3.10. O cerco e a preparação

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Joaquim José da Silva Xavier, comerciante, tiradentes e líder do grupo, começou a explicação:

- O plano é o seguinte. Há uma masmorra com prisioneiros na antiga mina abandonada, nos fundos do Mosteiro do Buraco Sagrado. Desconfio que meu irmão esteja lá. Hojevamos nos dividir em duplas. Eu e Ana López vamos adquirir provisões para a incursão na masmorra. Pedro e Padre Rolim irão investigar os arredores do mosteiro e da mina. É melhor, padre, que você use uma roupa minha, para não chamar atenção.

- Tenho outra roupa aqui. Tu realmente achas que tuas roupas não chamam atenção? Na tua primeira visita ao mosteiro, tu estavas de meias de seda, calça de babado, jaqueta de cor verde limão... – disse o Padre.

- Bom, aquelas roupas já rasgaram na fuga – murmurou Joaquim – apenas tomem cuidado então. Busquem qualquer informação que nos possa ser útil. Voltaremos a nos encontrar aqui antes do final da tarde.

Ana e Joaquim partiram primeiro. A dupla com Pedro e Rolim seguiria em outro cavalo, algum tempo depois, para não chamar atenção.

Após cavalgar por menos de dez minutos, Ana pediu que parassem. O mascate reduziu a velocidade.

- Parar aqui? No meio do mato?

- Precisamos de algumas plantas dessa área. Para fazer as tochas, e alguns truques meus também.

Eles desceram e, enquanto caminhavam, Ana perguntou:

- Por que as duplas? Não era mais seguro manter o grupo junto?

- São habilidades distintas. Pedrinho é muito observador e não vai chamar atenção. E eu ainda quero comprar umas coisas. – Joaquim puxava o cavalo de forma suave.

Chegaram a um riacho, que não era era visível da estrada de terra. Após beberem água, Ana López disse:

- Nos encontraremos novamente em uma hora. Pegue material para muitas tochas, pois não sabemos quanto tempo ficaremos nos túneis. A mina é mais profunda do que parece.

O mascate estava amarrando o animal a uma larga árvore. Ele respondeu:

- O que você vai buscar? Tem certeza que não precisa de...

Ele olhou para a moça, mas ela não estava lá. Como ela poderia ter desaparecido naquele local, onde qualquer passo gerava sons de galhos e folhas?

Sentiu um arrepio. Realmente Ana Lopéz não parecia confiável. Lembrou-se da pergunta dela: por que as duplas? Além da resposta oficial, ele pensou que queria a todo custo estar a sós com ela novamente. Saber mais sobre ela, quem sabe até sentir de novo o toque quente das mãos dela? Percebeu que não era um interesse comum, e sentiu-se envergonhado. Porém estava sozinho e tinha uma missão a cumprir.

Algum tempo depois, voltou ao local combinado. A garota demorou a voltar. Quando chegou, o Tiradentes disse alto:

- Por que demorou?

- Estava à procura de algumas ervas. Vamos seguir viagem?

- Eu peguei bambus verdes, resina, e estas folhas. Fiz uma massa que terá combustão lenta. – ele desamarrou o cavalo e enquanto voltavam à estrada de terra continou - Conseguiremos muitas tochas que durarão horas. Também preparei, com fuligem e estas flores de jurubeba, algumas bombas de fumaça que podemos usar em caso de fuga. Não entendi por que você se alongou, temos muito o que fazer hoje.

- Peguei algumas coisas que usarei nos feitiços: sálvia de pelos, gervão, tanchagem, alfazema, erva de passarinho, vassourinha, folhas de alumã... Nem tudo é fácil de encontrar.

Subiram no cavalo. O mascate disse:

- Quando chegarmos a Cuietés, que tal tomarmos de novo aquele chá na sua casa?

Tiradentes Jovem contra os VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora