CAPÍTULO 36

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Henri deslizava seus dedos lentamente pelos longos fios do meu cabelo.
Seus olhos estavam voltados para o céu límpido salpicado de nuvens brancas, o verde em perfeito contraste com o azul.
Minha cabeça descansava em seu colo e a grama verde e saudável acariciava minha pele, as flores tinham seus aromas lançados no ar pela leve brisa fresca que rodava ao nosso redor.

— No que está pensando? — perguntei quando seus dedos se moveram de forma automática e percebi que sua mente estava longe, absorta de tudo que estava acontecendo ao nosso redor.

Seus olhos, tão brilhantes quanto esmeraldas, se voltaram em direção ao meu rosto, olhando cada detalhe.

— Em como tudo mudou drasticamente.

— Isso é bom ou ruim?

— Ainda não sei dizer, Héstia.

Deixei meu corpo rolar na grama, apoiando minha barriga no solo o e a cabeça nas mãos.

— Você não quer se casar, é isso?

Seus olhos me buscaram com urgência quando as palavras foram pronunciadas e meus olhos pararam de demonstrar o mesmo fervor de antes.

— Meu amor, me casar com você é tudo que eu mais quero — ele passou as mãos pelos rebeldes fios ruivos que brilhavam sob a forte luz dos últimos dias de verão — eu só não estava preparado para deixar meu povo, lutei por eles por toda minha vida.

— Realmente, é uma situação injusta — murmurei.

Passei minha pálida mão pela grama, sentindo sua textura e seu cheiro, evitando ao máximo os olhos de Henrique.
Eu poderia o queimar de dentro para fora se o olhasse nos olhos naquele momento.

— Então se você concorda, por que me tirou meu reino, Héstia?

— Eu não disse que a situação é injusta por você sair do trono de Tarack, Henrique. A situação é injusta porque você sempre fez tudo pelo seu povo e agora não vai mais lutar diretamente por eles, mas nunca fez nada por mim e agora vai simplesmente se casar comigo. Como se fosse fácil.

— Você se sente assim?

Sua voz não passava de um sussurro quando seu corpo se arrastou lentamente na minha direção e tomou meu rosto entre suas mãos.
Nada saiu da minha boca, não conseguia pronunciar em palavras o que sentia em meu coração.

— Me responda, minha princesa.

Ele levantou meu rosto em direção ao seu e quando nossos olhos se encontraram, pareciam faíscar.

— É claro que sim, Henrique. Hoje eu entendo que você nunca pôde ir contra Frederick pelo bem não só nosso, mas de todos. Mas agora você vai se casar comigo e está mais preocupado com o seu reino.

— Não é que eu não esteja preocupado com você, com nós, Héstia. Eu só não sei como expressar isso, sou um general com a mesma intensidade que você é uma herdeira. Fazemos tudo pelo nosso povo, eles vem acima de nossas próprias vidas.

Ele tentou sorrir, mas seus olhos brilharam mais do que o normal, se afogando em lágrimas que ele claramente lutava para segurar.

— Seu povo é meu povo, Henrique, não se esqueça que Tarack me pertence tanto quanto a Lhuria ou qualquer outro reino de Aridon. Eu fiz o que fiz porque sei o que é melhor, Anna é a herdeira perfeita e nós não podíamos unir Tarack e Lhuria em um único reino.

Então a lágrima que ele tanto lutou para segurar deslizou pela sua bochecha, molhando as pequenas sardas que salpicavam sua pele marcada pela longa cicatriz que sumia na gola de sua camisa.
Me levantei e me ajoelhei a sua frente, passando os dedos pelo seu rosto e logo em seguida depositando um beijo no caminho que a lágrima fez. 

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