Capítulo 25 - Ella

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Tim me autorizou a descer junto a Jericho, aquilo estava abandonado a muito tempo e seria quase impossível ter alguém, as fokhas vinham mantendo a porta bem presa e não pareciam ter sido removidas por um bom tempo. Engatilhei minha arma e fui na frente  descendo as escadas com a lanterna a postos, estava frio e escuro aqui, não tinha energia.

- Fêmea, quer parar? Eu acho que tem mais... corpos lá dentro. - Jericho colocou a mão pesada em meu ombro, provavelmente imaginou que eu vomitaria novamente.

- Tudo bem, vamos continuar... - o cheiro de podridão do local ficou forte a ponto da minha cabeça girar como um pião. Me apoiei na parede e continuei descendo tentando disfarçar meu desconforto.

As salas estavam sujas de sangue seco, tudo o que tinha aqui dentro era antigo, os corpos quase em uma inteira decomposição mostrava que não apenas espécies tinham sido brutalmente assassinados como os doutores também. A verdade nua e crua que estavamis vendo aqui era que a instalação não foi evacuada, ela foi atacada por alguma coisa com muita raiva.

Jericho era a minha defesa no momento, ele tomou a frente andando pelos corredores escuros do local, eu me mantinha costas a costas com ele para evitar que fossemos atacados de surpresa por trás. Quem fez isso pode não ter conseguido sair, ou queira dar uma olhada em sua pequena coleção de médicos decapitados.

Me virei quando o corredor acabou e bati minha testa nas costas duras de Jericho, estava prestes a abrir a boca para reclamar quando um rosnado baixo rompe o silêncio. Eu particularmente odiava quando alguém rosnava para mim, isso era um alerta de "não se aproxime humano infeliz!" Jericho ficou tenso, uma de suas mãos me encostou na parede oposta como se me escondesse. Tudo ficaria bem se minha curiosidade não fossem maior que minhas pernas. Me estiquei para o lado e meus olhos focaram em um brilho alaranjado como dois olhos felinos, o rosnado aumentou e a única palavra que vinha em minha cabeça era "fudeu".

- Corra Fêmea!  - gritou Jericho, eu era corajosa mas não idiota, se ficasse lá seria eu ou ele e não conseguiria conviver com a morte de um espécie em minhas costas.

Tentei manter a lanterna firme a minha frente enquanto corria desesperadamente pelo corredor estreito e ouvia os barulhos de coisas sendo quebradas, tentei segurar a arma de uma forma que pudesse atirar mas algo atingiu as minhas costas e eu cai. Busquei o ar com força e comecei a caçar a lanterna em meio a tantos dedos pelo caminho, os rosnados estavam altos e o barulho de coisas sendo arremessadas fazia meu coração disparar, eu não conseguia pegar a arma e nem a lanterna.

- Tim! Estamos sendo atacados, eu to sem saída!  - gritei no comunicador, provavelmente a base era feita para ser aprova de sons, ninguém podia saber o que estavam fazendo aqui e por isso os que estavam do lado de fora não ouviam o barulho. - Tim!? Cacete alguém me responde nessa porra! Ele vai matar o Jericho!

- Estamos descendo! - a voz de Tim nunca tinha sido um motivo de alivio para mim até agora, mesmo entrecortada. Respirei fundo e tentei me levantar para esperar a postos e temtar sacar aa rma que estava em minha coxa mas algo segurou em meus tornozelos e começou a me puxar. Tentei chutar mas o aperto era muito firme, comecei a tatear meus bolsos em busca das facas e as lancei em meu alvo não definido, eu não fazia ideia do que estava fazendo mas ele me deixaria tão desmembrada quanto os corpos lá fora.

- Me solta! Me solta! - eu gritei ao notar que nada fazia efeito contra o espécie furioso. Ele rosnou alto e apertou meus tornozelos colocando uma força mais do que necessária para que eu ficasse quieta. Resolvi não fazer mais nada, deixei que ele me levasse seja para onde queria e respirei fundo torcendo para que Tim chegasse logo.

Antes das lanternas os tiros vieram, eu sabia que eram dardos tranquilizantes, ele rugiu e me lançou contra uma parede, um líquido quente desceu por minha testa e eu soube que tinha um belo corte na cabeça. As lanternas chegaram junto a mais tiros e o estrondo do seu corpo ao chão fez minha testa latejar.

Agora tinhamos quatro espécies desacordados, dentre eles dois feridos. Um monte de corpos para velar e eu iria precisar de alguns pontos na cabeça. Tim não gritou comigo dessa vez, me ajudou a levantar e foi meu apoio até sairmos da instalação, me apoiei em uma pedra enquanto iam carregando os espécies para o helicóptero e os outros cavando a cova para os corpos.

- Como está?  - Tim perguntou se aproximando com os braços cruzados.

- Machucados na cabeça não doem, matam mas não doem. - resmunguei limpando o sangue. - Mas porque se importa?

- Você é um pé no saco, Buck. Mas nenhuma mulher merece ver o que você viu hoje. Aquelas atrocidades... - sua voz morreu, provavelmente estava pensando em sua própria família.

- Nunca vou esquecer... isso.., ele não fez isso. Fez? - eu sabia a resposta mas queria muito a positividade de Tim nesse momento.

- Não tudo isso, mas lá dentro eu não posso afirmar. - assenti,

Jaded - Novas Espécies [L5]Onde histórias criam vida. Descubra agora