CAPÍTULO 25

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Henrique Gohann

— Você não é bom o bastante para ela — rosnei para Lucas.

Meu irmão deslizou suas mãos pelo corpo da escrava em seu colo. Ele era tão asqueroso que não tinha coragem de pagar por uma prostituta, achava que as escravas vindas do reino de Dubalim tinham a obrigação de abrir suas pernas para ele pelo simples fato de serem prisioneiras de guerra de um reino bárbaro que não existia mais.

— E você é, irmãozinho?

Ele tirou a surrada blusa da mulher de longos e oleosos cabelos negros, deixando seus seios cobertos de cicatrizes expostos.

—  Ela não é minha, não é para mim — sussurrei sentindo o gosto amargo da bile subir até a boca, se misturando com o bolo que se formou na minha garganta, me impedindo de engolir.

Eu era um fraco, negava minha princesa dia após dia, a jogava no covil dos lobos por não ter coragem de ir contra meu irmão, de lutar por sua mão.
Eu era um general, banhado em coragem e astúcia, moldado a ferro e ouro, mas quando se tratava de Héstia tudo a minha volta desmoronava, minhas defesas, minha postura, minha coragem.

— Você se acha bom o bastante só porque comanda um exército e paga por suas prostitutas. Mas você é um estrume, igual todo mundo. Você tem sangue dos Gohann correndo em suas veias general, não se esqueça disso, o sangue dos antepassados de Tarack banham suas mãos assim como as minhas. 

Ele passou a ponta dos dedos pelo seio da mulher, mas sua mão parecia rígida, como se não quisesse fazer aquilo. 

— Eu não sou como você, Lucas, nunca vou ser.

Continuei quieto, olhando pela janela como se ele não estivesse ao meu lado, me provocando.

— Realmente, você nunca vai ser rei. Vai ter que viver sua vida de forma miserável até os últimos dias, enquanto eu vou ter luxo e mordomias, me banquetearei ao lado de sua amada, sendo o Imperador.

— Você será rei consorte, jamais imperador.

— Então ela é sua amada.

Encarei dentro dos seus olhos, a maldade reluzia a cada movimento de suas pálpebras.

— Não, não é — disse com a voz firme, mas com o coração se quebrando em milhões de pedaços, fazendo meu peito sucumbir a uma dolorosa sensação de traição.

— Essa escrava já fora uma princesa também  — ele segurou os cabelos sujos da mulher e a virou de costas para ele — e agora ela segue os meus caprichos. Não importa o quanto de sangue real corra dentro das veias de Héstia, eu vou dobrá-la de acordo com minhas vontades.

Virei meu rosto para a janela de novo, deixando meu irmão sem uma resposta, o que ele traduziu como uma confirmação.
Pobre homem, não sabia da mísera metade do que a princesa a quem ele se referia podia fazer.

— Clara era uma perdida, mas Héstia não, Héstia tem um brilho diferente no olhar — ele se abaixou e pegou o pano surrado que a escrava usava como blusa — e você também vê isso. Você a vê como se fosse sua garota.

Fechei os punhos com força o suficiente para os nós dos dedos ficarem brancos e suspirei profundamente.

— Ela não é minha — murmurei.

— Então você não vai se importar quando eu beijá-la assim na sua frente.

Lucas virou a mulher de frente para ele novamente e segurou seu cabelo escuro com a mão firme, fechando seus olhos e aproximando seus lábios com os lábios trêmulos da antiga princesa de Dubalim.
Mas então ele parou.
Abriu os olhos e se afastou dela com brutalidade.

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