"Não pode ser verdade. Eu não quero Sean, não quero... ele é... um monstro..."
Lis já havia se acalmado, sentada em um cantinho isolado e escuro da escola, abraçando as próprias pernas. O pingente, na hora do desespero, fora retirado por ela mesma e atirado no chão, sobre o caderno onde a frase estava escrita: "Aquilo que o destino uniu, nem toda a força do Universo pode separar".
Sem seu pingente e sem saber quem era seu Yin, Lis sentia-se completamente vazia... até que uma luz a iluminou e uma voz familiar, apesar de perdida no tempo, falou com ela.
— Lis?
Ela não ouviu.
— Hey, Lis! — ele chama.
Ela abre lentamente os olhos e olha para a frente.
— Olhe para mim.
Ela ergue os olhos até ver a face dele.
A figura angelical estende-se à sua frente. Um "vestido masculino" branco, sem mangas, enorme de forma a arrastar-se pelo chão, lhe reveste o corpo; a fisionomia é de alguém de catorze ou quinze anos, como se o tempo tivesse passado para ele depois daquele dia; os cabelos enroladinhos, castanhos-claros e brilhantes, e de volta ao corpo, como se nunca tivesse feito quimioterapia. A luz que era emitida dele refletia-se nas lágrimas de Lis ao pronunciar seu nome.
— Christian...
Perto dele, por um minuto, como por milagre, ela não era mais muda, ela não tinha mais tristeza, ela não sentia mais medo, ela não tinha mais preocupação, ela não era mais fraca, ela não estava mais perdida.
— Christian, é você... — ela chora, emocionada e pasma.
— Lis... por que você está com medo? — ele diz, ainda de pé.
— Eu não sei quem é que me completa... se você ainda estivesse vivo, eu não estaria tão confusa... eu teria você e isso seria o bastante para mim... estaríamos juntos em Ottawa ou Toronto, felizes, tomando chocolate quente e assistindo a um filme de comédia ou romance, ou os dois.
"Então nos abraçaríamos e a minha primeira vez teria sido com você, na minha casa, no meu quarto, bem longe de Winnipeg e de Nathan. Meus pais iriam apoiar e seus pais também, e seríamos felizes. Sem nenhum Sean Across para nos atormentar. Poderia ter sido tudo tão diferente..."
— Então o seu desejo é nunca ter conhecido Nathan?
— Apesar de tudo, Nathan não é o culpado. A culpa é do destino, do pingente...
— Onde está?
— Eu... joguei ele em cima do caderno, quando percebi que Sean tinha a outra metade.
— Se a culpa é do pingente e você não está com ele, por que ainda está com medo?
— Porque eu não me sinto completa...
— Por quê?
— Não sei...
— É o que eu esperava.
— Eu queria nunca ter encontrado aquele pingente... -- ela cerrou os olhos.
— Queria?
Lis ergueu novamente o olhar, dessa vez bem mais firme.
-- Sim... eu queria.
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Yin & Yang | A Sintonia de Dois Opostos
Ficção AdolescenteNathan e Alisson não tinham nada a ver um com o outro. Eles sequer se conheciam. Não estava nos planos dela viajar para a cidade dele. Mas, como nesses típicos clichês de romance, a mocinha sempre encontra o mocinho. Nathan não é nenhum mocinho. P...