20 - CORRENDO ATRÁS

28 5 3
                                    

Se eu me senti mal depois de ter fugido como um covarde da casa da Melissa? Óbvio que sim. Me senti o cara mais estúpido da face deste planeta. Ela pediu que eu a esperasse, ela só ia arrumar as coisas para o filho se preparar para dormir e depois viria para os meus braços como fez na noite anterior, mas eu fugi assim que me senti inseguro.

-Sério mesmo que você fez isso? – Lino me perguntou cruzando os braços.

-Sério. Você acha que ela vai me perdoar?

-Depois de tudo o que aconteceu entre vocês dois, eu acho que o mínimo que você poderia ter feito era esperar ela voltar, dizer que estava se sentindo desconfortável e aí sim ir embora. Cara, você levou um presente para o filho dela, você foi apresentado para o ex noivo e simplesmente fugiu. Como diabos ela vai confiar novamente em você?

-Pois é, acho que fiz merda mesmo. E agora o que é que eu faço?

-A mesma coisa que fez antes, correr atrás dela.

-Ela vai me escorraçar.

-E você merece. Covarde.

-Valeu.

Estávamos organizando as coisas no bar, estava quase tudo pronto e eu estava deprimido.

-Você pode tocar as coisas aí? Eu preciso saber se vou ter alguma chance de me redimir.

-A Valentina está aqui, a gente dá conta do recado, vai atrás do amor, prez.

Saí como um louco, já passava das nove da noite e eu sabia que o Ian já estava dormindo, eu sei que demorei muito para ir atrás dela, mas fui covarde mesmo esperando que talvez ela fosse me ligar, mas me enganei.

Estacionei minha caminhonete na frente da casa dela, saí e fiquei andando na frente do portão como o povo do Josué na muralha de Jericó, será que eu esperava que aqueles muros fossem cair e eu fosse vencer aquela batalha?

Fiquei uns vinte minutos pensando no que falar. Peguei o meu telefone e liguei. Fiquei rezando baixinho, implorando à Deus que ela me atendesse.

-Oi – ela atendeu com a voz sonolenta.

-Te acordei?

-Sim.

-Eu preciso me desculpar com você.

-Ah, é? Por quê?

-Como por quê? Por ontem, por ter ido embora quando você me pediu para esperar.

-Flávio, eu já esperava isso de você, não precisa se preocupar, eu não estou magoada.

Como assim ela não estava magoada? Eu queria que ela estivesse me odiando naquele momento que quisesse arremessar coisas em mim, me bater, me xingar, me morder, me beijar.

-Eu estou do lado de fora do seu portão, fiquei dando voltas e voltas pensando em como falar com você.

-Está tarde, Flávio. Eu já estou deitada, é melhor você ir para casa.

-Eu não posso ir embora sem te ver.

-Pra quê isso agora? – Dessa vez ela pareceu realmente irritada.

-Eu preciso de você, Mel.

Ouvi ela inspirar e expirar.

-Espera um pouco – e desligou.

Quase dei pulos de alegria, mas ainda era relativamente cedo e algum vizinho poderia me ver, então eu me contive. Bom, me contive até ver a minha garota vestindo um conjuntinho de dormir que mais mostrava do que escondia.

Um tempo ao lado delaOnde histórias criam vida. Descubra agora