Yin & Yang | A Sintonia de Dois Opostos

05 | Lobos e Ovelhas

- Nathan! E aí, cara? A gente nem te viu ontem, o que aconteceu? - perguntava Sean, dando um tapinha "amigável" nas costas do garoto.

  "Ah, eu só estava um pouco estressado com uma amiga minha, mas já passou" - ele usava a mesma técnica de Lis de comunicação: a escrita.

  Lis estava sentada do outro lado da sala, que ainda estava um pouco vazia; observando-o de vez em quando apenas com o canto do olho, suspeitando da proximidade de Sean. Nathan, depois do apoio emocional que ela dera, já estava quase que completamente recuperado.

- Ah, eu esqueci de te dizer. Olha só - e tirou algo pequeno do bolso da calça - Isto é seu, não é? - e sorriu.

  Um sorriso se abriu no rosto do garoto, e os olhos se arregalaram no rosto de Lis. Nathan recolocava os aparelhos ansiosamente, com entusiasmo.

- Ah, tão bom poder ouvir de novo! - comemorou ele, contente.

- Fico feliz em ver meu amigo tão sorridente. É disso que eu gosto! - disse Sean, estalando os dedos.

- Mas como você conseguiu pegar eles?

- Adam disse que ouviu uns gritos na noite de ontem, lá pelos lados da parada onde você fica. Ele se escondeu atrás de um arbusto e viu dois garotos esconderem algo embaixo de um banco e saírem correndo, como se fosse dinheiro roubado de um banco. E quando ele foi conferir, sha-zam!

- Vocês dois são incríveis! - e o sino para o início da aula soou.

- Heh, tenho que ir agora. Você sabe, eu tenho aula. Enfim, até mais, amigo! - despediu-se Sean, se empurrando da carteira de Nathan.

- Valeu, e agradece ao Adam por mim! - acenou ele, enquanto Sean ia embora.

- Pode deixar! - ele fez um "ok" com a mão e piscou. Antes de sair da sala, olhou para Lis sorrindo, como se dissesse: "bom trabalho", sem que Natan notasse.

  Lis olhou para Nathan, do outro lado da sala. Balançou a cabeça em decepção.

  "Não mexa com lobos se você for uma ovelha", ela disse, em sua língua.

  "Pare de falar essas coisas! Você está ficando igual à Selly."

  "Talvez ela tenha-..", mas não adiantava mais: Nathan já havia virado-se para a frente e focado-se em outro lugar.
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  "Amizade é estar ao lado um do outro em toda e qualquer situação. Selly... Nathan está do seu lado?".

O papelzinho fora deixado sobre a mesa de Selly, preso com um pequeno pedaço de fita adesiva. Claramente, aquilo era obra de Sean. Ela sabia disso. Mas, antes de dizer para si mesma, em sussuro, que ele estava sim ao seu lado; voltou seu olhar para Nathan. Ele estava há seis ou sete carteiras atrás dela, conversando com várias pessoas ao mesmo tempo. Ela esperou ser notada. Nada. Então, tornou a olhar para o manuscrito no papel. A dúvida surgiu em sua mente. O veneno fora injetado e já estava fazendo efeito. Agora o lobo era que havia caído na armadilha do "coelho".

-- Nathan... você está do meu lado, não está? -- ela cochichava, sozinha, tremendo e com os olhos molhados.

  Selly nunca fora de fazer muitas amizades. Nathan sempre fora altamente sociável. Ele era quase seu único amigo... bem, se é que ela ainda podia chamá-lo assim. A mente já naturalmente doentia de Selly agora estava formando um turbilhão de pensamentos. Sua cabeça doía e parecia girar, enquanto a visão tornava-se desfocada. Apoiou-se na mesa para evitar um possível desmaio.

  Levou um susto e julgou a si mesma de idiota quando, tendo seu rosto isolado por seus próprios braços, viu a superfície da mesa molhar-se com algumas gotas salgadas que haviam escorrido de seus olhos.