Procura-se o amor

Capítulo 23

- Sina, você se machucou amiga? – Joalin veio correndo até mim.

- Não, só foi um susto.

- Você não leve o menor jeito com os animais.

- Eu sei Baileyzinho.

- Não me chama assim! – mostrei-lhe a língua.

Any vinha correndo em nossa direção junto com Josh, os dois tinham a testa enrugada e era nítidos a preocupação e cansaço de ambos.

– Eu não agüento mais isso, e ainda nem começou. Estou cansada dessa gente adulta.

- E você não é adulta Any? – questionei.

- Queria não ser. – se encostou em Josh.

- Tudo vai dar certo amor. – deu-lhe um beijo em sua testa.

Queria ter um relacionamento como os dois, se conhecem a tantos anos, sabem absolutamente tudo um sobre o outro. Passaram por muitos momentos juntos, coisas importantes de verdade, como a formatura do ensino médio, os anos difíceis na faculdade, então o noivado, e agora a espera de um filho. Eles formam um casal lindo e forte.

Nunca tive um relacionamento assim, nenhum deles passou por se quer uma fase. Sempre foram rápidos e sem sentimentos. Parecia que não havia encontrado o amor de verdade, que eles não me amavam e eu também não os amava. Nenhum deles me olhava como Josh olha para Any, e eu nunca tive tanto zelo por eles como ela tem por Josh. Acho que nunca amei de verdade.

Na hora do almoço foi uma confusão sem tamanho era muita gente e todos se confundiram muito para entender o Buffet, mas no final todos se acomodaram na enorme varanda. Sentei-me junto com meus pais, Joalin e Bailey.

Estava em ótima companhia, Bailey era bem divertido e meu pai fazia suas típicas piadinhas, os dois estavam se dando bem, enquanto Joalin era só sorrisos. Mais uma amiga que se vai. Estávamos conversando e rindo bastante com os dois. O barulho era grande, apesar de o ambiente ser aberto, havia muito burburinho.

Distrai-me da conversa e olhei a volta observando as pessoas que havia ali. A família de Josh inteira havia vindo e boa parte da de Any também, além dos amigos. Tinha muitas mesas distribuídas por todo o lugar, olhava algumas delas tentando lembrar se os conhecia, quando meus olhos esbarraram com os olhos claros do Noah.
Ele estava me observando... Quero dizer, estava me olhando há muito tempo? Não havia percebido seus olhares antes. O que ele quer de mim? Noah namora se diz um homem certinho, mas ainda assim é como se ele viesse até mim atraído por um imã, como se ele quisesse vir até mim.

Isso é confuso, sei que preciso dele e muito. Ele será meu salvador para conseguir encontrar alguém assim como Any e Joalin conseguiram. Mas não é fácil, é como seguir uma estrada com farpas e agulhas, deve olhar exatamente onde esta pisando ou poderá se machucar. Este é o problema estou começando a pisar nas farpas.

Era meio deprimente saber que de todas as suas amigas você é a única que estava solteira. A única que nunca soube ao certo o que é se apaixonar.

Fui para a parte mais afastada do Jardim. Havia um caminho de flores e arbustos por ali. Tinha umas florzinhas rosas, queria ter um vasinho dessas em casa. Acho lindas. Estava olhando o que colocavam para ela vingar, nenhuma plantinha da certo comigo.

- É esterco. – Uma voz soou atrás de mim e quase meti a cara na terra.

- Que susto Noah. Você gosta de aparecer de repente não é? – coloquei as mãos na cintura e o encarei.

- Digamos que este é meu dom. – sorriu presunçoso.

- Um péssimo dom. Gosta de me seguir não é? Sua namorada não vai gostar de saber disso. – ataquei. Essa aproximação dele às vezes é muito estranha. Não ama Zoe, então porque vem atrás de mim?

- Nem eu gosto Sina... – Esse é o jogo dele: confundir-me com as palavras.

- Então porque está sempre na minha cola?

Nossos olhares se encontraram e continuávamos nos encarando. Como se não pudesse mandar em meu próprio corpo ele ia em direção a Noah e o mesmo se aproximava cada vez mais de mim. As nossas reações e sentimentos eram estranhas, apesar dele negar com todas as forças que não queria me ter por perto e não podia, continuava perto de mim e continuávamos dividindo momentos.

Ele queria se afastar e eu também sabemos o quanto essa aproximação é arriscada e sei mais ainda o quanto posso sair machucada. Noah tem alguém, para ele isso seria apenas uma traição, um envolvimento. Mas e eu que estou vulnerável a qualquer aproximação, qualquer demonstração de afeto, estou procurando o amor e posso achá-lo na única pessoa que não posso ter.

Estávamos à beira de um beijo, seus lábios já roçavam os meus e sentia nossa respiração irregular. Estava fechando os olhos e me entregando aquele momento quando ouvimos um barulho atrás de nós.

- Urrea querido?

Gelei. Meus batimentos já estavam irregulares com a aproximação dele, mas ouvir a voz da mãe dele me deixou ainda mais tensa. Ela não podia me ver.

- Amor já vai começar o ensaio e quero a sua ajuda também para a festa da Joalin. Você é ótimo enchendo balões. – a voz se aproximava cada vez mais. Trocamos olhares e sem pensar muito fui entrando no meio dos arbustos.

Não sei onde eles terminam e nem onde dão. O caminho de arbusto e flores é grande e acabei indo rápido demais de costas no meio deles.

- Oi mamãe – ouvi a voz de Noah e depois senti como se estivesse caindo no abismo.

Os arbustos haviam acabado, mas escorreguei e cai de costas no meio de matos e ervas daninha.
- AAAAAAAH! – era um brejo e eu estava suja de lama e água e tinha sapos perto de mim. – QUE NOJOOO!

Tentei levantar, mas escorreguei antes de me manter firme. Havia lama no meu cabelo, folhas grudadas nos meus braços e sapos fazendo barulhos para mim.

- Sina? O que você tá fazendo ai menina? – a mãe de Noah foi a primeira a aparecer. – Ajuda ela Noah.

- Sempre levada não é Sina. – me estendeu a mão.

Cai ali por culpa dele e agora vem dizer que sou levada? Não ia deixar essa barato. Ao invés de segurar a mão dele o puxei. Caiu no meio do lamaçal com água e sapos pulando. Bem feito.

- Sempre Noah. – lancei um olhar desafiador.

- Meninos, olhem só para vocês. O ensaio começa agora como vão assim? – Alexandra estendeu a mão para nos ajudar. Primeiro saiu Noah e depois ele me ajudou.

- Acho que precisamos de um banho antes mãe. – me olhou.

Espera ai, banho? Nós dois?

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