S I N A
Era sexta-feira à noite e nenhuma de minhas amigas queria sair. Josh iria dormir na casa da Any e os dois não estavam a fim de movimentação. Joalin também estava fora, parece que ela e Bailey combinaram de não ficar com outras pessoas e para Joalin isso se resumia a não ir a boates e bares. Ou seja, estava sem minhas companheiras.
Pensei então em meus pais, mas mamãe me avisou que os dois iriam a um jantar, ela até foi legal e me chamou para ir junto, mas sabia que torcia para que eu recusasse. Era o momento dos dois, não iria atrapalhar. Restava então somente eu e meu apartamento. Não havia comida na geladeira, talvez alguns congelados, mas nada especial para uma sexta.
Decidi passar no mercado comprar um vinho e fazer espaguete. Àquela hora era a pior no mercado, muitas pessoas saíam do trabalho e davam uma passadinha ali. Eu era uma delas.
Enquanto passava pelas gôndolas pegava mais coisa do que realmente precisava. Macarrão, molho vermelho, queijo ralado, cebolinha e por fim vinho. Passava prestando atenção nas coisas que havia nas prateleiras e como meu espírito atrapalhado sempre entra em ação bati em um carinho e bateu na enorme pilha de caixas de sabão em pó que vieram ao chão. Todos que estavam à volta olharam para mim, enquanto tentava me recuperar de levar uma das caixas na cabeça.
-Ai meu Deus, olhe juro que não fiz por querer. Na verdade eu tava meio distraída. É que sou assim mesmo sabe, não percebo o que estou fazendo. – tentei me explicar para o dono do carrinho, mas assim que o vi fiquei muda.- Sina?
Não é possível, tantas pessoas no mundo, na cidade, no mercado e eu tinha que esbarrar e derrubar milhões de caixas em Noah.
- Noah, que ta fazendo aqui? – perguntei. No alto falante alguém dizia para irem até o corredor que estávamos arrumar aquela tremenda bagunça.
- Compras. – respondeu óbvio.
- Seu carrinho esta vazio. – ele sorriu e seguimos juntos o caminho atrás dos vinhos. – Sua mãe te mandou vir?
- Pois é ela manda eu obedeço. E você jantar especial?
- Solitário eu diria, todos me dispensaram essa noite.
- Que coincidência, também estou solitário essa noite. – me olhou sugestivo.Era muito coincidência nos encontrarmos no mercado, ainda mais depois de ter tido uma "conversa" com a namorada dele. Mas era bom vê-lo de novo, fazia-se quase uma semana que ele não foi atrás de mim e também não fui atrás dele. Não adiantava não é? Ele não me queria por perto.
- Porque não juntamos nossa solidão? – o olhei, não podia negar que isso seria um ótimo motivo para conseguir me livrar do azar. Mas naquele momento isso não estava me importando. Gostaria muito de ter um jantar com Noah, juntar nossas solidão, mas não sei se ele estava tão disposto assim.
- Sua namorada não vai gostar, e acho que você não quer fazer nada que não a agrade não é? – segui andando a sua frente.
- Não estou nem ai para o que ela pensa. – veio atrás de mim. Sua resposta me surpreendeu, para quem havia dito que não poderia ter traído a namorada durante quase um mês desde que estou o caçando, essa resposta era bem reveladora.
- Não mesmo?- Não. – parou diante de mim. – Qual é Sina, só um jantar. Posso ajudar a cozinhar...
Como dizer não aquele rostinho fofo, me olhando com tanta ternura? Noah é uma incógnita, primeira diz que não pode ficar comigo, depois avisa minhas amigas que não devo insistir nele e agora me chama para jantar. O que ele quer afinal? Seus sinais me confundem e sinto um grande medo de me perder nessa confusão e sofrer por isso.
- Escolha um vinho. – cedi. E ele sorriu, só de olhar aquele sorriso já valeu a pena topar.
Escolhemos mais algumas coisas e seguimos para o caixa, Noah se ofereceu para pagar, mas claro que recusei. Ficamos conversando até passarmos no caixa e empacotarem as coisas. Ele não sabia onde morava então seguiu meu carro até o prédio, meu apartamento ficava no terceiro andar, tinha um pouco de medo de morar um pouco alto demais e passar muito tempo no elevador.
- Chegamos. – abri a porta e deixei que ele entrasse com as compras.
