21º Capítulo

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Sophia dormiu novamente, acalmando os ânimos que estavam à flor da pele. Levantou-se com preguiça, tomou um banho e vestiu uma roupa confortável. Voltou para a sala procurando algo em sua TV plana e irritou-se por não passar nenhum programa útil.

— Carlie. — Chamou a amiga que havia saído, alguns minutos antes. — Atenda a porta, estão tocando! — Esperou que a campainha parasse, era um saco ter que levantar e atender quem quer que seja.

E lá se foi ela, levantando devagar, indo até á porta e rodando as chaves que estavam no portal. Uma mulher apareceu em sua frente, usava scarpins de alguma marca famosa, um vestido tubinho na cor preta, óculos Ray Ban Wayfarer do mesmo tom e tinha os cabelos loiros, assim como os de Sophia. Pela sua face, deveria ter uns trinta e cinco anos.

— Você é a senhorita Abrahão? — Foi confiante ao perguntar.

— Sim... Algum problema? — Franziu o cenho, apoiou o pé esquerdo em seu tornozelo direito.

— Estou aqui pelo mandado do senhor Borges. — Entregou á ela uma pasta, na cor cinza. — Quero que venha comigo para uma reunião.

— Reunião? — Franziu mais ainda as sobrancelhas. Não queria nem morta ter contato com Micael, o homem que quase lhe matou.

— Sim, uma reunião. — A mulher loira respirou fundo. — Por favor, me acompanhe!

— Eu não vou á lugar algum. — Bateu os pés, não iria mesmo.

— Eu preciso levar a senhora, se não...

— Se não, o que?

— Meus seguranças irão te levar. — Mexeu os lábios com um batom vermelho. Sophia bufou, não teria jeito, á não ser que chamasse a polícia.

Não iria chamar a polícia, iria com a mulher loira que tocou em seu apartamento. Pediu alguns minutos e entrou ao seu quarto novamente, buscou um shorts jeans, saltos da Prada e uma blusa de botões Zara Animal Print. Estava horrível com aquela roupa, mas não poderia manter os olhos de Micael em si, tinha que estar nada apresentável.

Foi acompanhada pela mulher que lhe levou até um Volvo prata, sentou-se nos bancos de couro e mexeu em seu IPhone enquanto não chegava ao local combinado. Sophia não sabia onde estava indo, e nem sabia se voltaria viva para casa, só mandou mensagens para Carlie avisando a amiga que iria demorar, por dias ou até por horas. Avistou a grande empresa espelhada, carros de luxos estacionados no outro lado da calçada e executivos andando de um lado para o outro, na recepção. Sophia foi atrás da mulher loira, perdida no mundaréu de pessoas milionárias, adentrou ao elevador e esperou que subisse, não fazia a mínima idéia de onde estava indo.

— Vou lhe deixar na sala de reuniões, o senhor Borges não irá demorar. — A mulher loira avisou, abriu à porta de madeira maciça para Sophia, que entrou, observando a imensa mesa, também de madeira, e as cadeiras em couro. Sentou-se na primeira, na ponta esquerda, respirou fundo enquanto batia as unhas na espera de Micael.

Quanta baboseira! Pensou.

— Desculpa a demora, senhorita Abrahão. — Micael havia entrado na sala, com seu traje social. Arrumou a gravata e sentou-se na outra ponta, no lado direito. — Eu gostaria de fazer algumas perguntas, enquanto não damos início à nossa reunião. — Colocou uma das mãos no bolso da calça social.

— Por que me trouxe aqui? Não gosto de joguinhos!

— Alguém aqui está jogando?

— Eu sei que você está, quase me matou, e sei que quer me matar novamente.

— Eu quero sim lhe matar novamente, mas não será útil. Polícias viriam atrás de mim, eu teria que me esconder, não seria mais um homem grande em negócios e infelizmente deixaria minha mulher viver sozinha, enquanto dividiria uma cela com... Cinco detentos? — Debochou. — Faz tempo que está saindo com Aline?

