36 | A Fênix e a Vida

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  Ela corre apressada pela escola, procurando o pátio de plantas próximo aos dormitórios. A emoção que pulsa em seu peito é enorme, é louca, é ousada e é, principalmente, verdadeira.
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— Então ela jogou o pingente e saiu correndo... — Sean terminava de contar toda a história para Nathan, tudo o que acontecera enquanto ele não voltava.

— Mas de onde você conhece essa frase? -- pergunta ele, sentado ao lado.

— Eu já ouvi vocês dois dizendo um para o outro, uma vez, há muito tempo. Achei tão tocante e profunda que nunca consegui tirar da minha cabeça... — ele dá um leve sorriso, com um olhar distante — De onde tiraram essa frase?

— Está escrito nos nossos pingentes. Você não sabia? — Nathan vira seu Yin para o lado inferior, mostrando a frase escrita ali.

— Então ela deve ter pensado que... — agora tudo fazia para Sean.

— Sim.

  Nathan se levanta, respirando fundo, com o pingente de Lis nas mãos. Está bem próximo da beira do batente que dá no campo de flores.

— Eu vou procurar ela e tentar explicar o que aconteceu, tá? Fica tranquilo.

— Tudo bem.

— Ah... — ele suspira — Onde está você, meu pequeno Yang?

  Nathan vira seu rosto em direção ao corredor fechado pelo qual Lis saíra correndo minutos atrás. Assim que virara o corpo inteiro, algo viera correndo em disparada em sua direção, surgindo das penumbras como uma fênix que renasce brilhando das cinzas. Ela salta sobre ele, abraçando-o com suas enormes asas de fogo que estão camufladas em forma de braços humanos.

  O calor de seu corpo o aquece naquele anoitecer multicolorido e frio. Os dois corações pulsam ao mesmo ritmo e tempo, e conversam sem precisar de nenhum tipo de diálogo. E choram pela emoção de terem um ao outro, de se sentirem completos, de estarem juntos. É a Fênix lançando-se ao abraço da Vida, que a protege em seus fortes braços. Em retribuição, a Fênix dá luz à Vida e aquece-lhe o coração com seu fogo.

  Os dois, ainda abraçados, sentem-se cair sobre uma imensa cama de flores, macia e suave, e cheirosa, e terna, e encantadora. As flores os seguram da queda, e os abaixam lentamente, como se o tempo passasse mais devagar só para poder vê-los mais um pouco naquele momento de total confiança e ternura. Nenhum dos dois nunca se sentiu tão seguro nos braços do outro como naquela cena. Passam minutos ali, abraçados, juntos. Uma energia paira sobre os dois, um afeto os envolve, um sentimento os consome. Para tudo isso, eles deram um só nome: é o que costuma-se chamar de AMOR, com todos os enfeites, e destaques, e belezas, e tudo mais que for preciso para demonstrar o esplendor que expressa aquele indescritível sentimento.


— Alisson... eu te amo... — ele sussurra, olhando-a nos olhos, com o corpo dela sobre o seu.

— Nathan... — ela o encara fixamente, repleta de paixão em seu olhar — eu te amo.

  E a força do desejo de dizer "eu te amo" foi muito mais forte que a força do Universo; e pôde-se ouvir o som da voz do silêncio.

Yin & Yang | A Sintonia de Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora