09 | Gotas de Veneno

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- Sean! - Nathan o abraçou, sorridente e encharcado.

- Nathan, Lis... vocês são mesmo loucos de andarem em uma chuva dessas! - ele riu.

"Quem é o louco aqui?" - Lis pensava, ainda se abraçando, quase congelando de frio. Não ousava olhar nos olhos de Sean. Dera uma chance a ele, mas já começava a arrepender-se disso.

- O que estão servindo aí? -- indagou Nathan, olhando para dentro do refeitório.

- É uma canja, e está uma delícia! - respondeu Sean.

- Ah, eu quero! - e adentrou o refeitório.

  Lis conteve-se e entrou calmamente, seguindo Nathan. De perto, Sean acompanhava seu passo.

- Oh, Lis... você está encharcada! - ele fingiu preocupar-se -- Não quer que eu te aqueça? -- ele deslizou uma das mãos pelo braço dela.

A expressão de Lis já ia se formar e reagir como uma leoa arisca, quando Nathan a chamou para comer.

- Lis, você não gosta de canja? -- ele disse, com um prato cheio na mão e já dirigindo-se a algum lugar para sentar-se.
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Nathan e Sean conversavam alegremente, enquanto Lis bebia sua canja quietinha, apenas prestando atenção em Sean. Ela o observava com um olhar desconfiado; até que, em certo ponto, ele percebera.

- Nossa, Lis... você está me olhando desse jeito desde o começo da conversa... -- disse ele, mostrando-se injustiçado -- Por que você tem essa desconfiança toda por mim?

"Eu só acho que não vou com a sua cara", gesticulou ela, sem esconder a expressão de nojo.

-- Ela disse que é impressão sua. -- falou Nathan, com uma falsa tradução.

  Lis o olhou com indignação, depois bufando de raiva. Chegou a apertar a colher que segurava, como se fosse quebrada. Cogitou jogar nos dois o resto de sopa quente que ainda estava no prato, mas não desperdiçaria comida com aquilo.

- Ah, entendi... -- disse Sean, com um sorriso desafiador de quem sabia que não era verdade.

"Com licença." -- Lis levantou-se e foi levar o prato de sopa vazio de volta para a merendeira. Aproveitou para respirar fundo -- tinha que acalmar-se para não espancar Sean -- e verificar o tempo lá fora. Ainda chovia muito forte. Lis sentou-se novamente ao lado de Nathan, Sean frente para eles; e abraçou-se, com frio.

  Ele percebeu e sabia que podia aquecê-la, mas -- bem como ela esperava -- não faria isso na frente de Sean.

-- Aí, tá uma chuva ótima! Que tal a gente tomar um bom banho nesse dilúvio? -- propôs Sean, levantando-se animadamente.

  Lis fez uma expressão de pânico e poderia ter gritado se não fosse muda. Desesperou-se.

- Woah, bem... - Nathan ainda decidia.

"Não!", gesticulou rapidamente. Ela sabia do perigo de raios, e da chance de graves resfriados. Pôs uma das mãos no ombro de Nathan, voltando o olhar dele para si e, apenas com uma expressão facial, ela disse para que ele não fosse; abraçou seu braço, tentando mantê-lo seguro ali dentro.

- Eu acho melhor não... -- disse, motivado a "ouví-la".

  Lis sorriu sutilmente em alívio. "Ah, pelo menos pude te salvar das garras desse monstro", pensou, ainda agarrada ao seu braço e deitando a cabeça neste.

- Ah, qual é, Nathan? Do que está com medo? - desafiou Sean, sabendo como manipular o garoto.

- Não estou com medo! - ele levantou-se, sorrindo - O medroso aqui é VOCÊ!

Yin & Yang | A Sintonia de Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora