16 - VISITA INESPERADA

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Falei com Melissa todas as noites daquela semana, eu esperava o Ian dormir e fazia uma chamada de vídeo. Era gostoso ter a companhia dela, mesmo que fosse pelo celular. Porém no sábado à tarde eu não aguentei mais ficar longe dela. Peguei minha caminhonete e fui até sua casa sem avisar.

Toquei a campainha e ela saiu para atender vestindo um short jeans curtinho e uma camiseta regata branca, estava tão simples, mas era a mulher mais linda do mundo. Não sei se foi a maternidade, mas os quadris pareciam mais largos e os seios maiores, o que só aumentou o meu desejo por ela.

-O que você está fazendo aqui? – Ela sorriu para mim e veio até o portão.

-Eu não ia conseguir mais uma noite em chamada de vídeo, eu precisava te ver pessoalmente.

-Em pleno sábado você na minha casa? Sem bares, sem os caras do clube e sem mulheres? Uau, o que você fez com o Flávio? – Ela provocou brincando, mas ainda assim percebi o ressentimento na voz dela.

-Acho que estou aprendendo a ter prioridades.

-Eu? – Ela apontou para si enquanto com a outra mão ela abria o portão.

-Sim, você – parei na frente dela louco de vontade de beijá-la na boca. – Você está linda – sussurrei.

-Bobagem – ela acariciou o meu rosto e sorriu. – Vem, vamos comer pizza.

-Oba – falei a seguindo em direção a casa.

Os móveis eram outros, as paredes eram coloridas em vários tons e o que me chamou a atenção foi uma pintada de azul, toda rabiscada com giz de cera, algumas marcas de mãos pequenas e alguns beijos em batom vermelho.

-O que é aquilo? – Apontei para a parede.

-É o nosso mural. O Ian gostava de rabiscar as paredes então achei que ele precisava de um lugar só dele, para ele ter liberdade para a sua arte, porém aprendendo a respeitar os outros espaços. Depois dessa parede ele nunca mais riscou nada em casa.

-E as marcas de batom? – Não consegui segurar o riso.

-Ele sempre pede para eu dar um beijo em alguma grande obra dele.

-Você é uma mãe maravilhosa.

-Que nada, sou apenas uma mãe com instinto materno e muito amor por sua cria.

-E cadê ele?

-Está no quarto assistindo televisão – ela tirou o celular do bolso e olhou as horas. – Daqui a pouco ele vai comer e dormir.

-Mas ainda são seis horas.

-Ele só tem quatro anos, Flávio, precisa dormir cedo e ter uma rotina.

-Eu sou péssimo nisso, os caras estão todos virando pais e eu não sei nem segurar um bebê no colo.

-Um dia você vai passar por isso, não se preocupa – ela sorriu sem perceber o quanto ouvi-la dizer essas coisas me abala. O quanto eu desejo passar por isso em breve com ela.

-Você pensa em ter outros filhos? – Perguntei com vontade de sair correndo em seguida.

-Claro, embora eu já tenha passado dos trinta e cinco eu adoraria ter outro bebê, o tempo passa tão depressa e eles crescem. Ontem mesmo eu saí da maternidade com um pacotinho rosado nos braços, hoje eu tenho um garotinho cabeludo que corre e grita o tempo todo.

-E que salva garotinhas indefesas.

-Pois é – ela me olhou arregalando os olhos de maneira engraçada.

-Como foi o seu dia? – Perguntei me aproximando dela.

-Corrido. O Júlio veio me ajudar a montar uma prateleira no meu escritório e deu tudo errado, ela caiu em cima de uma mesa com tampo de vidro e aí já viu, foi um desastre, aí a gente resolveu sair para procurar outra mesa, é claro que ele disse que ia pagar, afinal o desastre todo foi culpa dele.

Um tempo ao lado delaOnde histórias criam vida. Descubra agora