"Qualquer distância entre nós vira um abismo sem fim. Quando estranhei sua voz, eu te procurei em mim"
Lógica é a palavra que define a ciência do raciocínio. Raciocínio por sua vez é o exercício da razão pelo qual se procura alcançar o entendimento de atos e fatos. Uma certa vez me disseram que nós somos seres limitados porque nossas cabeças precisam organizar fatos em início, meio e fim. As pessoas precisam saber onde uma coisa começa e onde termina, para onde vai e porquê. Precisamos de um argumento forte o suficiente que nos convença que algo faz sentido para poder deitarmos em nossas camas e sonhar com novos questionamentos. Não conseguimos entender a complexidade do universo e de todas as outras coisas simplesmente porque conhecemos a palavra infinito, mas não sabemos o que ela significa. Não me lembro quem disse isso. Talvez tenha sido eu. Enchendo a cabeça dela com as minhas coisas.
Batucar o dedo indicador em uma superfície não acalma ninguém, mas é uma ação involuntária. Senti minha unha atravessar o pano que cobria a mesa. E cada vez que ele a beijava eu sentia que meu dedo poderia atravessar até a madeira. Desviava o olhar uma vez ou outra para não vomitar o pouco do jantar que eu comi.
- Vai ter sobremesa? - o Ash chama minha atenção.
- Claro! - respondo forçando uma simpatia que não queria ter.
Faço um sinal com a cabeça para que Mentinha retire a mesa. Apesar de pequeno, meu mordomo demonstrava uma incrível destreza ao equilibrar os pratos na bandeja, o que atraiu olhares entusiasmados dos meus convidados. No caso só de Brow, Bart e Lagarto, já Marceline, sentada no colo de Ash, o beijava como se o resto de nós nem estivesse lá. Ao chegar perto do casal, Mentinha deu um chute na cadeira em que Ash estava, atraindo a atenção dos dois e me fazendo ter que abafar o riso.
- Qual o problema? - Marceline perguntou irritada.
- Perdoe-me, foi sem querer.
- Claro que foi.
Ele e Marceline se fuzilavam com o olhar.
- A propósito senhorita, acho que aquele é o seu lugar. - ele apontou para um lugar vazio do lado esquerdo de Ash.
- Eu sei disso, mas teria algum problema se eu quiser ficar aqui?
- Não sei se a cadeira aguenta o peso de vocês dois.
- Eu estou flutuando, não peso nada.
- Ainda assim insisto que não há necessidade de dividirem uma cadeira quando há cadeiras suficiente para todos.
Eu podia sentir de longe quão brava ela estava, mas como sempre, escondeu suas verdadeiras emoções e sentou-se no lugar vago.
- Melhor agora? - ela pergunta sarcástica.
O doce devolve uma expressão de satisfação.
- Jujuba o seu mordomo é demais! - Bart dizia em meio a risos depois que Mentinha deixou a sala.
- Eu acho que ele é amargo demais para um doce. - Marceline comentou ainda emburrada.
- Balas de menta não são doces. - lembrei.
Foi a primeira vez naquela noite em que nos olhamos por mais de trinta segundos. Eu conhecia bem aquele olhar, estávamos nos desafiando para ver quem se machucava primeiro com o que a outra dizia. Teríamos trocado indiretas sobre um assunto que não era da conta de ninguém ali.
- Eu tinha esquecido disso princesa. - disse de forma natural e se voltou para Ash.
Mas ela desistiu do jogo antes mesmo de ele começar. Ou talvez ela tenha ganho o jogo antes de ele começar, pois a total indiferença dela me magoou mais do que qualquer coisa que ela pudesse ter dito. Às vezes dor é tudo que nos resta de alguém. E nós preferimos nos magoar para esquecer o vazio que esse alguém nos deixou.
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Candy Girl (Bubbline)
Romantik"- Por falar nisso, você... - Marceline se aproximava de Jujuba como uma onça se aproxima da presa. - O q-que tem eu? - Jujuba se afastou até ser encurralada numa parte da sua tenda. - Você é o meu tipo... [...] Ela fechou os olhos com força e vi...