Capítulo 26

3.5K 291 159
                                    

Terminei de me arrumar para festa pouco tempo depois. Deixei meus cabelos soltos e optei por uma roupa mais casual, shorts de ondinhas e blusa ciganinha. Desci para o jardim e as meninas já estavam lá. Any agarrada a Josh e Joalin dançando com Bailey. Apesar de haver bastante gente conhecida por ali, gostaria de passar a festa com as minhas melhores amigas.

Entendo perfeitamente o lado delas, é claro que vão querer ficar com os respectivos namorados, mas era meio triste ser a única das três que precisaria fazer força para se enturmar, já que sua turma preferida não poderia fazer companhia.

O lugar estava bem decorado e a noite as luzes piscando ficavam ainda mais lindas. Fui até a mesa de bebidas, peguei o copo e enchi de água. Enquanto minhas amigas namoram, eu me hidrato.

No primeiro gole já percebi que não era água, desceu queimando pela garganta. Além de encalhada ainda sou cega.

- Até que é bom. – comentei sozinha.

Percorri os olhos pelo lugar. Havia umas pessoas mais velhas como nossos pais que se concentravam nas mesas ao fundo. Outra galera de amigos da Joalin conversavam animados em volta de outra mesa. Os padrinhos de Any dançavam na pista e aproveitavam para se conheceram melhor. Nossos outros amigos em comum estavam espelhados pelos diversos grupinhos. Mas havia outra pessoa que também estava sozinha, do outro lado das mesas encostado nas escadas de frente para o casarão.

Não dava para ver seus olhos, mas parecia estar alheio a toda aquela agitação. Sentia-se solitário e deslocado assim como eu. Que irônico era o destino, estávamos os dois sozinhos. Isso me recorda a última vez em que estivemos na mesma festa, faz tanto tempo e ainda aparece tão vivo em minha mente.

Éramos tolos por não assumir o que queríamos desde o começo e deixamos tudo para a última festa em que estaríamos juntos. O ressentimento daquele dia ainda é grande dentro de mim, mas bem menor do que era no dia em que bati em Noah.

Mudei muito desde então, não sou mais aquela garota rancorosa que descontada todas as fúrias nos outros. Hoje tento fazer piadas com elas. Aprendi a levar a vida mais leve e isso mostra o quão aprendi também a ser solteira. Só existem dois tipos de encalhadas as que fazem piada de tudo e as que são carrancudas. Prefiro a primeira opção.

Mas olhando ele ali sozinho e disperso de tudo que ocorre até deu certa vontade de ir lá e fazer companhia, como da última vez em que fomos parar no quarto dele. Mas aquele tempo ele era insensível e solteiro. Hoje é sensível e comprometido.
Porque sinto aperto no peito tão grande toda vez que lembro que ele é comprometido? Não devo gostar dele, não mais. Noah já seguiu a vida dele, é feliz com a namorada e tudo que eu preciso dele é que me livre do azar. Não me perdoaria se o separasse de quem ele ama. No fundo é isso que quero também alguém que me ame.

Virei o copo de uma vez, e senti na hora a ardência na garganta, quase não consegui engolir tudo. Mas aquilo me daria coragem. Fui caminhando até Noah por trás. Ele não me viu se aproximar.

- Deslocado? – parei ao seu lado olhando o movimento.

- Um pouco, mas faz tempo que não compareço a uma festa dessas... E você, também parece deslocada?

- Noah, você me acha depressiva? – perguntei. Às vezes meus pensamentos parecem depressivos, fico nessa de ser desesperada por um homem. Não preciso de um homem. Não preciso.

- Te acho maluca, mas depressiva jamais.

- E encalhada? Acha que eu to encalhada? – ele não era a melhor pessoa para se perguntar isso, mas tinha que tirar essas idéias da cabeça.

- Encalhada? – riu. – Um homem tem que ser muito bobo para deixar você passar despercebida Sina. É divertida, bonita, fofa. Qualquer pessoa que estivesse com você, será uma pessoa de sorte. Jamais ficara encalhada.

Olhei pasma para ele, não imaginava que tinha essa imagem de mim. Pensei que ainda me odiava, e hoje mais ainda, estou querendo destruir o relacionamento dele só para me livrar do azar. Mostrando meu lado egoísta e ele mesmo assim me enxerga como uma boa garota. Porque ele não é esse cara de sorte?

- Você acha isso? – sorri. – Nossa não imaginava.

- Claro que acho.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Pode. – me olhou.

- Se você não namorasse, não gostasse da sua namorada... Acha que poderia gostar de mim? Ser meu namorado? – aquela pergunta soou estranha, mas eu estava louca para ouvir um sim. Porém ele abaixou a cabeça e permaneceu em silencio. Como sou tonta. – Ah quero dizer, não é claro que não. Odiamo-nos não é? Não tem nada a ver, jamais daríamos certo. E você namora também então...

- Sina... – o interrompi.

- Tudo bem, acho que já bebi um pouco demais. Não sei o que estou falando. Esquece isso. – sorri sem graça. Dei um fora e tanto. Estou me iludindo nessa historia. Ele não vai dormir comigo e nunca vai gostar de mim. O mais surpreendente é o quanto isso dói. – Er... Preciso falar com a Joalin, depois nos vemos.

Sai o mais rápido que pude. Só posso estar ficando bêbada já, que pergunta idiota fui fazer. Ele nunca gostou de mim, hoje ele só me tolera e ri das minhas idiotices. Voltei para a mesa de bebidas, acho que o que tomei era vodka, parecia. Enchi o copo de novo.

Conversei com algumas pessoas, e lá se foram mais dois copos de chope e três de batidinha de morango. Se não parar vou dar vexame, mas estava tão envergonhada que me afogar no álcool era a melhor maneira de fugir.

Uma dança junto com a galera e mais um shot de tequila. Estou misturando demais. Minha cabeça já estava ficando pesada e sentia meu corpo ser aquecido pelo álcool. Any e Joalin se aproximaram sozinhas pela primeira vez na noite.
- Sina... – Joalin me abraçou sorrindo.

- Uhuuu, vamos dançar. – as puxei. Minhas pernas estavam meio bambas, mas era meu único momento com minhas amigas.

Fomos nós três para o meio dançar, estava tocando uma musica eletrônica. Comecei a seguir o ritmo da musica e pular muito como sempre fazia, mas dessa vez a adrenalina parecia maior. Era como se a musica me contagiasse ainda mais.

As meninas logo perceberam que tinha algo de errado comigo, estava me jogando mesmo e até tentava umas reboladas, o que sempre tive vergonha. Comecei a descer até o chão quando a musica mudou.

- Lança menina, lança todo esse perfume! UHUUUUUUU. – gritei. Chamei a atenção de algumas pessoas, mas nem liguei.

- Sina você ta bem? – Joalin perguntou em meu ouvido.

- Muuuuito. – gargalhei alto.

- Esta bêbada não é? – ouvi Joalin falar para Any.

- Calem a boca e cuurtam a música. – não consegui parar de rir. – Wok, work, work.

Estava embolando as palavras, mas não conseguia parar de dançar. Tentei rebolar de acordo com a musica, mas sei que quase não mexia os quadris. Sempre fui péssima na dança, mas não estava nem ligando.

- Exxtou parencendu a Riri? – apesar de estarem preocupadas as meninas não conseguiram deixar de rir, e eu também. Nem em sonhos parecia a Rihana. – AI TRAVEEEEEEEEEEEEEI! – gritei.

Procura-se o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora