CAPÍTULO 5

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Heitor Bernardi

A espada cortou o ar ao meu lado, senti o zumbido do metal tilintar em meu ouvido e rolei pelo chão a tempo de bloquear mais um golpe. A dança das lâminas era cruel e fatal.
Com uma risada Leo me estendeu a mão e me ajudou a levantar.

— Está ficando mais rápido. — Minha risada se juntou a dele quando o elogiei.

— Ou você mais lento.

Seus cabelos pretos estavam grudados na testa e os ombros subiam e desciam de modo ofegante.
Leonardo podia ser bom com a espada, mas ainda não tinha um bom preparamento físico.

— Meu pai disse que ainda não encontraram Ailyn, como você está?

Seu rosto se tornou sombrio e as risadas cessaram.

— Perturbado — falei sinceramente, jogando minha espada no chão e passando a mão pelos cabelos molhados de suor.

Meu coração estava apertado, não conseguia dormir a noite e, quando dormia, acordava com a garganta seca e a respiração pesada depois de mais um pesadelo.
Sempre me lembrava do momento em que a tirei do castelo, de quando a deixei sem a proteção dos muros, dos guardas e sem a minha proteção.

— Não foi sua culpa, Heitor.

— Sim, a culpa foi minha. Não tente tirar esse peso das minhas costas, primo.

Minha mãe sempre estivera certa. Ailyn era frágil de mais para se aventurar longe das nossas proteções. Graças a mim, descobrimos que ela também era inconsequente e rebelde. Minha irmã podia já estar morta naquele momento.

— Você sabe que não foi, você quer apenas fazer com que a responsabilidade pelo que aconteceu seja sua. Ailyn não era frágil como vocês diziam, ela iria sair dessa prisão mais cedo ou mais tarde.

— Você fala como se a conhecesse mais do que eu, Leonardo.

— Que você ama sua irmã ninguém duvida. Mas, Heitor, você ama a princesa frágil e que precisa de proteção, você nunca tentou ver Ailyn de uma forma diferente, nunca ninguém permitiu que ela tentasse fazer qualquer coisa sozinha.

— Eu a tirei daqui, não tirei?

— Só para se sentir melhor com a sua consciência por estar deixando Ailyn se casar com um homem que já matou cinco esposas. Você não a levou para cavalgar até os muros apenas para realizar seu sonho, Heitor. Nunca foi por ela, foi por você.

Meus punhos se fecharam com força e senti meus olhos queimarem, ardendo com a raiva que esquentava meu sangue e acelerava meu coração.

— Você não sabe o que está dizendo, Leonardo. Você não tem uma irmã, nunca vai saber como me sinto.

— Eu tinha Ailyn — ele se aproximou e colocou a mão em meu ombro, olhando dentro dos meus olhos — eu a amei como você nunca amou, Heitor.

Então eu entendi. Ele amava Ailyn. Amava mesmo.
Eu queria gritar com ele, tirar sua mão do meu ombro, fazer qualquer coisa. Mas eu estava paralisado, em choque.

— Príncipe Heitor, graças a tudo que é mais sagrado lhe encontrei! — Um soldado entrou correndo pela arena, falando tão rápido que sequer tinha tomado fôlego.

— Encontraram ela?

Me desviei da mão de Leonardo e me aproximei do guarda com agilidade.

— Perdão alteza, não me deram essa informação — ele fez uma curta reverência quando parei na sua frente — Rainha Elinor deseja encontrar com o senhor no Jardim Morto.

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