— Temos que ir mais rápido — Lucas disse com a voz baixa, voando com agilidade, aproveitando o manto de escuridão para se camuflar.
No horizonte, alguns raios da aurora, laranjas e rosados ameaçavam se levantar, indicando que passava pouco das cinco da manhã.
— Ele tem razão — Desty concordou com o herdeiro de Tarack, porém suas palavras eram duras.
Seus pensamentos não estavam em sua mente naquele momento, Destroyer era um líder, e seu povo estava morrendo a quilômetros de distância, o sangue de sua raça estava sendo derramado e ele nada podia fazer.
— Nós vamos conseguir, Desty — sussurrei em sua mente, acariciando suas escamas que estavam mais frias do que o normal, provando o quanto meu dragão estava apreensivo.
Eu podia sentir sua destruição rodando dentro do seu corpo, implorando para sair, pronta para reduzir o mundo a pó se assim fosse necessário.
Eu o entendia, meu povo também estava morrendo, quase podia sentia meu próprio sangue sendo derramado naquela clareira, eles eram minha responsabilidade, eu devia cuidar de suas vidas.— Você tem certeza que está bem? — Lucas perguntou depois de um longo silêncio, o único som era do vento sendo cortado ao nosso redor e o batimento descompassado de nossos corações.
— Sim. Tenho mais certeza ainda por Destroyer ter me convocado, ele zela pela minha vida intensamente.
Continuei a acariciar as escamas da fera sob mim.
— Você é uma lenda, sabia?
Olhei para seu rosto atentamente, um pequeno sorriso brincava em seus lábios, tímido de mais para se alargar.
— Não, eu não sabia — respondi sinceramente.
— Você é a Cavaleira da Destruição, a única que conseguiu montar em Destroyer. Aliás, a séculos ele estava desaparecido de Aridon.
— Eu sempre estive em Aridon — Desty resmungou em minha mente, irritado por Lucas estar atrapalhando seu foco, enchendo sua mente com palavras desnecessárias.
Decidi não dizer ao herdeiro de Tarack que ele estava equivocado ao afirmar que o dragão cor de névoa e raios de luar sempre esteve no Império, em baixo de seus narizes, mas sem nunca ser encontrado.
— Fico feliz que as pessoas reconheçam o potencial que eu posso alcançar.
— É uma honra lutar ao seu lado, alteza.
— Mande ele calar a boca antes que eu mesmo obrigue Ferbin a jogá-lo pelos ares.
Ferbin, o robusto dragão azul do homem ao meu lado.
Parei de acariciar suas escamas, evitando o máximo possível de contato, Destroyer estava furioso, pronto para fazer o que nasceu para fazer, matar.
Lucas pareceu entender o motivo do meu silêncio, ou simplesmente perdeu a vontade de conversar comigo, voltando ao seu habitual comportamento, se calando e sequer olhando na minha direção.
A manhã ficava cada vez mais clara, se erguendo sobre as densas florestas de Devália que levavam à fronteira com Hevrá. Antes mesmo de cruzarmos o restante das copas das árvores, o cheiro de fumaça impregnou em minhas narinas e pude sentir o corpo do dragão ficando mais tenso e a velocidade do seu vôo aumentar.
A floresta estava queimando.
A imagem da clareira veio na minha mente, milhares de soldados tendo seus corpos consumidos pelas chamas, barrigas sendo dilaceradas e vidas deixando aquele mundo.
Suspirei com pesar, tendo consciência da chacina que estava acontecendo, culpa de uma guerra que deveria ser travada somente entre mim e Elinor. Um rio de sangue derramado injustamente.
Destroyer cruzou os céus como um raio, as copas das árvores não passavam de vultos abaixo de nós e logo as chamas já eram visíveis e os gritos de dor e determinação audíveis.
Tínhamos chegado.
Destroyer se preparava para fazer um vôo rasante quando uma bola de fogo veio em nossa direção, passando em alta velocidade, raspando nas escamas de Ferbin que estava atrás de nós e não conseguiu se desviar completamente.
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Imperatriz da Lua
FantasiA paisagem congelada era um fiel retrato do coração de Ailyn Bernardi, uma jovem princesa do reino de Salim, com uma aparência unicamente exótica e um precioso dedo livre de um anel de compromisso. Inconformada com o destino que lhe aguardava, mais...