"O meu coração é como uma flor de cerejeira e deixo meu amor em pétalas cair sobre sua cama. Transformo o branco dos lençóis em rosa. Transformo sua vida em rosa. E não veja isso como algo que você precisa manter, tampouco te cobro responsabilidade. Você nunca alimentou nada, mas eu também nunca quis me apaixonar. No entanto, se não for pedir demais, trate bem meus sentimentos, ainda que eles não te sirvam, e cuide bem de mim, ainda que não me queira."
As primeiras bolhas já começavam a se formar em seus dedos dormentes que pediam por uma trégua, uma pausa, mas a vampira ignorou a dor que estava sentindo e se manteve tocando cada vez mais forte as cordas do seu baixo-machado. A melodia que saía dele não a agradava. Talvez porque ela estivesse esperando tocar algum acorde que dissesse "Eu te amo" de um jeito único e não clichê como todas aquelas canções românticas. Mas como diria um de seus cantores favoritos "E quais palavras de amor nunca foram ditas?".
Não dá para falar de amor sem soar repetitivo, porque tudo que você pensa em dizer outro alguém já disse com outras palavras. Marceline parece finalmente ter percebido isso quando colocou o baixo-machado de lado e desabou de qualquer jeito no chão do seu quarto. As pernas viradas para o lado, o braço esquerdo por cima da barriga enquanto a unhas da mão direita arranhavam o chão e seus olhos fixados no teto, como se a luz da lâmpada pudesse lhe oferecer todas as respostas que procurava.
Ela soltou uma respiração pesada e seus dedos ansiosos caçavam alguma coisa pelo chão, entre os papéis amassados com músicas descartadas, quando seus sentidos identificaram a foto polaroide e suas mãos rapidamente levaram aos olhos. E era esse sentimento que ela estava evitando sentir: saudades. Ao olhar sua foto com Jujuba pareceu que todas suas tentativas de se distrair tinham sido em vão. Essa noite ela não ia poder invandir o quarto de Jujuba e a princesa também não viria ao seu encontro pois estaria ocupada em uma reunião com o povo doce. Não uma reunião comum, mas um espécie de festa do pijama, e Jujuba concentraria todas suas atenções nos cidadãos, para que eles não causassem confusão.
Postou-se de lado e começou a analisar melhor a foto. O sorriso de Jujuba, os olhos, as feições suaves e como que involuntariamente seus dedos começaram a passear pela imagem.
- Acho que esse é o máximo que eu terei de você hoje. - ela suspira.
Mas ao virar a foto, ela percebe que tem uma mensagem escrita com a caligrafia da princesa que nunca tinha visto antes.
"Sempre que olhar para a lua agora me lembrarei de você. Assim como a lua é a minha parte favorita do céu, você é a minha parte favorita do mundo.
Com amor, Boni"
Em seus devaneios, Marceline se imaginou invadindo o castelo com tudo e tomando a namorada pelos braços, levando ela para algum lugar onde poderiam ficar a sós. E então a abraçaria muito forte e elas poderiam passar o resto da noite assim. Mas acabou achando melhor apenas ligar para desejar boa noite, e como Jujuba não atendeu ela resolveu buscar algo vermelho na geladeira para sugar e assistir alguma coisa na TV. Foi só o tempo de ela acender a luz da cozinha que seus sentidos notaram uma presença desconhecida se aproximando, que rapidamente foi confirmada quando sua porta começou a ser forçada. Em seu estado normal ela teria se escondido e surpreendido o invasor, mas dessa vez ela apenas ficou observando o que aconteceria posteriormente.
De tanto insistir a porta lentamente se abriu. Ela não conseguia ver quem ou o quê estava tentando entrar, mas estava preparada para qualquer combate. Foi quando a criatura saiu das sombras e avançou nela.
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Candy Girl (Bubbline)
Romance"- Por falar nisso, você... - Marceline se aproximava de Jujuba como uma onça se aproxima da presa. - O q-que tem eu? - Jujuba se afastou até ser encurralada numa parte da sua tenda. - Você é o meu tipo... [...] Ela fechou os olhos com força e vi...