— Lhe interessa?

— Se estou perguntando, creio que sim. — Mexeu em sua gravata. Não tirava os olhos castanhos de Sophia.

— Aline e eu ficamos amigas no café, depois do jantar em sua casa, ficamos mais íntimas ainda. — Sorriu, lembrando-se de Paris. — Fizemos uma viagem, transamos em sua confortável cama enquanto você estava em negócios, como sempre. — Sorriu falsa. — Ainda consigo sentir o gosto do clítoris dela, na ponta da minha língua.

— Vagabunda. — Disse calmo.

— O que quer de mim, Micael Borges?

— Eu gostaria de foder você, em cima dessa mesa. — Pausou. — Mas estou com tanto ódio que não consigo fazer isso.

— E me chamou para que?

— Para lhe fazer uma proposta. — Sorriu, maléfico. — Aline decidiu que quer você ao lado dela, e brigou comigo por quase ter te matado. Tiveram sorte de tacar alguma coisa na minha cabeça, foi cômico à parte. — Cruzou as mãos.

— Ela me quer ao seu lado?

— Sim! Parece que está... Apaixonada por você. — Engoliu seco. Doeu em sua alma dizer aquilo, principalmente para uma mulher. — Não sei qual encanto fez, mas deu certo.

— Apenas dei o carinho que ela precisava.

— Aline tem carinho demais perto dela, não precisava sair do seu mundinho patético e comer a minha mulher.

— Acontece que Aline é uma mulher evoluída, mas infelizmente, te ama.

— Acontece. — Jogou a pasta em cima da mesa, que caiu nas mãos de Sophia. — Este é um contrato, com todas as cláusulas que precisa saber. — A mulher abriu a pasta. — Aline conversou comigo, disse que lhe queria perto dela, e eu hesitei, briguei, xinguei. Fiz de tudo para que isso não acontecesse. — Pausou. — Aline me ameaçou em deixar, se não fizesse essa... Loucura.

Sophia não estava entendendo, nunca tinha lido um contrato com imensas cláusulas. Aquilo era cruel para ela, que era uma prostituta, apenas.

— Pode me explicar o que é isso? — Tinha os olhos azuis centrados em Micael.

— Um convite para sermos um casal á três.

A sala ficou em silêncio.

— Como? — Sophia franziu o cenho.

— Se você assinar, seremos um casal á três, com direito a tudo. Você irá morar em minha casa, dormir em minha cama, usar os meus utensílios e viver comigo, e com Aline.

Aquilo era uma tremenda loucura! Sophia ficou perplexa, estava mexendo com os Borges, e não teve resultados bons.

— Um casal á três?

— Exatamente. — Disse simples. — Estou aberto para todas as suas dúvidas.

— Se fizer isso... Não irá maltratar Aline?

— Eu não maltrato a minha mulher.

— Sabemos. — Sophia mexeu em seus cabelos. — Eu irei ler e reler, pesquisar mais sobre esse mundo. Não posso abandonar a minha carreira.

— Chama prostituição de carreira? — Micael achou graça.

— O modo onde consigo ganhar dinheiro.

— Patético. — Mexeu-se na cadeira de couro. — Saiba que, não precisará se matar de transar para comprar aquisições da Chanel. Eu lhe darei uma conta especial, começando por trinta e oito milhões de dólares, para você comprar as suas coisas, em mudança.

— Trinta e oito milhões? — Micael assentiu. — Me passe a caneta, por favor.

— Não irá ler? — Arqueou uma sobrancelha.

— Tenho certeza que estou fazendo a coisa certa. — Micael assentiu, mais uma vez. Entregou sua caneta de ouro para Sophia, que revirou as páginas do contrato até achar a última folha, dando sua assinatura. Agora era uma clã dos Borges, fazendo o errado, misturando-se com o homem que quis lhe matar mais cedo. Mas tinha uma boa ideia, iria salvar o casamento dos dois, com algo que mais sabia fazer nessa vida.

Sexo.

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