Capítulo 4 - Eu posso te ligar?

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PAULA

Naquela manhã acordei com o barulho insistente do meu celular, me estiquei para atendê-lo, era mamãe. Só agora havia me tocado que não telefonei para ela e nem dei noticias de nada, ela com certeza estaria furiosa.

― Oi mamãe - eu disse com a voz grogue de sono. Levantei-me e fui caminhando pela casa.

Esqueceu que tem mãe? Conta-me como está as coisas aí. - Mamãe dizia alegre.

― Me desculpa, aconteceu muitas coisas. Aqui está ótimo. - Sorri ao lembrar-me de Stella.

Aí meus Deus, você conheceu alguém? - o quê, como ela sabe? Meu coração saltou. ― Você é minha filha, eu te conheço, tá fazendo à vozinha de apaixonada. - mamãe dizia sorrindo.

― Mãe eu...Eu nã... - eu não sabia se dizia ou não a minha mãe, não tive tempo de formular mais nada o telefone foi arrancado da minha mão, eu me assustei e virei. Só podia ser! – Eu pensei. Era Cintia.

― Oi tia, como vai? - Cintia dava voltas na sala. Como ela tinha entrado? Eu a estapearia assim que desligasse o telefone, com certeza. ― Por aqui está tudo ótimo sim, fomos a um museu maravilhoso e quando chegamos aqui fomos a um pub superlegal. – ela falava com minha mãe, como alguém podia ser assim tão invasiva?

Meu medo era que ela falasse o que pensava e acabasse deixando minha mãe confusa, nem eu sabia ao certo o que pensava da situação toda como ela poderia tirar alguma conclusão. Mas gostei por ela ter omitido sobre o cara que me importunou aquela noite. Deixei-a na sala com minha mãe ao telefone e fui preparar um café, me lembro de que disse que pararia com a cafeína, mas quem não se rende a um bom café? Não que o meu fosse ótimo, mas eu amava aquilo, não largaria tão fácil. Voltei para a sala enquanto a água fervia. E pude ouvir minha prima me delatando a minha mãe. ― Sim tia Dulce, a Paula me parece ótima, conheceu uma loira super linda na noite do pub. – Cintia era mais rápida que eu em dar notícias, e iria contar tudo para minha mãe, eu esperava que mamãe não ficasse chateada por eu não ter dito antes. Cintia continuou dando voltas pela sala enquanto voltava a falar.

― Sei que pode parecer estranho por ser uma mulher, mas estamos no século XXI tia, ela parece ser legal, se a Paula quiser seguir adiante com isso, eu apoio. – fiquei feliz com que Cintia tinha acabado de dizer, éramos muito amigas desde a infância e ter o apoio dela para qualquer coisa era muito importante para mim.

Minha prima tirou o telefone da orelha e o entregou a mim, minhas mãos tremiam, eu podia não ter tomado nenhuma decisão ainda, mas tinha receio de falar sobre isso com a minha mãe, como eu diria a ela que a filha dela estava gostando de uma garota que conhecera a pouco. No mínimo ela diria que era loucura.

― Sim, mamãe. – eu disse, senti medo da minha voz não sair.

Ouvi mamãe respirar fundo do outro lado da linha. Céus! Meu coração batia a todo vapor, Cintia estava sentada no sofá me olhava esperando uma reação minha.

Filha. Eu estou super feliz por você! –mamãe disse contente e eu fiquei sem jeito, eu não esperava.

― Como? Jura mãe? Desculpa não ter ligado antes e nem ter dito a novidade, mas... Eu só estou confusa. – eu disse soltando o ar dos pulmões.

Não precisa ficar assim, eu sou sua mãe Paula, pode me contar tudo. - mamãe dizia abertamente e pude perceber que sorria. – É normal que esteja confusa é uma coisa nova, não importa o que você decidir, se você quiser ficar com ela por mim tudo bem, vou adorar conhecê-la se as coisas ficarem sérias. – disse em tom doce e isso me aliviou.

Descobrindo-meOnde histórias criam vida. Descubra agora