30. Nia Kaled nega traição do namorado.

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A cafeteria estava lotada, e do lado de fora, do outro lado da rua, diversos paparazzi se espreitavam atrás de carros. Se tentavam parecer escondidos não estavam conseguindo. Mas eu apenas ignorei e encarei a xícara de chá a minha frente. Frescor de canela subia do conteúdo com gelo, e minhas mãos agradeciam pelo recipiente esfria-las. O calor em Miami estava simplesmente insuportável.

As câmeras do lado de fora se moveram, chamando minha atenção. Virei o rosto, bem a tempo de ver Christopher entrando pelas portas duplas da cafeteria. Ele tirou o boné e passou a mão pelo cabelo suado, enquanto olhava ao redor.

Meu coração deu um pequeno salto no peito.

Eu não o tinha visto desde aquele dia no meu apartamento, e isso já fazia quase um mês. Nós tínhamos entrado em contato com a equipe do contrato para falarmos que estaríamos dando um tempo, porque eles tinham enchido nosso saco quando ficamos uma semana sem cumprir compromissos que tinham agendado e planejado para a gente. É claro que não aceitaram, e as publicações nas redes sociais de coisas minha e dele, além de interações, foram eles que fizeram. Postaram algumas fotos que nós tínhamos juntos na minha conta, apenas para ninguém desconfiar.

Para as pessoas de fora ainda éramos um casal, para eu e ele, nem sabíamos o que éramos mais.

Eu queria muito ter mandado mensagem, ouvir alguma coisa dele... Mas sabia que não podia. Chris precisava do tempo dele, e isso era algo que eu tinha que respeitar. As semanas que ficamos separados me ajudou a clarear a mente, e ver que os sentimentos que eu tinha por Joel tinham ido embora. Não completamente, e não do dia da noite. Mas não eram mais os mesmo. Dentro de mim agora só tinha foco para uma pessoa: Christopher Velez.

Não tínhamos planejado nos encontrar, e a surpresa em seu rosto quando me viu foi a mesma que meu coração sentiu. Dei um fraco sorriso, apertando a xicara para evitar que minhas mãos tremessem. Ele me encarou por alguns segundos, claramente conturbado e perdido, mas após soltar um pesado suspirou, ele veio até a mesa. Se sentou a minha frente, o corpo deslizando pelo sofá vermelho.

— Hey... — falou, devolvendo o boné a cabeça.

Levantei o rosto e o olhei, tentando ao máximo não demonstrar nenhuma reação que pudesse me entregar.

— Oi — respondi sorrindo novamente.

—Eu ia te ligar ontem — começou, mexendo nos anéis dos dedos. Notei que três deles eram meus. — Mas... Achei melhor falar pessoalmente.

— Falar o que? — Algo dentro de mim se prendeu de medo, pensando no que seria tão importante para ele não poder falar por telefone. Nenhumas das opções eram boas.

Ele olhou ao redor e batucou as mãos na mesa.

— Podemos conversar outra hora? — Franzi a testa e levantei o olhar. — Em um lugar mais reservado.

— Chris...

— Jantar, amanhã? No Crust. Sempre fiquei de te levar lá...

— Christopher, se for para terminar comigo, você pode fazer isso agora. Já passou um mês, um dia não vai fazer diferença.

Ele respirou fundo, me olhando, analisando meu rosto. Eu sentia seu olhar me pesando, e meu corpo se sentir atraído por ele, apesar da situação. Eu queria esticar a mão e tocar seu rosto, queria beijar sua boca... Ele se levantou.

— Amanhã no Crust, as oito. Precisamos conversar.

E saiu, sem me dar a chance de responder ou perguntar algo. Soltei o ar e larguei a xicara, passando as mãos pelo rosto e respirando fundo.

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