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| Interlúdio |

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Já passa das oito quando chego à BearBucks, e como o Samuca mora em outra cidade, percebo instintivamente que serei eu quem irei esperar por ele

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Já passa das oito quando chego à BearBucks, e como o Samuca mora em outra cidade, percebo instintivamente que serei eu quem irei esperar por ele. Uma sineta posta acima da porta da frente produz um leve tilintar anunciando a minha chegada (assim como faz com todos os outros clientes), me dirijo ao balcão e peço um Espresso Macchiato a uma atendente simpática, que traz o meu pedido em poucos minutos e me deseja um feliz Natal, lhe retribuo a gentileza com um sorriso amistoso, e enquanto sopro a fumaça da xícara, observando-a fazer uma dança no ar, penso na sucessão de fatos que me trouxeram aqui e agora; é noite de natal, e eu estou em um encontro.

O primeiro fato é que o Samuel é um garoto adorável, do tipo que faz perder noites de sono enquanto fala sobre sua vida sempre cheia de novidades, e não se restringe à isso;
O segundo é que troca de mensagens são agradáveis e por vezes te fazem pular refeições e noites em claro, mas após três meses, você praticamente anseia por mais, você quer contato físico, a experiência completa e passível;
O terceiro é que depois dessa noite terei de dar adeus a boa relação familiar e a tradição natalina, já que troquei toda a comilança e troca de presentes por Macchiato e borboletas no estômago;
E o quarto e último fato é que esse é o meu primeiro encontro com outro garoto, e se isso por si só não for o suficiente, some ao fato de esse garoto jamais ter tido algum tipo de contato com outros caras, aí saberá, ainda que minimamente, como estou me sentido em relação à isso tudo.

"Um Baunilha Latte pequeno, por favor!" - a garota ao meu lado pede, atraindo minha atenção, e enquanto o seu pedido não chega, ela decide puxar assunto:

"Parece quase impossível que estejam tão felizes trabalhando em plena noite de Natal..."

"Diria o mesmo" - Digo entre um gole e outro, a bebida quente aquecendo meu corpo de dentro pra fora. - "Também me pareceu impossível que isso aqui tivesse mais alguém além de mim, mas não é o que consigo ver."

"E o que te traz aqui, exatamente?" - Ela indaga, no mesmo instante em que a atendente traz o seu pedido, seguido de mais um feliz Natal simpático que é bem recebido:

"Tá legal, eu digo, mas, também quero saber o seu!"

Ela assente, e então eu assumo:

"Estou num encontro, à espera de um carinha com quem venho conversando há meses."

"Por essa eu não esperava..." - diz, agora me parecendo ainda mais interessada na conversa, ela beberica o seu Latte suavemente, deixando na xícara um leve rastro do batom vermelho matte que usa nos lábios, é só aí que me atento aos detalhes e percebo, se trata de uma garota trans:

"Também estou num encontro!" - confessa, e essa estranha coincidência nos faz rir por alguns segundos, dois eventos improváveis acontecendo no mesmo instante, espaço e tempo. - "mas, enquanto nenhum de nossos pares chega, sinta-se à vontade para sentar comigo naquela mesa ali." - diz por fim, indicando uma mesa de dois lugares atrás de nós, para onde nos dirigimos, pousando nossos pires e observando a neve caindo vagarosamente lá fora...
Eu a ouço atentamente (após contar como a coisa procedeu entre mim e o Samuel); segundo a Naomi (esse é seu nome), o Toni (vulgo Tonhão) era um tópico garoto no estilo galanteador cafajeste do terceiro ano, mas a coisa toda mudou quando ele bateu os olhos na "garota" recém transferida para o colégio, e aqui ponho entre aspas o garota porquê, segundo ela mesma, ele sequer fazia ideia de que ela havia sido alguma outra coisa, e não o culpo, já que não é algo que se possa perceber ao primeiro olhar (não se tratando da Naomi), o fato é que a grande revelação veio logo no segundo encontro deles, e mesmo que após um tempo afastado e sem dar notícias, agora o Toni reapareceu, disposto a deixar tudo de lado e seguir seu coração sem receios, o que os traz a esse terceiro encontro, o último e definitivo encontro, onde caberá a ela decidir se acredita em suas intenções e perdoa o seu sumiço, ainda que este tenha sido para "se acostumar com a situação." - palavras dela. -:

"Isso é como um drama de novela das nove." - brinco, pegando meu celular para dar mais uma checada rápida; nenhuma mensagem dele. - "boa sorte com sua escolha, seja ela qual for!" - digo, indo na agenda telefônica e ligando para o Samuca, entretanto, após alguns bips, não obtenho resposta, então encerro a chamada:

"Não vai me dizer que o seu também não atende?" - questiona. - "acho que o universo tirou o dia para colidir coincidentemente nossas vidas."

Rimos disso, e volto a beber o meu expresso, estou levemente preocupado, especialmente porque à essa altura ele já deveria ter ao menos ligado para saber se cheguei aqui, é neste momento que somos atraídos pela vinheta do telejornal local na TV, onde a repórter entra no meio da programação normal para alertar à todos que fiquem preferencialmente em suas casas, pois uma grande nevasca está se aproximando, e com ela muitos outros transtornos...

Rimos disso, e volto a beber o meu expresso, estou levemente preocupado, especialmente porque à essa altura ele já deveria ter ao menos ligado para saber se cheguei aqui, é neste momento que somos atraídos pela vinheta do telejornal local na TV, o...

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O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)Onde histórias criam vida. Descubra agora