Capítulo 20: Envergonhados

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- Nada de mais. - Tentei disfarçar a minha real preocupação, mas foi inútil.

- Você pareceu surpresa. - Artur me analisava.

- E que eu não entendo muito bem a sua religião. - respondi, tentando fugir da situação na qual havia me colocado.

- Quando chegarmos ao meu país, poderá entender melhor. - Artur me disse como se aquilo fosse ruim.

- Vamos ter que morar lá? - perguntei, orando para que a resposta fosse não.

- Sim, infelizmente. - Artur pareceu viajar em seus pensamentos.

- Como assim, infelizmente? - perguntei, preocupada.

-Existem coisas que não dá para explicar. -Artur se levantou. - Eu preciso tomar banho, posso usar o banheiro da princesa? Artur desvia o assunto.

- Claro. - respondi ainda sentada na cama.

Artur tomou um banho bem demorado, e logo em seguida fui tomar o meu e então descemos para o jardim. Todos estavam à nossa espera para o café da tarde. Imaginei que Artur já sabia disso, mas não quis perguntar.

- Que bom que o casal conseguiu sair do quarto. - Meu pai gritou em tom de alegria.

Artur ficou todo vermelho, nada diferente de mim, que podia sentir meu corpo queimando de tanta vergonha. Nós comemos com todo o cuidado, pois a cada instante um dos nobres fazia uma piada, nos fazendo engasgar de vergonha.

...

No fim da noite, eu subi antes de Artur, queria falar com Deus e não sabia se Artur me entenderia, mesmo que na sua crença ele tivesse que orar cinco vezes por dia e nos mesmos horários.

"Meu Deus, eu sei que prometi me deixar ser usada, pai, mas fala sério, um homem que não tem a mesma fé que eu?" Pai, eu nem sei direito o que ele é, mas acho que ele acredita no senhor, vai saber. Só me ajude a ser sábia com isso, pai, sem ti eu não consignarei. Me ajude e conserve em mim o teu Espírito, amém."

Uma Rainha sem CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora