- É estranho, você conhece as minhas inseguranças e me faz refém delas...Desgrudo os olhos bem á tempo de avistar o Pierre prestes a deixar o dormitório, as pálpebras ainda falham e é com certa dificuldade que deixo a cama:
- Já vai? - Questiono, o surpreendendo, e então indico o céu acinzentado de início de manhã através da janela. - Ainda é cedo para a primeira aula.
Ele coça a nuca (coisa que sempre faz), voltando o olhar ao Boca (que dorme como uma pedra) e retornando a mim:
- Tenho que instalar a câmera antes da chegada dos meninos, alguém precisa pôr a mão na massa...
Assinto com a cabeça, e sou subitamente tomado pela lembrança da última exposição, mais especificamente falando, do que estava explicitado logo abaixo:
- Ele disse que voltaria na segunda. - Observo, sentindo um medo justificável me assolando a mente. - Foi o aviso deixado da última vez. Hoje é segunda.
Ele pondera a questão mentalmente, e então diz:
- Os três estão fora, logo, ao menos que alguém esteja agindo como cúmplice, não teremos nenhum ataque hoje.
- Tomara... - suspiro, voltando meus pensamentos ao Tómas, e todas as formas sobre como podemos ser um alvo em potencial pra quem quer que esteja por trás disso. Dou uma olhadela no Pierre, que parece levemente abatido:
- Você está bem?
- Não sei... é difícil saber que um dos caras é o responsável por isso, e a coisa só piora quando eu penso que tenho certa culpa nisso tudo... talvez você esteja certo afinal, se tem um monstro nessa história toda, fui eu quem criei.
- Está errado - retruco, pousando uma das mãos em seu ombro. - Você foi tão enganado quanto o restante de nós, além do mais, boa parte do que eu disse foi por impulso e totalmente dispensável, não se culpe pela ausência de caráter alheio, está bem?
- Que seja. - Pontua, visivelmente cabisbaixo, conforme deixa o dormitório. - Mas nada disso muda as circunstâncias atuais; eu ainda sou o carinha do mal que intimida as pessoas pelos seus segredos...
É difícil compreendê-lo, o Pierre é inconstante, sagaz, e mesmo tendo a genialidade de um louco e a astúcia de um BadBoy, ele parece sempre dividido entre as inclinações da moralidade, enchendo-se de pré-julgamentos e auto aniquilação, vivendo seus próprios dilemas existências:
- Tenho certeza que tudo isso é justificável, minha avó costumava dizer que há sempre uma razão por trás de toda e qualquer atitude ruim das pessoas.
- Talvez ela esteja certa... - Diz, afastando-se pelo corredor. - Ou talvez seja só um jeito de mascarar a culpa depois de fazer merda.
- O que vai fazer quando estivermos diante do culpado?! - indago
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O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)
RomanceAntes do 211, da paradise e dos inúmeros eventos que procederam a chegada do Alexei ao São Vicente, existia o Pedro; recluso, antisocial e preso as amarras da timidez, ciente de que estaria fadado a não ter alguém durante toda sua existência, o garo...