Capítulo 23 | DOIS COELHOS E UMA CAJADADA

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- Se eu lhe contasse tudo o que aconteceu depois, não lhe julgaria por desacreditar...

Corro como senão houvesse amanhã, cruzando os corredores feito um completo desvairado

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Corro como senão houvesse amanhã, cruzando os corredores feito um completo desvairado. Meu corpo franzino não me permite avançar mais do que estou, ainda assim o faço, totalmente ofegante, porém, não importa o quanto eu corra, não consigo encontrar o Pierre em lugar nenhum.

Paro no corredor de armários, recostando na parede e recobrando o fôlego, e logo dou continuidade à minha busca ostensiva e frenética, impulsionada pelo meu senso de justiça.

É no corredor nove que nossos caminhos se cruzam, e lamento dizer, depois de tanto tempo procurando o Pierre, é ele quem me encontra, esbarrando em mim antes que possa reter os passos apressados.

O suor desce em sua testa, seu semblante é surpreso e ele sequer faz ideia de por onde começar a ordenar seus pensamentos aparentemente confusos:

- Onde diabos você se meteu?! - Disparo. - Eu te procurei por todo o colégio!

- Eu também tava atrás de você! - diz, a fala entrecortada pela respiração pesada. - Eu fui checar a gravação assim que cheguei das aulas. Parece loucura, mas você tinha razão. É o Jp, ele quem anda roubando as minhas gravações.

Eu sequer consigo pronunciar as próximas palavras, que se amontoam em minha goela num grande bolo e interrompem minha linha de raciocínio, seguimos linhas de investigação distintas, e no fim, acabamos chegando em um único responsável, o pivô de tudo, o garoto que orquestrou todas a série de desgraças até aqui; o Jp:

- Então eu sugiro que corramos, porque, acredite ou não, o Jp era um dos quatro garotos que me encurralaram aquele dia, e tenho quase certeza de que você já sabe quem eram os outros três

Seus olhos se arregalam, alarmados:

- Quarteto da reprovação. - Conclui. - Faz sentido, como não pensei nisso antes? Porra!

Lhe toco os ombros, voltando suas atenções para mim:

- Pouco importa o que deixámos passar. Temos tudo em mãos. Podemos resolver essa droga de uma vez por todas!

- E um puta de um traíra! - Pierre rosna, inflamado por uma espécie de ódio que ganha forma á cada segundo. - Ele vai ver só! - diz por fim, saindo em disparada e me deixando pra trás.

Não me resta alternativa senão o seguir, numa tentativa frustrada de lhe atenuar os ânimos:

- Pierre! Espera! - tento, em vão. - O que você vai fazer?!

Sem resposta.

- Não ponha tudo á perder! - exclamo, mas ele parece cego pelo ódio, irredutível.

Sigo em seu encalço pelo labirinto de corredores que nos conduzem até a segunda zona de dormitórios, só percebo aonde estamos indo quando o Pierre escancara a porta e adentra no 211, o seu dormitório. Jp está lá dentro, absorto em um jogo de tiro, mas não está sozinho, tem outros dois garotos com ele, com os quais o Pierre também divide o quarto. É tudo muito rápido, e sem que qualquer um deles possa perceber, Pierre cruza o dormitório á passos pesados e toma o Jp pelo colarinho, o encurralando contra a parede numa brutalidade voraz:

- QUE PORRA É ESSA PIERRE?! - ele grita, aturdido.

- FOI VOCÊ, ESSE TEMPO TODO, ERA VOCE! - Pierre esbraveja, resistindo em soltá-lo, os outros garotos avançam sobre ele, e finalmente conseguem a façanha de desvencilha-lo do Jp:

- O que tá pegando aqui, que é isso cara?! - Um deles indaga; branco, sardas no rosto e um cabelo encaracolado e de aspecto angelical. Está aparentemente mais desesperado do que eu, como se fosse o caçula acompanhando a briga entre os irmãos mais velhos, impotente:

- Tá louco cara? agora decidiu agredir os seus? - O outro emenda; pele morena, postura séria, bem mais robusto que o anterior:

- SAIAM! - ordena. - ISSO NÃO TEM NADA Á VER COM VOCÊS.

- Pierre... - tento, mas ninguém me ouve, sequer percebem que estou aqui.

- Não vou a lugar nenhum! - o branquelo se opõe. - Não com você assim meu irmão.

- FAÇAM O QUE ELE DIZ, DROGA. - Jp se pronuncia, atraindo a atenção de todos. Acatando a culpa que carrega consigo.

- Quer saber. Dane-se - o moreno entrega os pontos, soltando o Pierre e deixando o quarto, não sem antes me lançar um olhar curioso. - Já vi que a treta é braba, me chamem quando resolverem essa merda toda.

- Cê não vai fazer nenhuma besteira né? - o branquelo reitera, receoso pelo que possa vir a acontecer.

- Não vamos brigar. - Pierre assegura, deixando os instintos de lado e começando a agir com a razão. - Sei que você não gosta disso cara. agora vai, precisamos resolver isso aqui.

- Tudo bem... - diz, deixando o Pierre livre, dá pra ver que está assustado, embora tenha escolhido acreditar nele, ao passar por mim, indaga. - Você vem ou fica?

- Eu fico. - respondo.

 - respondo

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O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)Onde histórias criam vida. Descubra agora