Capítulo 14 | APARANDO ARESTAS

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- Se permita sentir como eu sinto...

- PAREM COM ISSO! – grito á plenos pulmões, mas meu pedido é soterrado pelo barulho abafado da troca de socos entre os dois

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- PAREM COM ISSO! – grito á plenos pulmões, mas meu pedido é soterrado pelo barulho abafado da troca de socos entre os dois.

- Tómas! – tento novamente, olhando ao redor em aflição, mas não há ninguém para me acudir, então decido me precipitar entre os dois, á tempo o suficiente para impedir o Pierre de consumar a chave de braços que por pouco não imobilizara o Tómas:

- O QUE TEM DE ERRADO COM VOCÊS?!!! – disparo arquejante, conforme os dois recobram o fôlego e se recompõem, bufando como dois touros selvagens e indomados:

- Você devia tentar controlar seu namorado esquentadinho! – Pierre rosna num tom meio zombeteiro, como se não lhe importasse o hematoma roxo-avermelhado na lateral esquerda do maxilar.

Tomás, cujo lábio inferior exibe um fino rastro de sangue, tenta avançar sobre ele novamente, mas com um pouco de esforço eu consigo o impedir:

- EU TE FALEI PRA NÃO TROCAR IDEIA COM ELE! – esbraveja, canalizado sua raiva em mim, mas não me importo, apenas permaneço na defensiva, qualquer coisa é melhor do que vê-los voltar as vias de fato:

- Vai embora, Pierre... – peço, tentando atenuar o impacto de tais palavras. – Por favor.

Ele parece meio atônito, como se recusando a acreditar de início, mas logo assente, resignado, e então ajeita a gola da camisa, prestes a deixar-nos a sós, não sem antes lançar seu último comentário:

- Que seja. – Diz – Ah, Pedro, a noite de ontem foi bacana, se quer saber, e eu só voltei mesmo pra buscar minha cueca, saí tão apressado pelo toque de recolher que acabei esquecendo!

Ele ri enquanto fala dessa noite que NUNCA, JAMAIS EXISTIU! E no final, como se para dar mais realidade a coisa, ainda abaixa parte do short exibindo a barra de sua cueca, quando vai embora, rindo pretensiosamente, estou perplexo, incapaz de formular uma palavra sequer:

- Isso é sério? – ele indaga, circunspecto, desviando o olhar de mim e mirando algum ponto cego, como se isso o estivesse impedindo de fazer algo à mim:

- C-claro que n-não! – asseguro. – Eu não sei porque ele fez isso, mas está mentindo, sobre tudo!

Seus dentes estão tão semicerrados que ele conseguiria quebrar uma noz com facilidade

- Ou talvez seja tudo verdade, e você não passe de um viadinho que não perde tempo antes de sair por aí sentando nos pênis dos caras!

Ouvimos o barulho de alguns passos se aproximando, e então o empurro para dentro do dormitório às pressas, sem me preocupar com mais nada além de não sermos pegos no flagra em uma situação comprometedora:

- É essa sua rincha pessoal e tola que vai acabar te expondo. – Advirto. - E não eu.

Ele anda de um lado a outro do quarto, coçando a nuca numa tentativa desesperada de reorganizar as ideias:

- Eu te digo pra não me beijar. Você vai lá e faz. Eu te peço pra não andar com esse zé mané, e advinha só? Você vai e faz isso também. É quase como se gostasse de me ver zangado! Porra!

Sinto o impulso energizar o meu corpo e num ímpeto encorajador, e por mais que eu tente apenas me manter firme e ouvi-lo passivamente, não posso ignorar o acesso desesperado e aflito de falar o que está preso em minha garganta por todos esses dias:

- O QUE VOCÊ QUER DE MIM, TÓMAS?! – questiono bruscamente, avançando sobre ele e o envolvendo num abraço enérgico, como se tentando transmitir para ele tudo oque eu sinto, e espero que ele sinta, as lágrimas caem, molhando o tecido fino de sua camisa já molhada pelo suor.

Ele não retribui o abraço, mas sinto seu corpo rígido descansar aliviado ao toque do meu, meu rosto repousa em seu peito firme, enquanto sinto sua respiração voltando ao ritmo habitual:

- Eu estou com medo cara... – confessa, num tom de voz tão pacífico e nunca antes visto que acabo estranhando ao primeiro contato, mas aí eu percebo, pela primeira vez desde que nos conhecemos ele está sendo ele mesmo, está sendo o Tómas que existe dentro dessa casca bruta e ardilosa. – Medo de estar gostando disso, medo de ser o próximo a ter o nome naquela maldita parede, medo de tudo.

O abraço mais forte, para que ele saiba que estou aqui, firme ao seu lado, pronto para enfrentar o mundo, ou quem quer que esteja por trás disso:

- Eu vou resolver tudo! – asseguro com firmeza, e embora eu sequer saiba por onde irei começar, posso sentir que o muro de desconfiança que ele ergueu entre nós está sendo pouco a pouco derrubado. – Mas para isso, preciso que fique comigo.

Um silêncio se faz pelo que me parece ser uma eternidade, e por alguns segundos quase chego a temer o que virá em seguida, mas é aí que sou surpreendido, quando o Tómas se permite retribuir meu abraço, e não se limitando apenas à isso, desce ambas as mãos pelas minhas costas e as repousa por cima do meu bumbum:

- E-eu não devia fazer isso – gagueja, mas permanece com as mãos imóveis. – Talvez eu nem goste da coisa.

Dou um risinho pretencioso, finalmente o olhando nos olhos:

- Não é isso que a sua bermuda diz... – sussurro, ele olha para baixo, e mesmo que timidamente acaba tendo a confirmação que, ainda que seja do seu modo tresloucado e inexplorado, ele gosta da coisa, e temos todo um mundo novo á descobrir...

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O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)Onde histórias criam vida. Descubra agora