Capítulo 17 | TRABALHO SUJO

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- Fico feliz quando penso que, estando boas ou ruins, o universo sempre encontra um jeito indecifrável de equilibrar as coisas, elas numa pendem para um lado só por muito tempo...

- Fico feliz quando penso que, estando boas ou ruins, o universo sempre encontra um jeito indecifrável de equilibrar as coisas, elas numa pendem para um lado só por muito tempo

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- NÃO TEM NADA PRA DIZER, PORRA! - Tomás esbraveja, se impondo e assumindo um aspecto furioso que (acredito eu) nos põe ainda mais em evidência. - JOGAMOS FORA, NÃO OUVIU?!

- É, isso mesmo. - tento acalmar os ânimos, na defensiva, mas o Boca segue relutante, mapeando toda a extensão do dormitório em busca de algum vestígio do crime:

- Ah é? E porque não estou sentido o cheiro? - prossegue, se aproximando de mim e me tomando pela mão antes mesmo que eu possa esboçar a mínima reação. - nem em sua mão!

Tomás se adianta, e está prestes à lançar outra justificativa desesperada quando o Boca intervém:

- QUAL É, EU NÃO NASCI ONTEM BELEZA?! NÃO É DE AGORA QUE VEJO ALGO ESTRANHO EM VOCÊS, PARECEM SEMPRE TER ALGUM "SEGREDINHO", SE CONTINUAR ASSIM EM POUCO TEMPO VÃO TER SEUS NOMES LÁ NO MURO, NÃO TENHAM DÚVIDA DISSO!

A sua menção ao muro é a gota d'água, e o suficiente para ativar o módulo agressivo do Tomás, que avança sobre ele e lhe passa uma chave de braço, o imobilizando por completo e fazendo com que seu rosto assuma um rubor maior conforme pressiona o seu pescoço:

- VOCÊ NÃO SABE DE NADA SEU BOSTINHA! - vocifera, os olhos em brasa, os dentes semicerrados, o maxilar rígido. - QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA PINTAR ASSIM CHEIO DE AMEAÇAS, CARALHO!

- Tomás...para. - peço, vendo veias ganharem forma no rosto do Boca, ele tenta afrouxar o aperto com as mãos, mas é inútil, o Tomás está tão alterado quanto um touro enraivecido e indomável:

- EU TE AJUDEI, SEU MANÉ, ACEITEI ESSE TEU TRASEIRO GORDO EM NOSSA MESA E É ASSIM QUE VOCÊ RETRIBUI?! SEU VACILÃO!

Ele já não pode mais responder, se desculpar ou o que quer que seja, nem se quisesse, consigo perceber suas forças sendo drenadas rapidamente e seu corpo enfraquecendo:

- Tomás, PARA! - Suplico, voando sobre ele e o desvencilhando do Boca, que cai com as mãos apoiadas ao chão e tenta recobrar o fôlego, arquejando. Me viro em direção ao Tomás, que o observa caído ao chão impiedosamente, e sinto uma espécie de pavor em pensar até onde ele iria, caso eu não tivesse interferido:

- Você enlouqueceu?! Poderia matá-lo! - rosno, e me ver alterando a voz para si é inaceitável, pois no mesmo instante o Tomás faz menção a me socar no rosto (levantando o punho e tudo), mas então hesita, sabe-se lá porque, e apenas leva as mãos à nuca, complemente perdido:

- CALA ESSA BOCA! VOCÊ NÃO ME DEIXA PENSAR! NÃO ME DEIXA FAZER NADA! A CULPA DISSO É TODA SUA! SEU VEADO!

Tento não dar ouvido ao que ouço, tento ao máximo, mas suas palavras são incisivas e cortantes, e ainda que seja uma válvula de escape para o seu temperamento forte, elas doem:

O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)Onde histórias criam vida. Descubra agora