Capítulo 17

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- Vo-você?

- Podemos conversar? – olhou para mim e depois para Carol.

Não poderia crer que estava em minha frente de novo, depois de toda a vergonha que passei na ultima vez em que nos vimos. Será que não havia me visto correndo do cachorro e chorando como uma problemática na rua? Não é possível que ele não tenha visto. Todo mundo que morava naquele bairro deve ter ouvido meus gritos. E esta de novo em minha frente, me enfeitiçando com seus olhos.

- Devo chamar a policia? – Carolina perguntou baixinho.

- Deve sumir daqui, vai Carol. – ela logo obedeceu e nos deixou sozinhos. Levantei de minha cadeira e fui para frente da mesa o encarando melhor. – O que faz aqui?

- Que belo jeito de me cumprimentar não? Oi para você também.

- Oi. – revirei os olhos. – Como me achou? Instalou um chip rastreador em mim, você me acha em qualquer lugar.

- Talvez estamos conectados Sina... – Estava falando do jeito em que eu pensei? Conectados de uma maneira mais romântica, fictícia.

- Conectados pelo que? Pelo pé? – comentei a primeira asneira que veio em minha mente.

- Você pode sair um pouco, preciso mesmo falar com você. Podemos almoçar?

Sem muito pestanejar aceitei o convite, estava quase na hora do almoço e estava faminta. Indiquei um restaurante perto do edifício, daria para ir de a pé. O caminho foi quase um silencio absoluto, estava envergonhada demais até para falar bobagens. Assim que chegamos fizemos os pedidos.

- O que quer falar comigo? – perguntei quase desesperada. Estava ansiosa para como me achou e o que queria comigo.

- Vim te devolver. – colocou minha jaqueta em cima da mesa. Gelei. Se ele trouxe a jaqueta e ainda estava vivo, é porque ela virá atrás de mim.

- Ah Noah não. Não me diga que ela descobriu tudo e vai vir atrás de mim, como uma serial killer e querer me torturar, pelo suposto chifre que acredita que levou? – meus olhos estavam arregalados e minha pulsação acelerada. Sou muito nova para morrer.

- Do que está falando?

- Da sua namorada. Ela descobriu não foi? Tentou te matar? Ela vai vir me matar? Ah Urrea, por favor, não há deixe fazer nenhum trabalho para mim, já sou bem azarada de nascença. – Se essa garota fizesse algo assim, eu estaria totalmente ferrada. Já não tenho um pingo de sorte, imagine com alguém atrapalhando minha vida então.

- Sina, você ouve o que diz?

- Noah, eu juro não queria estragar a relação de vocês, não sou a vilã. Olhe bem para mim, meu cabelo nem é tão sedoso quanto os das vilãs, e nem uso batom vermelho o tempo todo. Não quero estragar a relação de vocês, sei que sou culpada. Mas não fiz nada, você sabe não sabe? Não houve nada, por favor, fale isso para ela. – implorei.

- Sina, para! Ela não sabe. – meu queixo quase caiu. Como não sabe? Ele não era o senhor certinho, deveria ter contado. Agora estou me sentindo mais culpada ainda, sou a outra da história.

- Como não sabe?

- Eu inventei uma história, levo uma blusa de minha mãe comigo. Quando a saudade aperta recorro a ela, então usei isso para justificar.

Noah era o mesmo mentiroso de sempre. Sabia disso. Essa história de mudança é tudo fachada no fundo ele continua o mesmo mentiroso e cafajeste de sempre. No tempo do colégio, ele sempre enganava as garotas e me enganou também. Que filho da mãe!

- Você mentiu? Cadê a sua nova postura de homem sério? – o questionei.

- Você queria que eu contasse a verdade de um crime que não cometemos? – Até que tinha razão, não houve nada além de um beijo.

- Mas podemos cometer... – arqueei a sobrancelha maliciosa. Precisava aproveitar essas oportunidades, quem sabe não me livro do azar.

- Sina, não podemos, sou um homem comprometido.

- Homens comprometidos não olham para o meu decote. – ele estava olhando desde que nos sentamos, mas estava ignorando, porém agora é uma boa carta na manga. Noah engoliu em seco e desviou os olhos na hora. – O que tem demais Noah, vai ser rapidinho. Tenho as algemas. – disse sedutora.

- Algemas? – me olhou estranho, e percebi que não devia ter falado isso. Não devo contar a ele sobre meus desejos sexuais, já que o principal deles não há de cumprir. E também algemas assustam, vai achar que vou prendê-lo e deixá-lo no quarto. Seria uma boa ideia prende-lo na cama.

- Alma gêmea. – disse a primeira coisa que veio em minha cabeça. – Disse alma gêmea, você e a sua namorada são almas gêmeas. O que vamos fazer não vai afetar a relação de vocês. Eu juro. – me aproximei dele.

- Sina eu não vou fazer isso. Que ideia maluca essa! – se aproximou também. Eu ainda tinha uma chance, não havia porque ele negar. No fundo, no fundo sabia que queria também.

- Duvido se eu sentar no seu colo você ainda desistirá. – desafiei. Ele abriu mais os olhos e prendeu a respiração e depois soltou de uma vez. Essa ideia havia feito pensar.

- Sina...

- O escritório está vazio, todos saíram para o almoço. Minha sala tem tranca, podemos aproveitar. – estávamos bem próximos apesar de a mesa nos separar. Podia sentir a respiração tensa dele, estava avaliando a situação. – Vamos Noah, por favor, depois eu largo do seu pé. Arranjo um namorado, bonito, carinhoso, que goste de mim. E cada um segue a sua vida, nem vamos lembrar que isso aconteceu. – tentei convencer mais uma vez.
- Mas estarei traindo ela.

- Estará me fazendo um favor Urrea, somente isso. Depois cada um seguirá a sua vida. Por favor.

Seria apenas um favor, depois disso eu seguiria minha vida e ele a dele. Não haveria sentimentos. Não há sentimentos não é?

- Você não me dará nenhum soco na cara ou ficará emburrada comigo como fez no passado?

- Não ficarei emburrada, pois agora não haverá significância para nenhum de nós. – No passado havia ficado muito revoltada, porque ele tratou tudo com descaso e me ignorou totalmente. Mas agora não importa, somos adultos e isto será somente mais uma transa, nada de envolvimentos.

- Quem disse que não houve significância? – Aquela pergunta quase me fez perder o clima. Eu gostava dele, tinha dito isso quando ele me tirou uma das coisas mais preciosas de uma mulher. E só agora depois de dez anos ele vem com essa história de significância. Só houve significado para mim e pensarei assim para sempre.

- O escritório está vazio. – sussurrei tentando fazer uma voz sexy. Precisava manter o foco.

- Você vai sentar no meu colo? – concordei com a cabeça e mordi os lábios. Era hoje. Tinha conseguido.

MEU DEUSSS A SINA NÃO TEM VERGONHA NA CARA MESMO, EU TO QUASE ME ENTERRANDO DE TANTA VERGONHA, JURO.

Procura-se o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora