10 | A Escolha é Sua

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Chegara o dia da apresentação de dança, e Lis estava ansiosa. Seria na primeira aula após o intervalo, e o tempo deste seria para as duplas se prepararem.

A garota ensaiava alguns últimos passos no banheiro, enquanto termimava de se trocar. Teria de usar um vestido branco, ombro-a-ombro, longo e aberto; com um short bem curto por baixo. Seu cabelo estava com uma trança lateral, que prendia apenas uma pequena parcela deste, segura atrás da cabeça por uma fivela com detalhes de minúsculas pedrinhas brancas.

  Nervosa e ansiosa, Lis foi apressada até a sala de dança. A primeira pessoa com quem "falou" foi Nathan, que estava em uma furada.

– Lis, meu anjo, me ajuda.

  "Meu anjo?", estranhou ela, corando levemente. Porém, a julgar pela expressão dele, não parecia estar em um clima muito terno.

  "O que você tem?"

– Selly faltou hoje, ela está com uma febre alta e recebeu um atestado de dois dias. Com quem eu vou dançar?

  Lis já via Sean vindo na direção dos dois, convidando-a com um olhar para dançar a próxima música. Em resposta, ela assentiu brevemente com a cabeça. Voltando seu olhar para Nathan, sentiu dó dele. Por mais que quisesse, não havia nada que pudesse fazer.

  "Eu não vou poder ajudar desta vez", disse, triste consigo mesma.

– Tudo bem... -- ele respirou fundo -- Vou ver o que posso fazer. Agora vai lá e arrasa. – sorriu, enquanto ela se afastava, levada por Sean.

  Este chegou perto da caixa de som, que seria usada por todos, e conectou nela um cabo e seu celular. Acessou um aplicativo de música e clicou em algo, indo então para o centro da sala, levando Lis consigo.

  Os outros alunos haviam se organizado na sala de forma a formar um "palco" redondo e grande, próximo à entrada. Ali, as duplas se apresentariam. A maioria da platéia estava sentada, mas haviam alguns de pé aqui e ali, como Nathan — que estava encostado na parede — e o próprio professor Larsson, que anotava tudo em uma prancheta.

  Sean segurou Lis com uma mão em sua cintura e a outra mão segurando a dela. A mão livre da garota estava repousada sobre o ombro do garoto. Sean estava com um terno preto, sem mangas; uma blusa gola-polo branca por baixo, cujas mangas só vinham a se dobrar já no pulso; e uma calça formal, da mesma cor do terno. Ambos usavam sapatos sociais.

  De repente, um susto para Lis: a música havia começado, mas não a música esperada. Ao invés de "Thousand Years", a canção ensaiada e suposta; começou a tocar "Give me a Reason", do Linkin Park. Lis suou, nervosa. Como não havia adivinhado que Sean lhe pregaria uma peça daquelas?

  Sentiu ódio, até nojo. Mas não poderia demonstrar nada ali, na frente de todos. Por outro lado, também não conseguiria improvisar. Não tinha sintonia com ele. Ganharia uma nota ruim de qualquer jeito, estava encurralada. "Maldito Sean...", pensou.

  Este, por sua vez, simplesmente dançava como se tudo estivesse certo. Conduzia Lis como uma marionete desajeitada e confusa, como ela realmente estava se sentindo no momento.

  Risadinhas eram escutadas, vindas da platéia. Sean estava se saindo super bem, enquanto Lis simplesmente não sabia o que fazer. Larsson olhava com decepção para a garota, que tentava entrar na coreografia, sem sucesso.

  Em um momento em que Sean a soltou, ela aproveitou para deixar seu corpo falar.

  "CHEGA!" — ela fez com as mãos, fumaçando de raiva e desligando o som.

– Ela disse... "chega". – Nathan traduziu para o professor.

  Todos estavam pasmos. Ninguém sabia se aquilo fazia ou não parte da dança. Ninguém, exceto a dupla e... Nathan.

– Chega de quê? – indagou Larsson, confuso, enquanto Sean forjou a mesma expressão facial.

  Por mais malandro que fosse o garoto de cabelos da cor de rubi e olhos de safiras, ainda chegou a sentir receio do que viria a seguir.

  "Esta não é a música que nós ensaiamos. S E A N está mentindo, a música era Thousand Years!"

– O que ela disse agora, Nathan? – perguntou Larsson.

– Ela disse que Sean está... ótimo... – Nathan novamente estava traduzindo falsamente, olhando receoso para Lis; uma expressão de ódio se formara em seu rosto.

  "Você realmente vai fazer isso? Por que diabos defende tanto ele? O que ele fez por você?? Pára de ser tão idiota e faça o que você acha certo pelo menos uma vez!"

– Nathan? – chamava o professor.

– Ela... ela disse que... – Natan suava, posto sob pressão.

  "A escolha é sua, N A T H A N."

  A expressão no rosto de Lis poderia lançar chamas dos olhos, tanto em Sean quanto em Nathan. Este primeiro encarava o outro com um sorriso desafiador, como se o ameaçasse. Nathan estava entre a cruz e a espada.

Yin & Yang | A Sintonia de Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora