— Sim, o feto. — Bebeu sua cerveja.

— Ainda não, está muito cedo. — Pausou. — A obstetra disse que poderei ver no oitavo mês de gestação, muita coisa, não acha?

— O feto não quer aparecer para você.

— Eu estou começando a achar que sim.

Ficaram em silêncio.

— Home Run, de novo. — Aline riu. — Engoliu a graça hoje?

— Só estou rindo do seu desespero. Espero que não tenha apostado com ninguém. — Levantou-se. — Irei tomar um banho, você pode fazer o jantar.

— Você está muito mal acostumada. Eu só faço o jantar porque você está enjoando muito, e eu não quero lamber vômito enquanto janto. — Escutou Aline gargalhar. — Eu vou tacar um vaso na sua cabeça.

O feto não irá gostar disso.

— Caguei para ele, e para você também. — Terminou sua long neck. — E caguei para essa cerveja também. — Estremeceu ao beber, estava quente.

Aline tomou seu banho, quente, relaxando seus músculos. As costas agora começaram a doer, o bebê estava crescendo. Passou sabonete líquido por seu ventre rechonchudo e sorriu, estava assim agora, á todo momento que pensava, estava ninando seu bebê, sozinha, protegendo seu sonho.

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