- Apartamento legal. – comentou olhando em volta. – To pensando em alugar um também. – fui junto com ele para a cozinha guardar as coisas.- Se não for esse prédio já esta ótimo. – disse em tom de brincadeira.
- Porque não Sina? Adoro ouvir musica alta as dez da manha no domingo. – riu.
- Te jogaria pela janela. – me apoiei no balcão para olhá-lo da sala.
- Não duvidaria. Então será que posso usar seu telefone?
- Cadê o seu?
- Deixei em casa, quero me desligar um pouco. – apenas assenti.
Havia alguma coisa errada, primeira quis jantar comigo, depois disse não se importar com o que Zöe pensava e por fim não trousse celular. Isso não era normal, havia acontecido alguma coisa entre eles. Isso era bom?
Ele ligou para a mãe e avisou que não iria jantar em casa. Vamos analisar o lado positivo se eu encher ele de vinho, talvez me livre do azar. Imagine só longe do azar, poderei dar muitos beijos naquele Théo e mais ainda em Noah. Poderia pegar os dois, principalmente o Noah e ele ia se ferrar com o azar iria rir muito.
Acho que eu já estava rindo só de imaginar, ele não conseguir ficar com ninguém, ser todo atrapalhado na frente de Zöe, enquanto eu seria a rainha da pegação, todos os homens correndo atrás de mim, conhecendo um homem que esteja a fim de casamento. Tenho tudo bolado.- Tá com esse sorriso ai por quê? – voltei ao mundo real com Noah me chamando. Ele estava sentado na poltrona perto da janela. Estava tão bonito, os cabelos bagunçados, uma roupa casual, mas que combinava tão bem com ele. Só a maneira de se portar já mexia comigo. Apesar de ter toda uma ilusão sobre meu azar, o que mais me agradaria era poder jantar todas as noites com Noah. E acho que isso estava óbvio em meu rosto.
- Porque tá me olhando assim? Não esta pensando em me matar não é? – perguntou abrindo um sorriso brincalhão. Esse sorriso mexia comigo lá dentro, meu coração saltitava diferente, sentia algo bom, uma sensação maravilhosa. Como fui me envolver tanto?
- Sim, com a faca da cozinha. – ri. – Pode vir aqui senhor Noah, você vai me ajudar.
Ele veio de bom grado e começamos a cozinhar. Noah era muito mole foi cortar uma cebola e logo começou a dizer que estava com os olhos ardendo.- Você é um molengão mesmo em? – peguei a faca da mão dele. – Já vou avisando tá, sou péssima na cozinha.
Comecei a cortar devagar, nunca fui muito boa com facas. Noah ficou ao meu lado me olhando, sentia seus olhos me analisando de cima a baixo. Olhei de canto de olho, ele tinha um pequeno sorriso nos lábios, como se gostasse do que via. E foi o suficiente para me deixar nervosa, minhas mãos pareciam tremer e como era de se esperar cortei o dedo.
- Ai. – gemi de dor e na hora senti o sangue escorrer.
- Nossa Sina, você é sempre atrapalhada mesmo em? – segurou minha mão. – Acho que não foi um corte fundo, precisava lavar.
- Não Noah, dói. – reclamei manhosa.
- Uma mulher desse tamanho com medo de passar dor. Confie em mim, vou cuidar de você. – Era isso que mais queria, mas não podia dizer isso a ele.
- É médico por acaso?- Não, mas posso cuidar dos seus ferimentos com muito amor.
Ele se referia a minha mão ou a todos os ferimentos que já sofri? A tristeza de me sentir sozinha, a raiva que senti por ele naquela noite a tantos anos atrás. Ele me olhava com ternura, do jeito que sempre quis que alguém me olhasse.
Quando dei por mim já estava cara a cara com ele, ficando na ponta dos pés para me aproximar ainda mais daquele rosto tão familiar. Nossos olhos estavam perdidos um na imensidão do outro e nossos lábios estavam a ponto de se encontrar. Até esqueci-me da dor que sentia por conta do dedo. Parecia existir somente Noah e seus lindos olhos.
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Procura-se o amor
Fiksi RemajaSina nunca teve sorte em seus relacionamentos, era como se o azar estivesse sempe ao lado dela nesse quesito. Essa maré de azar dura desde o ensino Médio. Todas as suas amigas estão com pé no altar, enquanto ela não consegue ninguém. Entretanto no e...