Capítulo 48

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Não acredito que estavam fazendo isso. Flores, bombons ou bichinhos de pelúcia não irão me ajudar a decidir nada. Que droga tudo isso que está acontecendo! Não quero os dois competindo com presentes, aliás, nem os queria competindo. Mas como direi a um que aceito e a outro que não? Não quero tomar a decisão.

O resto do expediente foi tranqüilo, nenhuma mensagem, nenhuma loucura de amor. Nada. Isso era muito bom, me afastar um pouco desses malucos. Segui o trajeto para casa normal, no caminho liguei para pedir comida e iria ficar a noite toda sozinha. Pelo menos foi isso que pensei.

O prédio em que morava não ficava a muito tempo de distancia do escritório então cheguei logo. Estava exausta, só quero um banho e poder dormir. Tirei os sapatos assim que entrei no saguão, estava com muita dor nos pés, usar salto é terrível. Caminhei por aquele piso frio e pude sentir o alívio, meus pezinhos agradeciam.

Tomei um susto enorme quando alguém com um alto falante na calçada começaram a me chamar.

- Sina! Temos uma surpresa para você o carro do som do amor está aqui na frente a sua espera!

Isso é uma brincadeira? Ele não disse carro de som? Um carro de som na frente da minha casa existe vergonha maior? Caminhei exasperada ate o fim do saguão perto do jardim de entrada e havia mesmo um fusca azul cheio de corações vermelhos e uma mulher em pé na porta do carro falando pelo alto falante.

- Você apareceeeu! – gritou a mulher. O som alto estava chamando atenção de pessoas que passavam na rua e algumas até paravam para olhar. – venha, venha aqui fora! Temos muito o que lhe falar.

A mulher me chamou e pensei seriamente em sair correndo, mas todos que estavam ali fora olhavam para mim e o portão havia sido aperto para eu passar. Que vergonha!

- Temos uma mensagem para você Sina, de uma pessoa muito especial. Ela nos mandou aqui para mostrar o quanto você é querida!

Estava ficando vermelha e ia caminhando lentamente para a entrada do prédio. Com certeza foi um dos dois, mal sabem eles o quanto isso é vergonhoso. Não é uma declaração de amor é uma pagação de mico sem vim. A moça que falava ao alto falando saiu de perto do carro e fez alguma coisa no chão quando eu estava perto o suficiente e então fogos de artifício começaram a sair do chão. Meu coração disparou de susto e quase cai dando alguns passos para trás.

- Sina! – a mulher exclamou precisei segurar nas grades do portão para não cair com esses gritos esporádicos. – talvez você não entendesse a imensidão desse sentimento, tão pouco você sabia sobre os meus reais alentos. Mas olha que irônico é o destino e mais uma vez nos esbarremos. As palavras que não saem de minha boca estão todas em meu coração, por favor, vá ao baile comigo me responda sim ou não.

Foi à pior rima que já ouvi na vida, era óbvio que era Noah, fez de propósito queria-me ver passar vergonha tenho certeza. Deve ter feito a rima sempre faz tudo de qualquer jeito, quando olhei para o lado vi Theo com mais um buquê na mão e fazendo gestos negativos para a moça do alto falante.

- Não era esse texto! – protestou. – Quem o mudou?

- Ele! – a mulher apontou com naturalidade.

Noah saiu de trás de uma arvore e veio até nos rindo. As pessoas na rua olhavam perdidas para nós três. Não basta o que aconteceu mais cedo agora os dois decidem competir na frente de todos.

- Você não vai conquistar ela, ainda mais com um carro de som. Que ideia idiota foi essa?

- É claro que vou, romantismo é tudo!

- Ela não gosta desse tipo de declaração. Sina é romântica não atirada, ela prefere declarações particulares. – se aproximou de mim.

Ele tinha razão. Ah como tinha! Noah sabia exatamente como me conquistar e me conhecia há tantos anos que jamais faria um escândalo desse na frente do prédio. Virou-se para mim e tirou um buquê escondido. Mais um.

Fiquei mexida não posso negar, ele sempre tem uma maneira de me surpreender e deixar sem palavras. Também estava se esforçando, mas era injusto com Théo, havia feito tanto merecia no mínimo um obrigada.

- Obrigada pelas flores Noah. E a você também Théo, nunca imaginei alguém fazendo algo assim por mim. – sorri para os dois.

- Então você vai comigo? – perguntaram juntos.

- Ela não vai com você Noah!

- Ela não vai é com você. Eu sou um partido bem melhor.

- Só se for partido no meio. Eu sim sou um cara para ela, não tenho rolos com ex-namoradas e estou disposta a estar sempre do lado dela.

- É porque você nem tem ex-namorada não é Théo? – insinuou.

- O que você está querendo dizer?

- Que você só quer sair com a Sina, por que você é gay!

O QUE? Antes de conseguir digerir as palavras de Noah, Théo deu-lhe um soco e os dois começaram uma briga na rua. Alguns tentavam ajudar, outros tiraram fotos e eu tentava puxar algum deles.

- Você não sabe da minha vida Urrea e nem o que quero com a Sina!

- E você também não sabe da minha, você não sabe o que a Sina é para mim e o que ela já foi no passado.

- Só porque ela foi o seu amor adolescente, Não é obrigada a ficar com você!

Os dois não paravam de fazer acusações e algumas delas me deixaram bem pensativas. Que história é essa de Théo ser gay? Ele ta morrendo e não com duvida na orientação sexual. E eu era o amo adolescente do Noah? Ele me odiou a vida inteira. Tinha que dar um basta nessa confusão.

- JÁ CHEGAAAAAA!

Gritei alto e no mesmo instante a senhorinha do terceiro andar jogou um balde de água da janela e acertou em mim. Estava molhada, nervosa e agora brava.

Procura-se o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora