Capítulo 10

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Nervoso? Acho que eu estava quase subindo pelas paredes. O relógio marcava as 19h15m, meu coração insistia em dizer que ela não viria, que tudo não tinha se passado de um sonho e eu estava sendo iludido. Me encostei na parede do lado de fora do dormitório e respirei fundo fechando os olhos, ela não viria. Estava pronto para entrar e desistir quando vejo um carrinho de golfe se aproximando.

- Desculpe a demora. O Bob pediu ao Leo para busca-la e eu estava devendo um favor a ele. - explicou Mike assim que estacionou a minha frente.

No banco do passageiro estava minha linda fêmea com um vestido branco acima dos joelhos, me apressei em ficar ao seu lado e estender a mão para ajuda-la a sair, iguinorando por completo o comentário de Mike. A maquiagem hoje não estava tão pesada mas usava cores escuras sobre os olhos, suas bochechas estavam levemente ruborizadas.

- Desculpe mesmo pela demora Jaded, também não foi tudo culpa dele. Eu acabei perdendo a hora no trabalho. - ela explicou ruborizando.

- Eu nem notei que tinham demorado. - menti e beijei sua mão delicada. - Vamos entrar? O jantar chega em poucos minutos.

Ela assentiu com um sorriso casto nos lábios grossos, segurei sua mão e a guiei para dentro do elevador que nos levaria ao terceiro andar. Tomei esse tempo em silêncio para observa-la melhor. O vestifo branco era solto e tinha mangas que cobriam seus ombros, ela usava um colar com uma pedra amarela e brincos na mesma cor, tinha uma presilha dourada prendendo a franja de um jeito delicado e usava sapatilhas pretas nos pés.

Quando o elevador parou fomos até a porta do meu apartamento e eu o abri sem pressa, o seu cheiro me deixava calmo a esse ponto. Ela entrou com um olhar curioso, parecia esquadrinhar tudo de um jeito minucioso. Fiquei encostado a porta apenas admirando seu belo traseiro e o cheiro de maçã que já se tornava parte do local.

- Já disse que está linda, Cora? - quebrei o silêncio chamando sua atenção para mim, o sorriso que ela me deu fez meu coração parar na boca.

- Não me deixe sem jeito, Jaded. Já estou muito envergonhada. - sorri de lado para ela e resolvi me aproximar devagar.

- Gosto de ve-la envergonhada. Quando fecha esses olhinhos puxados você fica ainda mais fofa. - murmurei para ela, suas bochechas ficaram rubras e alguém bateu na porta.

Sem ter mais o que dizer andei em direção a entrada dando passagem para o nosso jantar, o macho humano empurrou o carrinho para dentro e saiu rapidamente. Normalmente não podemos pedir jantar no apartamento mas estava na hora de usar meus benefícios para alguma coisa.

- Jantar? - perguntei puxando a cadeira para ela, assentiu se aproximando e tomando assento. Eu não sabia do que ela gostava então teria que ser frango mesmo, coloquei um prato a sua frente e o outro em meu lugar. Era um prato simples de frango, salada e uma massa com molho rosado. Peguei as taças e coloquei o vinho, sentei a sua frente e fiquei estatico a admirando. Demorou mas foi caprichado, Cora era simplesmente linda. - O que achou?

- Se o gosto for tão bom quanto o cheiro deve estar delicioso. - sorriu de lado me encarando. O que faço para te ter como sobremesa Coralyne? Estou realmente curioso.

- Aproveite. Enquanto comemos você poderia me falar sobre a sua família, adoraria saber mais sobre você. - enrolei a massa no garfo e a abocanhei depressa, estava realmente muito gostoso.

- Oh. Deixe me ver. Minha mãe é chinesa e o meu pai americano, ainda moro com eles. Eu sei que isso é patetico... - ela revirou os olhos enquanto cortava o frango e comia devagar.

- Eu não acho, é bom ter companhia. - comentei bebericando um pouco do vinho que eu não apreciava tanto, mas ela parecia gostar da bebida.

- É, principalmente quando ela cozinha. - brincou e riu tomando toda a minha atenção. - Minha mãe é chef de cozinha em um restaurante chinês e meu pai é advogado. São boas pessoas, sabe.

- Imagino que sejam, adoraria conhece-los. - falei sem pensar e ela engasgou, me mantive em alerta. - Falei algo errado? Você está bem, Cora?

- Argh. Desculpe, é que... eu tenho o costume de respirar enquanto engulo. Não falou nada de errado. Minha mãe teria um treco mas iria adorar te conhecer. - ela limpou a boca no guardanapo.

- O que é um treco? - ela falava muitas coisas estranhas, ao menos eu etava aprendendo mais sobre ela. Parecia ter uma vida perfeita fora daqui, o que eu podia oferecer oara que ela ficasse?

- Bom, um treco é... desmaiar ou passar mal. Entende. Ela ficaria muito emocionada, minha mãe adora os espécies. - falou rápido gesticulando com as mãos pequenas.

- Entendi. Você gosta do seu trabalho?  - ela parou para pensar e um sorriso meigo brotou em seus lábios.

- Eu amo meu trabalho, me esforcei muito para chegar onde estou e não me vejo longe desse mundo do jornalismo. Desde criança esse foi o meu sonho, eu brincava que estava entrevistando pessoas e passava tudo oara um caderno de notas antigo. É um sonho realizado. - eu me senti péssimo depois das suas palavras, estava tentando arranca-la de tudo isso e prende-la a mim. Como eu podia ser tão egoísta? Ela era feliz na sua vida e eu estou tentando atrapalhar, destruir seus sonhos. - Jaded, você está bem?

- Sim, claro. Quer sobremesa? -

Jaded - Novas Espécies [L5]Onde histórias criam vida. Descubra agora