Capítulo 24 - Ella

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Capítulo com cenas fortes
Se você não tem um bom estômago, não leia.

Peguei a cadeira com o fundo quebrado e o joguei sobre ela, as mãos foram amarradas as costas e as pernas bem abertas amarradas a cadeira fortemente, o desgraçado ainda estava desacordado por isso eu sentei a sua frente e esperei que acordasse.

Alguns tinham rejeitado as ordens de tortura-lo e os que tentaram não conseguiram arrancar nenhuma informação, eu já sabia que nem eu ou ele teriamos salvação depois de hoje. Nenhum de nós dois veria a luz, nenhum de nós virariamos anjos. A solidão, o medo e principalmente a dúvida mudam as pessoas, elas matam para sobreviver e essa é a lei mais crua da vida militar, matar ou morrer.

Pedi que trouxessem sua família eles foram postos amarrados em cadeiras atrás dele, eles estavam aqui para morrer. O cheiro do lugar me dava náuseas mas eu tinha que me manter firme, eu precisava fazer o que os outros não foram capazes, eu precisava ir ao extremo para permanecer viva.

Quando ele abriu os olhos inchados de socos e me viu em sua frente ele sorriu, aquele sorriso me fez quase vomitar. Eu odiava que rissem de mim, minha aparência esconde um monstro e ele nem sabia disso.

- Vai me estuprar? Gracinha... - ele riu alto, sacudindo todo o corpo e olhando o máximo que podia do local, meus olhos permaneciam nele tão friamente quanto o vento do lado de fora.

- Como torturaram você?  - eu perguntei segurando meu tom de voz como sempre fazia, alguns dizem que a morte não é violenta, ela usa sapatos de lã e tem uma voz melodiosa e atraente.

- Socos, chutes, choques... Até arrancaram um dente e algumas das minhas unhas, mas eu nunca vou falar onde a maleta está escondida. Não adianta se vai empurrar um pedaço de pau em mim! - sorri com a sua resposta, me levantei devagar da cadeira onde estava sentada e me pus as suas costas apenas para girar a sua cadeira e ele pudesse ver sua mulher e seus três filhos de idades inferiores a quinze anos amarrados. - Vadia!

- Talvez eu seja, mas juro que se não me contar não é em você que eu vou colocar essa estaca. - sussurrei em seu ouvido mostrando a estaca grossa em minhas mãos. Ele tremeu quando um dos soldados que estavam na sala se posicionou atrás da sua esposa colocando a mão sobre seus ombros. - Fala para a vadia, onde está a maleta?

- Vão se ferrar! Você está blefando! - sorri soltando o ar dentro do seu ouvido, ele se contorceu na cadeira quando o soldado desamarrou a bela mulher e ela começou a gritar por ajuda, foi novamente amarrada de bruços sobre uma mesa de pedra. Eu me aproximei com a estaca nas mãos.

- Última chance... - comecei a despi-la em sua frente, a mulher se contorcia. Eu esperei o arrependimento vir mas ele não veio, isso aqui são apenas ossos do oficio. Ele se remexeu mas não disse nada. - Pois bem, talvez ver isso te ajude a lembrar...

[···]

Eu já tinha visto muita coisa na minha vida, feito muita coisa em minha vida mas aquilo me fez colocar todo o almoço para fora em segundos. Bob segurou em meus ombros enquanto eu vomitava em meio a vegetação, Shadow e Brass estavam sendo segurados firmemente pelos primatas, estavam revoltos, irados.

- Malditos terroridtas desgraçados! Filhos da mãe!  - Tim se aproximou de mim esbravejando, me entregou um lenço e levantou meu rosto para encara-lo. - Você está bem? Não precisa ficar aqui, Bob leve Ella para o helicóptero, ela não merece ver isso...

A situação era feia, segurei o lenço e limpei a boca mas desobedeci sua ordem de retirada, eu não conseguiria ficar longe enquanto eles trabalham. Meu olhar vagou do homem a minha frentr para a cena atrás dele, meu estômago embrulhou novamente mas dessa vez consegui prender a comida dentro de mim.

- Coloquem eles para dormir, vamos precisar de uns minutos de silêncio. - aplicaram sedativos em Shadow e Brass, em seguida acloparam lanternas ofuscantes nas árvores focando no meio da clareira. - Filhos da puta...

- O que ... vamos fazer? - Bob perguntou em meu ouvido enquanto todos respeitavam os momentos de silêncio, eu respirei fundo aquele cheiro podre e lhe fitei os olhos azuis.

- Eu não faço a mínima ideia. - sussurrei de volta, tentando me manter em pé sobre as pernas bambas.

Eu já tinha visto massacres, suicídios, desastres e até mesmo feito algumas atrocidades mas nada como isso aqui. A clareira estava repleta de corpos em estado de putrefação, fêmeas e crianças mortas de formas horríveis, alguns corpos estavam pendurados nas árvores de um jeito estranho, diversos esqueletos mostravam que esse lugar e essas práticas não eram recentes.

Cabeças e membros lomges do corpo, queimaduras e cortes desajeitados, no centro uma placa de madeira pintada com sangue.

Cemitério das Aberrações

- Mike tire fotos. Trey e Bob, voltem para o helicóptero e tragam pás. Vamos enterra-los. - seria o certo a fazer, não podiamos leva-los daqui, não tinhamos equipamentos ou estômago para juntar a peça de todos os corpos.

Eles saíram rápido para fazer o que Tim havia mando, meus olhos corriam para os bebês desmembrados e meus olhos enchiam de lágrimas.

- Por Deus, Buck! Pare de olhar para isso! - Tim esbravejou em meu ouvido, desviei o olhar e dei alguns passos para trás com a intenção de me encostar em alguma pedra ou árvore que não estivesse suja de sangue.

Quando encontrei algo sólido me encostei e um barulho de trava soou em meio ao silêncio, uma porta abriu entre as folhas dando passagem para o que parecia ser a instalação de testes da Mercilli. Um pensamento perturbou meu consciente, poderia ficar pior? 

Jaded - Novas Espécies [L5]Onde histórias criam vida. Descubra agora