9 - TENTANDO RECONQUISTAR O MEU ESPAÇO

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Sei que isso não é algo que se deva fazer, principalmente quando a mulher em questão é casada, mas eu não estava nem aí, afinal não tinha mais nada a perder. Eu já tinha perdido a minha garota há mais tempo do que eu imaginava.

Eu tinha o telefone dela, sabia que ela ficou chocada com a minha declaração e pode parecer absurdo depois de tanto tempo, mas ao reencontrar Melissa tudo ressurgiu, não como aconteceu nos últimos anos que nos vimos, mas o sentimento que tive a primeira vez que a vi. Pode ser que meu instinto filho de uma puta tenha despertado pelo fato de ela ser proibida para mim.

Peguei o meu celular, cliquei no nome dela e a chamada deu início. O telefone tocou três vezes e ela atendeu.

-Oi?

-Oi, Melissa. Sou eu, Flávio.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

-Oi, Flávio, tudo bem?

-Tudo. Você não salvou o meu número na sua agenda, não foi?

-É.

-Por quê?

-Porque não vi lógica em ficar com o seu telefone.

-Mas eu fiquei com o seu.

-Pensei que não fosse me ligar.

-Por que eu não ligaria?

-Por que ligaria?

-Você sabe o porquê.

-Eu não acredito em você.

-O que eu posso fazer para te provar?

-Eu não quero que você me prove nada. O nosso prazo de validade expirou.

-Mas ainda assim estamos aqui conversando.

-Merda, você quer que eu faça o quê? Que eu desligue na sua cara?

-Não, por favor, não desliga.

-Eu não vou desligar – ela riu.

-Do que você está rindo?

-De você.

-O que é que tem de engraçado?

-O seu desespero.

-Meu desespero não é engraçado, pelo contrário, é muito triste.

-Já senti esse desespero inúmeras vezes e não morri por isso.

-Ai, essa doeu.

-Pois é.

-Quer sair comigo? – Não perdi tempo.

-Uau, o que deu em você?

-Quer sair comigo? – Insisti.

-Flávio, eu já passei dos trinta e cinco anos, não tenho mais tempo para ficar perdendo com suas brincadeiras.

-Não estou brincando. Quer sair comigo?

-Deus, como você ficou chato.

-Aprendi a ser insistente.

-Não tenho tempo para sair com você.

-Podemos almoçar, no seu intervalo do trabalho.

-Eu trabalho em casa.

-Você é dona de casa?

-Não, eu tenho um escritório na minha casa, assim eu posso cuidar do Ian.

-E o pai dele?

-O pai dele trabalha.

-E vocês dois?

-O que tem?

-Como vocês estão?

-Estamos bem.

-Você sabe o que eu estou perguntando.

-Não, não sei.

-Vocês estão juntos?

Ela suspirou.

-Eu não vou falar com você sobre ele.

-Sim ou não?

-Não vou te responder, isso não te diz respeito.

-Claro que diz, eu estou te chamando para sair.

-Eu não quero sair com você.

-Por quê?

-Mas que merda, cara. Você me faz perder a paciência.

-É só dizer que aceita me encontrar, só isso, eu só quero conversar com você, saber como vai a sua vida.

-Isso parece música do Roberto Carlos.

-Eu sei.

Depois de alguns segundos em silêncio, ela enfim respondeu.

-Tá bom, terça-feira me encontre no mesmo restaurante, na hora do almoço.

-Você está morando lá perto?

-Não te interessa – mas senti que ela sorria.

-Terça-feira, se você não aparecer eu vou te ligar até fazer você trocar de número.

Um tempo ao lado delaOnde histórias criam vida. Descubra agora