- O amor não devia cobrar tanto de nós.Assinto em confirmação a tudo o que foi dito por ele, imóvel, anestesiado pelo breve e inesperado contato que acabamos de ter:
- O que nós acabamos de fazer... – balbucio, totalmente intrigado, buscando a lógica claramente inexistente nisso tudo.
Pierre pondera por uns instantes, totalmente alheio a mim, como se tivesse resolvendo algum cálculo matemático complexo demais para prestar atenção em qualquer outra coisa (ainda que essa outra coisa seja um selinho (des)proposital no caso amoroso do seu rival declarado). Ele parece chegar a alguma conclusão de repente, então para, lança sobre mim um olhar sagaz e parece já ter esquecido todo o resto quando declara:
- O culpado pelas exposições! É isso! Como pude ser tão tolo?!
Sou atropelado pela sua afirmação, e diante disso o incidente entre nós parece mesmo assumir uma relevância menor:
- Como assim? – indago, me reaproximando dele como se toda a raiva de outrem tivesse se dissipado num piscar de olhos. – O que você tá falando?
Ele mal consegue responder, as palavras se amontoam em sua garganta enquanto ele busca reorganizar as ideias para apresentar os fatos a mim, como aqueles espiões que, antes de declarar o culpado, narram toda a linha de investigação das pistas até o final, o cerco. Mas há algo de errado, porquê antes que o Pierre possa dizer qualquer coisa, ele assume um semblante levemente desolado:
- Está no duzentos e onze... – Afirma, tão incrédulo quanto eu. – e é um dos meninos... – pontua.
- M-mas c-como assim... – Gaguejo, relutando em acreditar no que está explicitado pela feição entristecida dele, que me interrompe no ato:
- Simples, um dia antes de terem exposto o Gustavo, eu notei que alguém havia mexido em meu material, mas não criei caso por isso (pois é algo normal quando se divide o quarto com mais três caras). Só que aí veio o outro carinha, o Hélio, e coincidentemente um dia antes eu quase tive uma confusão com os caras, porquê alguém tinha novamente mexido em minhas coisas. Não dá pra negar que temos um padrão ai, um padrão muito suspeito que aponta direto para algum deles, por pior que seja acreditar nisso.
- Mas porque você só está me dizendo isso agora?
Ele parece ter pensado nisso também, enfileirado todos os argumentos de um modo estratégico e elucidativo:
- Porquê, ainda que tivesse tudo ali na minha cara, uma coisa ainda era incerta, assim que comecei a desconfiar deles, tratei de checar os meus arquivos de vídeo, mas eles ainda estavam lá, incriminando o Gustavo e o Hélio. Mas só agora eu cheguei à conclusão de que, quem quer que esteja fazendo isso, não precisa necessariamente dos arquivos que as minhas câmeras gravaram, só precisam ter visto as filmagens e tudo o que aconteceu!
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O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)
RomanceAntes do 211, da paradise e dos inúmeros eventos que procederam a chegada do Alexei ao São Vicente, existia o Pedro; recluso, antisocial e preso as amarras da timidez, ciente de que estaria fadado a não ter alguém durante toda sua existência, o garo...