18 | Vamos Apenas Fingir

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O dia seguinte estava chuvoso e extremamente frio. Lis tivera de usar roupas longas e grossas, mas, por não ser muito fã de calças, usou um short jeans preto, um pouco curto com uma bota marrom de cano bem longo; o que faria o mesmo efeito de uma calça. Usava um moletom branco, fechado, com o bolso e o capuz pretos. Por causa das baixas temperaturas e do clima calmo, passou um bom tempo escutando músicas nos fones de ouvido.

A garota estava sentada em um banco externo, de pedra, um dos únicos que eram cobertos. Desenhava algo ilícito em um caderno apoiado sobre suas pernas; enquanto ouvia "In the Name of Love" em um volume agradável - ser muda já era o suficiente, perder a audição seria um pesadelo.

A primeira pessoa a aproximar-se foi Daya, que estava com uma capa de chuva marrom- avermelhada, combinando com seus cabelos longos e ruivos.

- Hm, desenho bonito... é um anjo e um demônio? - pergunta Daya, fazendo Lis pausar a música e voltar sua atenção para ela.

"São muito mais do que um anjo e um demônio. São dois opostos. Eles são Yin e Yang. São a sintonia entre o bem e o mal, o preto e o branco, o céu e o inferno." - Lis escrevera, em outra página do mesmo caderno.

- Está inspirada hoje, hein? É por causa da chuva? Ou será que... tem algo mais? - Daya sorriu de forma desafiadora.

"Do que está falando?" - ela a observava de forma estranha, disfarçando uma alegria interior.

- Ontem eu estava dando uma volta pela cidade, quando vi você e Natan, mas ele parecia... fraco. Você estava carregando ele?

"Ah, sim, ele estava" - Lis demorara um pouco para escrever nessa parte - "com o pé doendo."

- Tem certeza? Eu pensei ter visto um pouco de... sangue...?

"Que horror!"

- Eu vi de longe, então não tive muita certeza. Mas por que você o levou para sua casa? - Daya cruzara os braços, desconfiada.

Lis hesitou um pouco antes de escrever. "Porque marcamos de estudar ontem. Estávamos a caminho da minha casa, quando ele levou uma topada e acabou batendo a perna em uma calçada alta."

- Ah, entendi... mas ainda não parece o que eu vi.

"Você estava vigiando a gente?" - Lis já começava a demonstrar nervosismo.

- Não. Apenas parei para comer um lanche e vi ele voltando para casa sem blusa e... sem mancar.

"É que meu pai pediu para por no pé dele um gel 'milagroso' da minha mãe." - Lis estava ofegante, com o coração na mão.

- Tem certeza que foi isso mesmo? - Daya não queria acreditar naquela história.

Lis respondeu que sim com a cabeça, dando um sorriso forçado.

- Tudo bem. - e fingiu aceitar aquelas desculpas, mas mais por querer evitar forçar Lis a dizer algo.

Um pouco longe, as duas viram Nathan e Sean conversando em um corredor externo, mas coberto; animadamente. Em um momento de distração, sem que o outro notasse, este primeiro avistou Lis e deu um sorriso, sendo retribuído com uma expressão enrubescida no rosto, coberta de felicidade.

-- E esse sorrisinho, hein!? -- Daya já havia entendido toda a história.

  Lis apenas riu docemente, corando ainda mais.

Yin & Yang | A Sintonia de Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora