ANTES
Esperei até que Melissa entrasse em contato comigo, isso demorou quase dois meses. Me vi tentado a ligar, tentado a exigir que ela aparecesse no meu bar e me fizesse companhia. Ela pediu que eu esperasse, mas era difícil, eu nunca esperava, era que quem fazia as meninas esperarem, mas eu sentia falta da Melissa de antes, da relação que tivemos lá no começo. Ela foi minha companheira e por mais que eu sempre dissesse que não precisava desse tipo de relacionamento, eu sempre precisava de uma conexão a mais com alguém, queria ser eu mesmo e ter certeza de quem estivesse comigo estaria comigo de verdade, não apenas por eu ser dono de um negócio ou por ser o presidente de um moto clube.
Melissa me ligou à noite. Achei estranho, pois era uma segunda-feira.
-Oi. Onde você está? - Ela perguntou e eu ouvi o som dos carros.
-No bar e você?
-Saindo do metrô.
-Me espere aí que eu vou te pegar.
-Está bem.
Quando estacionei em frente à estação, Mel olhava alguma coisa em seu celular, buzinei e ela me olhou. Esperei por um sorriso, mas ele não veio.
-Oi - falei entregando um capacete para ela.
-Oi.
-Aconteceu alguma coisa?
-O idiota do meu namorado.
-Namorado?
-É, aquele de quem eu te falei.
-Vocês ainda estão juntos?
-Eu estou tentando me afastar, mas ele me sufoca, está me perseguindo, me monitorando. Minha vida está um inferno.
-Quer que eu dê um jeito nisso?
Bom, eu mesmo não faria nada, mas alguns membros do clube poderiam perfeitamente resolver esse problema com um estalar de dedos. No meu grupo tínhamos diversos tipos de gente, policiais, políticos, jogadores de futebol, advogados.
-Você pretende fazer o quê? Matar o desgraçado?
-Se você me pedir...
-Credo, Flávio, eu posso até parecer louca, mas não sou criminosa.
-Não gosto da ideia de ter esse cara na sua cola.
-Desde quando isso te interessa?
-Desde sempre.
-Não parece - ela falou e colocou o capacete para não dar continuidade ao assunto.
Era bom tê-la novamente na minha garupa, sentir seu corpo pequeno agarrado ao meu. Eu adorava quando andávamos sem capacete e ela beijava o meu pescoço, essa era uma das minhas lembranças favoritas do tempo em que ficamos juntos. Senti a necessidade de tocá-la quando essas lembranças me tomaram, então toquei sua mão que segurava em minha barriga e a segurei. O toque fez com que ela se aproximasse um pouco mais de mim.
Mudei de ideia, e ao invés de levar a Mel para o bar, segui direto para a minha casa. Seria bom ter um tempo a sós com ela.
-Não vamos para o bar? - Ela perguntou.
-Não, vamos para a minha casa.
Assim que estacionamos na frente da minha casa ela desceu e tirou o capacete. Coloquei a moto na garagem, segurei a mão dela e entramos.
A levei direto para o sofá, fiz como a nossa primeira vez. Foi muito bom fazer amor com ela relembrando um pouco de tudo o que fizemos antes.
-São anos juntos - falei enquanto observava ela quase dormir.
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Um tempo ao lado dela
RomanceFlávio se encantou por Melissa assim que a viu pela primeira vez. Sua rotina e seu status sempre o fizeram se sentir maior que o mundo, mas Melissa com seu jeito natural e desencanado o desarmou. Após anos de um relacionamento que não saiu do 0 a 0...