JUJUBA: Chiclete

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"Querido diário,
Depois da minha catastrófica ideia de criar uma família eu decidi me desfazer dos meus projetos para adicionar novos membros. Cuidar de tio Gumbald, tia Lolly, primo Chicletão e do meu irmão Neddy tem me tomado muito tempo, mas também me fez entender que talvez eu não tenha nascido para ser cuidada ou protegida e sim para cuidar e proteger. Isso me parece até um pouco solitário. Às vezes eu sinto uma vontade de colocar todos meus sentimentos para fora, de chegar em casa e conversar sobre o meu dia, de receber um abraço confortante depois de um dia estressante. Depois que a poção que tio Gumbald criou infectou a todos, eles parecem ter menos idade do que eu, e é difícil conversar sobre qualquer coisa já que eles só agem como crianças e não entendem a maioria das coisas que eu digo. Confesso que é exaustivo, mas procuro ter o máximo de paciência para lidar com as bobagens que eles fazem. Eu sei que jamais poderei trazê-los de volta, mas ainda assim cuidarei deles como meus filhos, como meus súditos"

Sentada no seu porão com um pequeno caderno apoiado nas coxas e uma caneta cor de rosa nos dedos, Jujuba tenta se concentrar nos seus escritos, enquanto sua ex-família, que agora são um "povo doce adorável", como ela gostava de chamar, faziam a maior bagunça na parte de cima. O barulho dos pés correndo pela casa desfocavam um pouco a garota fazendo-a olhar para cima algumas vezes com as sobrancelhas cerradas e uma expressão confusa.

Até que um grande estrondo é ouvido. Jujuba fecha o seu diário e foca seus olhos no teto do porão como se esperasse ver alguma coisa através deles.

- Tio Gum... - a garotinha reflete um pouco sobre o que acabou de dizer e se corrige - Crocante? Pinhata? Ponche?

Os barulhos de passos não são mais ouvidos e ela resolve levantar-se de seu canto para conferir o que havia acontecido.

Ela vai até as escadas que davam para a casa, com seus braços e pernas curtos, o que dificultava um pouco a subida. Assim que sua cabeça emergiu a superfície ela fez uma rápida vistoria a procura dos seus três súditos, mas a casa parecia vazia.

- Crocante? Pinhata? Ponche? - ela os chamava com uma voz doce e arrastada, talvez até um pouco preocupada, mas não deixou transparecer.

Ela saiu por completo do porão fechando-o e caminhando para a sala. Já era possível ver cacos de algum objeto. Jujuba passou com cuidado por eles. Mais a frente pôde ver os três súditos rodeando alguma coisa. Assim que eles perceberam sua presença se voltaram para ela.

- Annnn princesa! - Crocante esboçou uma reação de medo e surpresa.

- O que aconteceu aqui? - Jujuba perguntou se aproximando cada vez mais deles.

- Nos desculpe princesa, por favor não nos mate, não foi de propósito, nós só estávamos... - Crocante tentava se explicar.

- Tudo bem Crocante. Só tomem mais cuidado da próxima vez, ok?! - Jujuba falou de maneira doce e firme. Crocante e Pinhata assentiram cabisbaixos, Ponche não tinha muita noção do que estava acontecendo, então nem sequer se afetou com a situação - Agora saiam daqui que eu preciso limpar a bagunça que vocês fizeram.

Os três súditos abriram caminho para que Jujuba pudesse ver o tamanho do estrago. Mas para a surpresa da garota o que ela encontrou junto com os cacos de vidro de algo que provavelmente era um jarro enorme foram vários papéis enrolados. A garota torceu a boca dizendo um "hum" prolongado. Ela desenrolou um dos papéis e leu seu conteúdo.

"Antes de virar o Ponche, tio Gumbald me revelou o desejo de criar um reino doce. Eu nunca achei que isso era realmente necessário, já que nossa vida era perfeita do jeito que estava. Mas graças a bagunça que aqueles três fizeram eu encontrei os planos dele. Ele pensou em cada detalhe do reino doce, das pessoas, das casas, do castelo. Tenho que confessar que achei bastante interessante todo o planejamento dele e me perguntei 'Por que não criar?'. Quer dizer, eu já tenho tudo que preciso, mas talvez eu precise de mais. Ser princesa para apenas três pessoas não é grande coisa. Talvez eu realmente precise de um reino. Por outro lado é muita responsabilidade. Eu não dou conta direito de cuidar de quatro criaturinhas imagina várias?! Às vezes eu acho que nasci para ser sozinha."​

Candy Girl (Bubbline)Onde histórias criam vida. Descubra agora