Jaded - Novas Espécies [L5]

Capítulo 1

Justice pediu o almoço para nós três e aproveitamos para jogar conversa fora, coisa que não faziamos há muito tempo. O trabalho cansativo nos privava disso e ainda por cima Justice era totalmente voltado para a sua família. Ao terminar o almoço me despeço deles e saio em direção a minha sala onde será a entrevista, demoramos tanto na conversa que eu tenho quase certeza de ter deixado a fêmea me esperando.

Passo a mão nos cabelos para me certificar de que estão no lugar certo e respiro fundo constatando minhas suspeitas, a fêmea já está aqui e não cheira tão bem quanto eu esperava. Essa tarde vai ser bem longa principalmente por não poder falar tudo que quero, espécies são sinceros mas nesse lado da câmera tenho que ter cuidado com a língua e o temperamento, um passo em falso e Homeland vai a baixo. Abro meu melhor sorriso e giro a maçaneta da porta entrando na sala espaçosa em seguida.

De frente a porta ficava a minha mesa, a esquerda uma estante com ótimos livros e algumas flores, uma mesa para as refeições e uma janela ampla. A fêmea estava de costas para mim sentada em uma cadeira, parecia procurar algo na bolsa, contornei a mesa e sentei confortavelmente em minha cadeira esperando que ela notasse minha presença. Quando a fêmea finalmente levantou a cabeça não consegui segurar o rosnado de raiva, o que essa mulher faz aqui?

- Angélica. O que faz aqui? - rosnei para ela, a entrevista não era com ela e não faço ideia de como conseguiu passar mas usava uma peruca curta e maquiagem forte.

- O que maquiagem não faz? Eu estou a procura de respostas. - ela usava um terno e nada além dele por baixo, desabotoou um botão jogando seus seios sobre o tecido, se ela acha que isso foi excitante deveria se consultar regularmente com um psicólogo.

- Guarde isso antes que alguém entre aqui! - essa mulher só podia ser absolutamente louca, estava tramando algo grande e isso era notório.

- O que foi, Jaded. Não me acha bonita? Hn? Sou humana, vocês adoram humanas não é mesmo? Eu queria entender sobre isso, são nossos seios ou a nossa fragilidade? - ela levantou em minha direção, me apressei em dar a volta na mesa e manter distância. Torcia para que Justice ou Bestial entrasse aqui e arrancasse essa fêmea louca da minha frente. Apuros era pouco para minha situação.

- Pare com isso Angélica, ou chamarei a segurança para lhe colocar fora daqui do jeito que está!  - esse filhote de capeta iria me tirar do sério em pouco tempo, eu temia por machuca-la ou alguém entrar aqui e presenciar isso. Poderiam me denunciar por assédio ou crime de violência contra a mulher.

- Assim não tem graça brincar, me responda o quero saber e eu vou embora. - até parece que vai, me lembro da última entrevista que lhe dei, ela manipula as respostas e cria seus próprios videos adulterados, joga-os na tv nacional e ferra com todos os espécies.

- Desculpe pela demora Sr. Jaded! Eu juro que tentei chegar mais cedo, acontece que a segurança não me deixava passar e... Angélica? Sr. Jaded? - a fêmea que provavelmente era a verdadeira Coralyne Dikson entrou meio atordoada, o cheiro delicioso de maçã me envolveu tão rápido que por alguns segundos esqueci a presença de Angélica.

- Não é o que pensa. - tentei amenizar, Angélica estava com um sorriso debochado nos lábios, isso era o que eu mais temia que acontecesse. Coralyne olhou para nós dois com os pequenos olhos pixados arregalados, ela tinha cabelos castanhos curtos e usava uma maquiagem muito forte no rosto alvo, as roupas também não se assemelhava as repórteres que já tinha conhecido. A calça era larga de um tecido grosso, a blusa era solta e cobria praticamente tudo.

- Bom, ai depende do que você pensa querida. - Angélica alfinetou guardando os seios novamente dentro do terno e trocando o peso dos pés de um jeito debochado. Eu mereço isso? No momento que encontro a fêmea dos meus sonhos esse filhote de capeta está aqui para estragar meus sonhos.

- Eu não estou pensando nada, eu vejo muito bem para tirar opiniões precipitadas. Angélica, dê o fora daqui antes que eu ligue para a central do canal nove e lhe denuncie de assédio e falsa identidade. - arqueei a sobrancelha para Coralyne que colocou uma mão na cintura como sinal que falava sério, o espanto no rosto de Angélica ficou notório enquanto caçava suas coisas e as jogava dentro da bolsa.

- Isso não vai ficar assim, Coralyne! - ela gritou aproximando o rosto da fêmea de olhos puxados que estava visivelmente irritada com toda a situação.

- Não vai mesmo, apareça aqui de novo e eu acabo com sua carreira. Não brinque comigo Angélica, você não aguentaria meu tipo de brincadeira. - isso soou como uma ameaça, minha fêmea era corajosa e audaciosa, gostei disso. Abri um sorriso satisfeito quando Angélica sumiu da minha sala levando consigo o seu cheiro irritante de perfumes caros e fedorentos. - Desculpe ter passado por isso, não precisa mais fazer a entrevista. Isso deve ter sido irritante para o senhor, marcamos outro dia.

- Não se preocupe com isso, Coralyne. Eu estou bem, obrigado por me salvar daquela situação. Sente-se vamos começar a entrevista uh? Assim eu me distraio daquele momento. - ela sorriu derretendo tudo dentro de mim, Coralyne seria minha e apenas minha.